sexta-feira, 27 de julho de 2012

Transplante de células-tronco pode ter curado dois homens com HIV (texto)


Um estudo divulgado em Washington nesta semana, durante a 19ª Conferência Internacional da Aids, afirma que dois homens com HIV não apresentaram sinais do vírus no período de oito e 17 meses, respectivamente, depois de receber transplantes de células-tronco devido a uma leucemia.
A pesquisa feita por Daniel Kuritzkes, professor de medicina do Hospital Brigham and Women, em Massachusetts, traz a possibilidade de que os dois homens estejam livres do HIV.
Os pacientes receberam transplantes de medula de doadores com receptor CCR5, mas segundo os pesquisadores, a manutenção do tratamento com antirretrovirais durante o processo impediu que as células doadas fossem infectadas e permitiu que proporcionassem aos pacientes novas defesas imunitárias.
Os dois casos são diferentes do famoso "paciente de Berlim", o americano Timothy Brown, que se considera curado do HIV e da leucemia após receber um transplante de médula óssea de um raro doador que possuía resistência natural ao HIV (sem receptor CCR5, que age como porta de entrada do vírus nas células).

Tratamento experimental
Brown, 47 anos, um ex- HIV positivo de Seattle, nos EUA, ficou famoso depois de passar por um novo tratamento de leucemia com células-tronco de um doador resistente ao HIV e desde então não apresenta traços do vírus.
Depois de 2007, Brown passou por dois transplantes de alto risco de medula óssea e seus testes continuam a indicar negativo para o HIV, impressionando os pesquisadores e oferecendo perspectivas promissoras sobre como a terapia genética pode levar à cura da doença.
"Eu sou a prova viva de que pode haver uma cura para a Aids", disse Brown em uma entrevista. "É maravilhoso estar curado do HIV". Brown parecia frágil quando se reuniu com jornalistas durante a XIX Conferência Internacional sobre a Aids, o maior encontro mundial sobre a pandemia, realizada durante esta semana na capital americana.

O transplante de medula óssea é delicado e um a cada cinco pacientes não sobrevive. Mas Brown afirma que apenas sente dores de cabeça ocasionais. Também disse estar consciente de que sua condição gerou polêmica, mas negou as afirmações de alguns cientistas que acreditam que ele pode ter traços de HIV no corpo e que pode contaminar outros. "Sim, estou curado", declarou. "Sou HIV negativo".

Prazo de vida
Brown estudava em Berlim quando descobriu ser HIV positivo, em 1995. Na época, deram-lhe dois anos de vida. Contudo, um ano depois, apareceu no mercado a terapia antirretroviral combinada, que fez com que o HIV deixasse de ser uma sentença de morte e passasse a uma doença controlável por milhões de pessoas em todo o mundo.
Brown tolerou bem as drogas, mas com fadiga persistente visitou um médico em 2006 e foi diagnosticado com leucemia. Passou por quimioterapia, o que lhe causou uma pneumonia e uma infecção que quase o matou.
A leucemia voltou em 2007 e seu médico, Gero Heutter, cogitou um transplante de medula óssea com um doador que tinha uma mutação do receptor CCR5. Pessoas sem este receptor parecem ser resistentes ao HIV, porque não têm a porta através da qual o vírus entra nas células. Mas essas pessoas são raras: cerca de 1% da população do norte da Europa.
A nova técnica pode ser uma tentativa para curar o câncer e o HIV, ao mesmo tempo.
Brown foi submetido a um transplante de medula óssea com células-tronco de um doador com a mutação CCR5. Ao mesmo tempo, parou de tomar antirretrovirais. No fim do tratamento o HIV não foi mais identificado em Brown. Mas sua leucemia retornou, e por isso foi submetido a um segundo transplante de medula em 2008, utilizando as células do mesmo doador.
Brown afirmou que sua recuperação da segunda cirurgia foi mais complicada e o deixou com alguns problemas neurológicos, mas continua curado da leucemia e do VIH. Quando perguntam se acredita em um milagre, Brown hesita. "É difícil dizer. Depende de suas crenças religiosas, se você quer acreditar que foi a ciência médica ou que se trata uma intervenção divina", disse. "Eu diria que é um pouco dos dois".

*Com informações da France Presse

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Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...