domingo, 17 de novembro de 2013

Um bom pó de café, que saudade!

Existem algumas (des)vantagens quando se decide morar fora do país por volta dos 50 anos. Meu deus, 50 anos?! Quase não me acredito assim!!!! "Quase" foi um eufemismo. Bem, voltando ao assunto que me trouxe aqui.
Vou recomeçar ... para quem não sabe, nunca havia morado fora do Brasil. Tive essa ideia quando do doutorado, mas resolvi por questões outras, que não são mais importantes agora, não fazê-lo à época.
Então, a decisão foi adiada para o pós-doc e aqui estou. Quando no começo desse texto eu escrevi "vantagens" me referi à, por exemplo, uma infra-estrutura que, em geral, não se tem quando a gente é muito jovem. E não estou aqui fazendo referência às questões financeiras. Não mesmo. É claro que ter um pouco mais de dinheiro deve facilita bastante, mas verdadeiramente, isso não é o mais importante. Refiro-me às questões, principalmente, de ordem emocional. Se é que me entendem.
Estar longe dos amigos, da nossa casa, do conforto da nossa casa (seja lá o que isso possa significar), da facilidade de falar a mesma língua (mais tarde escrevo sobre isso...porque pode parecer que estar em Portugal e falar português significa falar a mesma língua...quando não é), de ter as suas coisas, aquelas das quais vc só descobre que precisa quando está bem longe delas, da rotina que a gente bem conhece e se sente confortável (eu não reclamo dessa rotina!), daquele amigo que te dá, mesmo quando vc não precisa, colo (infelizmente, não posso escrever aqui da falta que a mãe faz, visto que ela já me faltava no Brasil) faz falta!!!!! Faz muita falta!!!
Isso é mais fácil quando se é mais velho. Pelo menos é assim que sinto. Bem, a minha experiência de morar fora do Rio aconteceu aos 28 anos e garanto que não foi nada fácil estar longe da família, dos amigos, da minha casa, mesmo aos 28 anos. Cheguei ao Paraná no final de junho e em setembro eu estava na primeira viagem, sufocado de saudades. Parecia que eu estava longe uns 30 anos.
Sinto uma enorme saudade de todas aquelas coisas elencadas acima. O contato com os amigos é mínimo: vezinquando via WhatsApp, ou via o já tradicional e velho email, e, mais frequentemente, via Facebook. Da minha casa, apenas a saudade da TV, dos CDs e dos livros, tudo ao alcance da mão. Do "conforto" da minha cama, do meu quarto, do silêncio do meu apartamento e, principalmente, de estar sozinho, como sinto falta disso ... sinto falta tb do pó de café, do café expresso de casa.
Bem, sinto falta mas sobrevivo sem essas coisas. Ou melhor, dou um jeito nessa falta.
Acho que perto dos 50 é mais fácil lidar com as distâncias. E a gente aprende que se vc não tem alguma coisa, vc se vira com uma parecida ou aprende a viver sem aquilo. Faço isso todos os dias, principalmente quando acordo e tomo um café que parece mais um chá. Café bom por aqui é o da rua, os Expressos.
A saudade a gente vai levando...vai aquecendo o coração como pode/dá. Vai implorando uma visita aqui outra ali. Eu sei que 2 meses é pouco tempo para conhecer pessoas e ter uma rotina com elas, mas sei, e isso tb se aprende com o tempo, que em breve terei alguns conhecidos mais próximos para um café, um almoço, um cinema...
Outro dia escrevo sobre as desvantagens que são grandes quando se está próximo dos 50.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...