terça-feira, 29 de junho de 2010

No laço (texto)

Não gosto de nada feito às pressas. Sou muito esquecido para que as coisas saiam organizadas se faço dessa meneira. Por exemplo, se vou viajar, e isso é muito frequente na minha profissão, preciso calma para fazer mala, do contrário viajo, por exemplo, sem o carregador do celular e fico sem poder falar no segundo dia da viagem (é um problema!).
Já viajei sem o cartão do banco. Já viajei sem dinheiro e sem o cartão do banco.
Essa preciso contar.
Saí do Paraná em direção a SP. Na rodoviária (já em SP), descobri que estava sem um tostão no bolso e sem o cartão do banco (é claro que quando a M já é grande ainda não é suficiente, ela precisa mesmo ser enorMe), sem cartão de crédito, sem talão de cheque. Ou seja, sem a menor possibilidade de fazer qualquer coisa que precisasse de dinheiro (não me lembro muito bem, mas acho que eu tinha uma grana para um lanche, apenas).
Em SP sem um amigo (naquela época eu não tinha amigos na capital), num final de semana, sem lenço e apenas com documentos (porque aí já seria suicídio). E agora?! 
De cara, fiquei desesperado! Meu coração quase saiu pela boca. Tava ferrado! Pior, impossível!
Fiquei um tempão mesmo pensando no que eu poderia fazer para comprar a passagem. Mas não tinha o que fazer. Não dava nem para pedir ajuda a mãe porque ela não teria como me mandar o dinheiro. Pensei em pedir dinheiro as pessoas, mas eu não tinha/tenho cara para isso (na verdade, acho que a cara, como o frio,  vem conforme o cobertor). De tanto pensar, fiquei mais calmo.
Lembrei que eu tinha o número do telefone de uma pessoa (havia conversado com ele apenas uma vez no Rio e por acaso tinha o seu número de telefone na minha agenda. Detalhe, na época não existia celular).  
A 1ª questão: "Ligo ou não ligo? Como é que vou pedir dinheiro emprestado a alguém que só conversei  futilidades apenas uma vez  e não tenho a menor intimidade?"
A 2ª questão: Como inicio essa conversa?
A 3 ª questão: E se o cara não se lembrar de mim?
Na verdade eu não tinha muitas alternativas. Na verdade eu não tinha alternativa. Ou era isso ou eu iniciava uma caminhada de 429 quilômetros até o Rio de Janeiro.
Liguei. Passei todo o meu currículo. Pedi mil desculpas pelo incômodo. Me desculpei mais umas dezenas de vezes. O cara foi super-educado, super-compreensivo, super-atencioso.  Ele foi até o Terminal Rodoviário do Tietê, pagou a minha passagem, me emprestou algum dinheiro para a viagem até o Rio. Ainda teve tempo para conversar um pouco até o horário do ônibus. Nos tornamos amigos depois desse episódio.


6 comentários:

  1. nossa Alê, acho que esse seria o meu pior pesadelo...rs

    olha, eu sou o oposto, sou irritantemente organizada e outro dia depois de 6 anos, esqueci a toalha de banho da Julia que deve ser enviada toda segunda-feira e fiquei acabada...rs

    mas que aventura heim amigo? rs

    essa é para ser contada entre amigos mesmo, adorei ler.

    beijo enorme

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  2. e ha....rs ainda eu....

    que visual é esse??????? amei de paixão, ficou lindíssimo esse fundo.

    + bjs ;)

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  3. Boa viagem e que Deus te proteja sempre.
    Bjs.

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  4. Alex só uma pergunta; Vc lembrou de pagar o dinheiro emprestado pelo seu novo amigo? Um grande abraço. Robson

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  5. Uma pessoa que usa o perfil do filho para frontar as outras pessoas... que vergonha! Lesado, isso foi no início dos anos 90. Se o cara continua sendo meu amigo, só pode significar que eu assim que cheguei no Rio e pude pegar o dinheiro no banco, fiz o deposíto, né?
    Ou vc acha que ele estaria até hoje esperando o dinheiro?

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  6. Com uma correção monetária e etcs, o cara tava rico! ;P
    Uma vez, qndo fui pra sp numas férias, gastei TODA a grana que tinha levado, cheguei em cima da hora na rodoviária e há 2 dias sem tomar banho e há horas sem comer. Bom, por sorte vim sozinha no banco (sem banho e tal) e umas 12 ou 14 horas, não lembro, sem comer, isso no ônibus, fora o tempo que eu tava antes em jejum. Pelo menos eu sempre viajo com a passagem de ida e de volta, pq sei que o dinheiro vai. Sei que quando cheguei aqui, eu parecia uma mendiga morta de fome. Pelo menos tive a dignidade de tomar banho antes de comer, hehehe.

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Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...