domingo, 29 de março de 2009

E!-rritação (texto)

É lamentável a falta de cuidado com que o canal "E! entertainment" trata as legendas de sua programação. Estou, neste momento, assistindo ao documentário sobre as filmagens de O Tubarão de Steven Spielberg (1975) e raras são as vezes em que as frases, as palavras estão completas ou que tudo o que é dito pelos atores, produtores e diretor é transcrito.
Não há entretenimento algum em assistir ao canal dessa forma! É desrespeitoso com quem paga! É um deserviço!

A Hora do Planeta (texto)

Ainda que seja apenas simbólico, ainda que apagar as luzes por uma hora não represente qualquer economia significativa e mesmo que seja uma pequena sinalização contra o aquecimento global, À Hora do Planeta, movimento mundial que alerta sobre os efeitos da mudança climática, aderiram quase 4 mil cidades de 88 países, um número bastante representativo em se tratando de pensar a saúde da Terra. No Brasil, cartões postais tradicionais, como o Cristo Redentor, a Orla de Copacabana, o Parque do Flamengo e o Pão de Açúcar, apagaram suas luzes numa rede mundial em defesa do Planeta.
Seguindo o espírito da campanha, organizada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e com o apoio da ONU, durante uma hora construções da Europa se apagaram, assim como ocorreu nas ilhas neozelandesas de Chatham, o primeiro lugar do mundo a ficar às escuras contra a mudança climática.
Dos países que integram o G20, apenas Japão e Arábia Saudita não apoiaram a iniciativa da WWF, cujo objetivo é pressionar os líderes mundiais que participarão da conferência sobre mudança climática que acontecerá em dezembro em Copenhague (Dinamarca).
A campanha também busca incentivar a população a trocar suas lâmpadas por outras de baixo consumo e a economizar energia diminuindo seu ar condicionado ou seu aquecedor.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Na mídia, o índio quer apito (texto)

A forma como o índio é fotografado na mídia brasileira beira a imbecilidade. Pior do que essas fotografias, se é que algo pode ser pior do que as imagens veiculadas na imprensa e as suas produções de sentidos (lê-se a partir delas incivlidade, ignorância, violência, atraso etc.), são os comentários que as acompanham. Dia desses, somente para ilustrar o que quero dizer e aonde chegar, no Blog do jornalista Ancelmo Gois uma fotografia de um índio lendo um jornal foi acompanhada do seguinte comentário: "Veja o flagrante da coleguinha Raquel Novaes, repórter da Globo News, esta semana no aeroporto de Brasília. Houve um tempo que índio queria apito. Hoje quer ler jornais. Melhor assim."
O índio é tratado como retardado sem que isso provoque qualquer indignação social. Isso acontece porque, de certa forma, compartilhamos, em se tratando de imaginário coletivo, já-dito, interdiscurso, da mesma compreensão em relação aos nativos: o índio é, numa escala evolutiva, sub-raça e portanto pode ser tratado com descaso e até merece certas piadinhas. É possível mesmo que não entendam a humilhação, por toda sua ignorância e primitividade.
Até onde sei, o índio quer que a sua terra, seus direitos, valores culturais, língua, vida sejam respeitados e não estão nem um pouco interessados em espelhos ou quaisquer que sejam os badulaques para entretenimentos.
E respeito vai além da óbvia constatação de que existe o "diferente". Respeito é lutar para que os velhos sentidos construídos e reforçados durante os últimos séculos desapareçam: índio não quer apito, índio não é preguiçoso, índio não é bêbado e nem imprestável, índio não é primitivo, não é ignorante e só não põe a voz no trombone porque ele foi tirado de sua boca faz tempo. Uma pena que esses sentidos estejam tão naturalizados a ponto do próprio nativo acreditar neles.
Acho que nos* falta, mesmo, capacidade para compreender que a vida que levamos, em termos evolutivos, é quase nada já que não conseguimos perceber o mínimo: que diferença é diferença e nada além disso.
Falta ao homem (estará equipado?) "pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas a perene, insuspeitada alegria de conviver". (Drummond)

* aos quase brancos.

terça-feira, 24 de março de 2009

Velocidade Dorival Caymmi

Na Bahia tudo é tão lento que o mosquito da dengue mata 1 a cada três dias. Ôxi!Danosse!

2010 - outra vez? (texto)

Deu no Blog da Cristina Lôbo: o PMDB ainda não sabe (será?) se terá ou não candidato à presidência da república para as eleições de 2010. Ainda não sabe também se, caso não tenha candidato, penderá para o PSDB (apoiando um dos presidenciáveis Aécio Neves ou o José Serra) ou para o PT (apoiando Dilma Roussef). Vejo em todos os noticiários que o partido também não sabe o que fazer na Câmara dos Deputados e nem no Senado.
E a pergunta que não pode calar: o que sabe o PMDB? A resposta que quer ser ouvida: sabe que o bom é estar, senão no poder, bem próximo dele porque os farelos (e que farelos!!) sobram.

domingo, 22 de março de 2009

Operação Valquíria (filme)

Em julho de 1944, em nome do movimento de resistência, Stauffenberg (personagem de Tom Cruise no filme Operação Valquíria) coordenou um atentado contra Hitler, do qual faziam parte vários oficiais. O Führer saiu levemente ferido da explosão de uma bomba em seu quartel-general na Prússia Oriental. A represália veio em seguida: mais de quatro mil pessoas, simpatizantes da resistência, foram executadas nos meses seguintes.
Baseado nesse fato, o filme conta a organização e execução da Operação fracassada para matar Hitler. Foram 15 atentados contra o nazista, mas pouco se fala sobre essas resistências. Fica silenciado na história oficial, a que se sabe sem muito esforço da memória, fatos importantes sobre os alemães que eram contrários ao regime nazista.
Um bom filme, uma boa história. Vale à pena ver.

sábado, 21 de março de 2009

Quando o tamanho é documento (texto)

Dia desses ao convidar um amigo em potencial para tomar uma cerveja e me oferecer para pagá-la, já que ele havia me sinalizado estar sem grana, ouvi como resposta a seguinte frase: "Você não está me dando uma cantada não, né?" Depois do primeiro impacto dessa resposta, devolvi afirmando/perguntando se aquele comportamento não traduzia um certo, para ser educado, narcisismo da parte dele. E aí ouvi, prontamente, um outra afirmação que dizia "não acreditar numa amizade sem interesse". Não tive mais o que dizer diante desse retorno, mas fiquei, como sempre, pensando a respeito dessa conversa.
Não sei mais se a primeira frase traduz um narcismo extremo ou se ela aponta para uma inferioridade imensurável. E acho que esta primeira resposta se cola à segunda, porque, apesar de achar que a amizade também é interesse, não consigo compreender que passe primeiramente pela cabeça de alguém que ele, o interesse, tenha, necessariamente, que ser sexual. O que produz como efeito de sentido (emprestando da análise de discurso francesa) um querer dizer que "para oferecer ao outro só se tenha o próprio sexo".
Venho de uma cidade, Rio de Janeiro, onde homens podem pagar cerveja, jantar, almoço, cinema, café para uma outra pessoa (homem/mulher) sem que isso queira dizer interesse sexual apenas (ou necessariamente), mas um outro tipo de aproximação, o da companhia para um papo, uma conversa descontraída, uma noite divertida e agradável. E aí fiquei achando que em cidades menores, como em Cascavel, por exemplo, a amizade não pode se iniciar dessa maneira. Os rituais são outros, e tenho, portanto, que me aculturar.

A leveza da dança (texto)

É impressionante o que se pode fazer com um corpo tão frágil como o que temos. Nos quebramos por pouco, somos quase porcelanas, e, no entanto, o bailarino, com muita força, brinca delicadamente com o seu instrumento. Podemos muito mais do que imaginamos e imaginamos pouco em virtude do que é possível para a dança.
Parece até que o que se faz numa apresentação do corpo de baile da Escola de Balé Bolshoi, por conta de tanta técnica, leveza, concentração, ritmo, é fácil. Como se pudéssemos também subir ao palco e voarmos aos saltos ou rodopiarmos vinte e oito vezes na ponta dos pés sem uma respiração mais ofegante, sem parecer precisar de um balde de água para repor as energias, ou uma cadeira para relaxar e não ter que se levantar nunca mais depois de um mortal.
A dança, como a literatura, nos leva para lugares distantes. Somos transportados por uma brisa como pedacinhos de algodão tão impactante é cada uma das pequenas apresentações desses grandes jovens e profissionais bailarinos da companhia.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Saudades (texto)

É quase um passe de mágica. Num dia somos crianças e estamos ali protegidos pela mãe (de mãos dadas atravessando a rua, esperando que ela nos acorde para ir à escola, deitados em seu colo recebendo carinho, felizes da vida com a hora de sua chegada) e no outro estamos nos virando para sobreviver (preocupados com o final do mês, pensando na quantidade de trabalho para dar conta e nos compromissos que se acumulam para a semana seguinte).
Quando se é criança parece que todos os dias são domingo, mas não esses domingos vésperas de segundas-feiras, domingo véspera de sábado, véspera de domingo, véspera de sexta-feira. Domingo véspera de nada.
Hoje me deu uma saudade muito grande desse tempo com minha mãe. Um vontade de estar mais próximo para conversar. Temos tantos códigos que são (re)lembrados a cada encontro nosso. E como nos divertimos com isso!!! Nos encontramos menos a cada ano e nos acostumamos com essa falta. Ou pensamos que sim para que tudo seja mais fácil.
As vezes acho que os dias não têm sentido mesmo. Inventamos esse final do mês para não dar cabo desse vazio de todo esse tempo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Quente ou frio. Morno? Nunca! (texto)

Existem pessoas que ou são amadas, adoradas, queridinhas ou odiadas ao extremo. Eles produzem no outro nunca a indifereça, nunca o morno, o mais ou menos, mas esses extremos que (i)mobilizam os sentimentos.
A morte de Clodovil me fez pensar hoje sobre isso. Ele despertou amores e ódios por onde passou: nas emissoras de TV's, nos jornais e revistas, na moda (vale lembrar a rivalidade mostrada entre ele e Dener) e, ultimamente, entre os deputados em Brasília: por conta, principalmente, do que acreditava.
Numa entrevista à revista Época, em junho de 2007, ele disse que em sua lápide escreveria: "É preferível afrontar o mundo e servir nossa consciência a afrontar nossa consciência para ser agradável ao mundo." O que ilustra bem como ele se comportava diante de algumas questões.
É claro que não sei se o seu comportamento era uma construção ficcional, se Clodovil era um personagem criado justamente para produzir polêmica. É possível que não fosse, não acho razoável manter por tanto tempo um personagem sem que hora ou outra se tropece nessa contrução e se revele.
Gostaria de lembrar aqui a sua coragem de se expor como homossexual na TV brasileira nos anos 80 não apenas como estilista (porque no campo da moda há uma certa condescendência com a diversidade sexual), mas como apresentador de programas em horários nobres, em um país machista e homofóbico.
Essa exposição, é claro, não condizia, por exemplo, com o que alguns esperavam dele. O Movimento de defesa dos direitos dos homossexuais lhe entregou diversos prêmios debochados por conta de suas declarações ultrarreligiosas e na contramão do movimento. Impossível agradar a gregos e colombianos e o deputado seguia direitinho o manual prescrito do "sou sim, mas sou católico, sou da Globo, sou a madrinha que seus filhos merecem."
Amado ou odiado, mas nunca indiferente. Vai fazer falta no cenário nacional, principalmente na política porque, nesse campo, sempre é preferível não se mostrar como se é.

sábado, 14 de março de 2009

Cinema em Cascavel (texto)

Ir ao cinema em Cascavel é, muitas das vezes, um ato de heroismo. Além da escassez de bons filmes, passamos por provações que eu pensava estar, em 2009, a salvo. Normalmente não se tem grandes dificuldades para encontrar o ingresso do filme a ser visto, além disso, professores pagam meia entrada. Oba! No entanto, somos obrigados a ouvir adolescentes que acham que estão na sala de suas casas e podem, por isso, conversar, comentar o filme, fazer diversos barulhos porque não entendem que ALI, no CINEMA, não é a casa-da-sogra e que, portanto, não se deve incomodar os demais expectadores.
Hoje, além desses adolescentes mal-educados (como é ruim ter que conviver com pessoas que não conseguem compreender o mínimo necessário para estar num ambiente com outras pessoas!) um senhor atendeu diversas vezes o seu celular (ele, pelo menos não tocava). E pensa que foi tudo?! Não! Sempre pode ser pior e foi. Um pai (que dormia) e o seu filho que não parava sossegado na cadeira porque, pelo visto, nem sabia que passava um filme na grande tela.
Sei que a paciência não é mesmo uma das minhas maiores virtudes, mas tudo tem um limite. E sempre acho que a educação é o que delimita.

Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...