terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O mal é o que sai da boca do homem

Já escrevi tanto sobre esse episódio que nem acho assim tão relevante postar mais alguma coisa, no entanto, vou fazê-lo apenas para registrar o fato aqui no blog.
Participei, na verdade não participei, assisti as duas últimas falas de um evento organizado por um professor do meu colegiado sobre educação e sexualidade (pelo menos era isso a proposta no formulário preenchido por ele para tramitar no Centro de Educação, Comunicação e Artes ao qual somos afetos).
O seminário foi divulgado pelo professor como um evento científico e apesar de eu saber como ele se porta diante do tema (já tivemos mais de uma conflito por conta disso), em virtude de ele ser membro da Renovação Carismática, ter um projeto de extensão sobre Missa em Italiano, e eu, por outro lado, não ter religião e ter projetos sobre sexualidade numa perspectiva libertadora, achei interessante a sua atitude: acho mesmo que a universidade deve estar aberta a todas as formas de pensamento. Se é ciência, por que não? Tem tanta teoria circulando pela universidade das quais não compactuo. Além disso, eu não sou censor e nem tenho vontade de sê-lo.
Bem, os alunos se organizaram para protestar  contra o evento porque dias antes dele acontecer, o mesmo professor enviou um whatsapp (para alguns ex-alunos, alunos e conhecidos) com um conteúdo bastante preconceituoso, conclamando a sociedade para participar do evento que, segundo, a mensagem, corria riscos de não acontecer (o medo sempre é a arma de um bom religioso: o inferno, o diabo, um inimigo comum!). 
Quem me conhece sabe que eu não ando por aí disseminando mentiras, exagerando fatos, aumentando um pontos.
Pela manhã, fui lendo relatos de alunos sobre o evento e decidi eu mesmo ver se aquilo estava acontecendo: revistas, polícia, capangas impedindo a entrada, proselitismo religioso, preconceito, deboches etc. etc. etc.
Cheguei no finalzinho de uma apresentação e o palestrante sabia mais da Judith Butler do que a própria Butler. Ele citava o livro Problemas de gênero para desconstruir, segundo ele, a própria autora.
As duas últimas palestras não foram diferentes. Os convidados estavam ali para justificar uma crença: não erma trabalhos científicos, com métodos, objetos, análises. Eram catequeses, proselitismo religioso (como disse acima).
Não é que a universidade não possa ceder o seu espaço pra isso. Pode e deve, a universidade é de todos nós! Mas um evento religioso não pode/deve ser certificado como um evento acadêmico, porque aí estamos colocando a credibilidade da universidade em xeque. Por que dessa forma colocamos tudo e qualquer coisa no mesmo patamar da ciência, daquela que tem uma teoria que te permite analisar um corpus.
Encontrar na internet aquilo que reforça um pensamento não é fazer ciência! Trazer dados que confirmem a sua posição política tb não é fazer ciência. Bem, não me inscrevi e por isso não pude fazer perguntas nem considerações. Eu o faria com muita educação e gentileza, mas não sairia do auditório assim calado diante de tudo aquilo que ouvi.
Bem, o evento está registrado e pronto.

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