quarta-feira, 20 de maio de 2009

No limite (texto)

Dar aulas numa universidade é muito agradável. Trabalha-se com adultos e isso faz com que não se perca tempo com aquelas chateações próprias de adolescentes. Certo? Errado! Estou chegando ao meu limite de paciência. Tenho alguns dois alunos que comportam-se mal, apesar de não serem mais crianças, agem como se fossem. Já tentei brigar, reclamar, fazer um cara bem feia, torcer o nariz, olhar fixamente, parar a aula, pedir educadamente que calem a boca, falar baixo, falar alto, não falar nada, falar tudo, mas nenhuma dessas estratégias surtiram o efeito desejado ... hoje trocaram bilhetinhos durante a aula ... a trinta centímetros da minha cara ... saí para beber água para não me irritar mais do que já estava ... respirei duzentas e cinquenta e sete vezes ... voltei e continuei, dentro do possível com a aula que gostaria de dar ...
Pergunto-me, todos os dias, o que é que essas criaturas estão fazendo que não saem para bater um papo longe de mim e da turma já que estão lá apenas de corpo presente?
Por que é que insistem em assistir as aulas que não os interessam?
O que é que leva uma pessoa a "estudar" se a sua vontade é a de estar em outro lugar?
Pergunto-me ainda, será que se sabe quantos ficaram de fora no processo seletivo do vestibular e que estariam loucos de vontade de estudar mas não podem?
Por que ocupar a vaga de outro se, até onde sei, ninguém está ali obrigado?

4 comentários:

  1. Ao ler seu texto fiquei pensando nos maus médicos, maus professores, engenheiros... O que será que fizeram durante suas graduações? Talvez tenham trocado bilhetes! Quando se trabalha com crianças ainda deve-se dar crédito aos ensinamentos didáticos que sempre responsabilizam o professor pelo mau ou bom andamento das aulas sem exceções. Agora quando trabalha-se com pessoas mais velhas, a grande questão é a falta de respeito para com o professor, os colegas e consigo mesmo.

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  2. Oi Alê!
    Já lecionei para todas as idades: do pré a faculdade e penso que a relação professor/aluno muda muito pouco. O que muda mesmo são os problemas enfrentados.Isto não quer dizer que o aluno pode fazer o que quiser. Existe sempre um limite para a indisciplina e quem coloca esse limite é o professor.
    Beijinhos para amigomeuzinho que hoje tá bravo com razão.

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  3. Essa questão da falta de respeito é agustiante, eu leciono para alunos do segundo grau e, todos os dias, enfrento situações de indisciplinas, desrespeito, às vezes me sinto falando com as paredes, outras um verdadeiro idiota. E quando a paciencia esgota-se eles me dizem que não gostam da escola, não veem sentido em estudar, estão ali porque são obrigados. Resumindo, na educação básica somos obrigados a buscar alternativas para que esses alunos se interessem pelas aulas, agora na universidade... é no mínimo uma grande idiotice, para não falar coisa pior, que esses alunos fazem consigo mesmo, além de atrapalhar os colegas que querem ter uma FORMAÇÃO de verdade e aborrecer o professor.
    Abraços

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  4. Querido ex (e sempre) professor: lamentável como em uma Universidade ainda existam pessoas com esse tipo de comportamento. Penso que alunos deste tipo, são os que não tem convívio familiar, onde normalmente os diálogos giram em torno de: "Aumentou denovo esse semestre?, Falta quanto tempo mesmo pra terminar isso?". Ao contrário do que muita gente (por incrível que pareça) ainda acredita, educação, começa em casa. Os filhos são reflexos dos pais. O chato é que eles vivem querendo perpetuar a espécie...
    Um abraço.

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