sábado, 31 de outubro de 2009

Gostava tanto de você (música)

Nem sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti

E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Eu corro fujo desta sombra
Em sonhos vejo este passado
E na parede do meu quarto
ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
o pensamento em você...

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

(Edison Trindade)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Leona, a assassina vingativa (humor)

Sucesso no youtube (clique para ver o capítulo 2): Leona, a assassina vingativa! Ela não tem tamanho para usar salto alto, mas já faz parte da galeria de vilãs mais terríveis que as telinhas e telonas já viram e ouviram falar.
Leona não economiza esforços para conseguir o que quer: corrompe a delegada Dafne, humilha e agride a Aleijada Hipócrita, vai de táxi para Paris, recebe ajuda do além ... em 3 capítulos, em LOCAÇÕES de extremo luxo que contam a saga de LEONA, A ASSASSINA VINGATIVA!

Microvestido no dedal (texto)

Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequinininho
Mau cabia na Ana Maria
Biquíni de bolinha amarelinha tão pequinininho
Que na palma da mão se escondia
Ana Maria olhou-se no espelho
E viu-se quase despida afinal
Ficou com o rosto todinho vermelho
E escondeu o maió no dedal

(versão de Hervé Cordovil)

A música acima, sucesso em 1965, conta a história de uma menina, Ana Maria, que experimentou um biquíni muito pequeno e se sentiu tão envergonhada que não teve coragem de sair da cabini. A mocinha ficou com medo que a rapaziada olhasse tudo, tin-tin-por -tin-tin. A história acabou mais ou menos por aí. Outros tempos, outra rapaziada.
Nesta semana, dia 22, uma aluna de uma universidade de São Paulo, UNIBAN, foi hostilizada por colegas porque usava um microvestido. Isso passaria batido por mim (não me interessa mesmo o tamanho do vestido de ninguém) não fosse eu entrar no youtube e ver cenas gravadas por celular da tal menina saindo da universidade (clique para ver) escoltada por policiais, sob gritos de "puta!".
Vi uma vez, vi duas vezes e constatei que os gritos eram mesmo "puta!".
Aí fiquei pensando: que rapaziada é essa?! Que garotada é essa que transforma em horror algo tão banal: um vestido extremamente curto é motivo de hostilização? Eram os hormônios ou a falta deles? Já pensou... de agora em diante, mocinhas, antes de saírem de casa estejam cientes de que a rapaziada mudou, muito. E que o comprimento do seu vestido pode elevar os ânimos.

Casa de ponta-cabeça (texto)

Em geral, sou bem organizado. Normalmente, sou muito organizado. A verdade é que sou exageradamente organizado. Mas desde que cheguei do Rio não encontro nada nesta casa. Não sei aonde andam os trabalhos dos alunos, meus livros, algumas provas. O quarto está na sala e a sala na cozinha. Preciso sair daqui e voltar com uma equipe para por ondem na casa.
Já recorri a São Longuinho para encontrar algumas urgências e ele, como sempre, me atendeu, mas eu não tinha onde dar os tais pulos, porque os espaços foram reduzidos.
Socorro!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Clube da esquina II (letra)

Fiquei o dia inteiro, ainda estou, com esta música na cabeça.

Clube da Esquina II

Porque se chamava moço Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço....

Porque se chamava homem Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases
lacrimogênios
Ficam calmos, calmos, calmos

E lá se vai mais um dia

E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...

E lá se vai mais um dia

E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente,
gente, gente...

(Milton Nascimento- Lô Borges- M.Borges)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Câncer de mama, passeata gay e outras considerações (texto)

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse (querendo ser engraçado, é claro.) no programa "Escola de Governo", veiculado pela TV Educativa do Paraná, que o câncer de mama em homens deve ser "consequência de passeatas gay".
Requião deu a declaração ao convidar para falar o secretário da Saúde do estado, Gilberto Martin, que anunciaria ações para o controle de câncer. "A ação do governo não é só em defesa do interesse público, é [em defesa] da saúde da mulher também. Embora hoje câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser consequência dessas passeatas gay", disse Requião, ao convidar o secretário ao palco. O secretário afirmou que o câncer de mama não é um problema só da mulher. "Em menor incidência, em menor número de casos, também atinge o homem. O homem também tem que tomar cuidados em relação ao câncer de mama. Então, bem lembrado pelo governador essa preocupação", afirmou Martin.
Fazer tal afirmação pode produzir, como efeito de sentido, que passeatas gays não apenas transformam homens em mulheres, já que no imaginário do governador e tb no que diz respeito ao senso comum, mas que o câncer de mama é uma doença exclusivamente feminina (desinformando ou reforçando um esteriótipo), além disso, que passeatas gays produzem doenças sérias, como, por exemplo, o Câncer de mama. Ou ainda que participar desse tipo de manifestação (as passeatas gays) é uma doença.
O que o Governador ainda não sabe, mas não me causa nenhum estranhamento dado comentário feito por ele, é que passeatas (sejam elas quais forem) curam doenças, elevam os espíritos, porque promovem igualdades, promovem fraternidade e menos discriminação.


Cantiga de enganar - por Carlos Drummond de Andrade (poesia)

Cantiga de enganar

O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas me tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir,
de quê? de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e se sobe
algum som deste declive,
não é grito de pastor
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna de correntes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.

(...)

Não é nem isto, nem nada.
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros
e dos encontros fortuitos,
dos malencontros e das
miragens que se condensam
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
de sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
— mas a conta não existe —
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
façamos mundos: ideias.
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
— mas a força não existe —
e na mais pura mentira
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois haverá maior falso
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos,
ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva
levar na palma do tempo
— mas o tempo não existe,
sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mensagem de uma amiga (texto)

Prezado Alexandre,

Fiquei sabendo de sua grande perda. Nessa hora, como diz o Drummond:

"O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
(...) Façamos, meu bem, de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós".

Alexandre: as mães não morrem. Elas ficam por aí, piscando o olho pra gente - "cuidado, menino"; "ponha o casaco"; "vai mais um café, meu filho?", iluminando de memória o que a vida nos reserva. De memória e de ternura, pode crer.

Um abraço, com carinho, Bea.

(Publiquei sem pedir autorização...)

domingo, 25 de outubro de 2009

Aos meus amigos (texto)

Sei que não é fácil dizer quando não existem palavras que, aparentemente, possam fazer algum sentido para alguém que perde alguém que ame muito. Não é fácil mesmo traduzir os sentimentos (talvez isso seja possível apenas nas poesias).
É claro tb que nada que se diz pode fazer o tempo voltar atrás e nos dar outra oportunidade para novas escolhas. Ah, se eu pudesse voltar uns dias... Isso é impossível!
No entanto, dizer, ainda que não produza a viagem de volta ao passado, afaga o nosso coração. Nos sinaliza que não estamos tão sozinhos e que podemos contar com o outro.
Sei que tenho muitos amigos. Nunca tive dúvida disso. Mesmo. E nessa semana eu pude perceber o quanto as pessoas se importam de verdade com o que aconteceu, com o que está acontecendo.
Eu quero agradecer as mensagens postadas aqui, as deixadas no orkut, as enviadas para o meu e-mail pessoal, para o meu celular, os telefonemas, as preces. E dizer tb que elas me confortam muito.
Foram tantos os abraços, beijos, carinhos na careca, sorrisos, mãos dadas como sinais de amizade.
Meus queridos todos. Obrigado muito pela força nesses dias.

Voltando para casa (texto)

Vim ao Rio não para me despedir da minha mãe, mas para ficar com ela. Mas ela morreu antes de eu chegar. Assim é a vida, enquanto vc pensa em outras coisas, ela acontece. Complicado essa situação e ainda não consigo estimar o que pode acontecer nos próximos dias. Sei apenas que estou voltando para a minha casa e sei também que ando com muito medo de estar sozinho. Preciso voltar porque tudo continua continua apesar de.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Polícia Bandida (texto)

Toda generalização é burra (talvez esta aqui tb seja)! No entanto, tenho acompanhado nesse ano de 2009, só para ser mais preciso, denúncias e provas contra policiais militares/civis em relação ao envolvimento deles com o crime organizado (traficantes de drogas, milícias etc.) e à violência contra a população (seja através dos crimes cometidos pelos próprios policiais, seja através de omissão de socorro).
O caso da Advogada Patrícia, por exemplo, não é um episódio isolado envolvendo PM's. Ou ainda a violência contra os moradores de comunidades carentes de norte a sul do país. O que tem acontecido é que as denúncias ficam sempre no embate entre o que diz a PM e a população.
Dessa vez, com o caso do coordenador do grupo AfroReggae, Evandro João da Silva, 42 anos, câmeras de segurança filmaram todo o desserviço desses 'policiais'. Contra essas imagens nada pode ser negado: não são mais os moradores favelados 'protegendo' bandidos nos morros, são provas definitivas de que alguns policiais estão, protegidos por suas fardas e patentes, agindo como bandidos.
Dizer que, especificamente nesse caso, os policias tiveram um desvio de conduta é, no mínimo, desrespeito com a população. A falta de providência das autoridades seria, sem dúvida, a desmoralização dessa Instituição. Ou aproveita-se essa oportunidade para reorganizar a coorporação ou não se tem mais jeito.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

1942-2009 Helô (texto)

Escrever sobre a minha mãe não é uma tarefa difícil: estivemos juntos por 44 anos anos, fosse na mesma casa, ou via telefone, cartas, pensamentos ... tudo isso me dá autoridade suficiente para dizer sobre ela. Mas não o farei agora. Terei outras oportunidades para lembrar como foram todos esses tempos. Agora, retomo, um pouco, a forma como uma amiga descreveu a minha mãe numa oração que ela propôs um pouco antes do seu sepultamento. Foi mais ou menos assim. Heloísa através de Teresa: "D. Heloísa foi uma mulher além do tempo dela, além no sentido de iluminação, de grandeza de alma que se traduzia em compreensão, tranquilidade, espera, sabedoria e bom humor. Ela está ou estará logo em um lugar para essas almas que transformaram a luta da vida em dedicação ao trabalho, à família, ao companheiro de mais de 30 anos, à dignidade, à honestidade, ao trato delicado para lidar com o outro. Aprendi muito com ela e continuei aprendendo mesmo nesses últimos meses tão sofridos. Ele se manteve serena apesar de tudo."
Sou um cara de sorte por ter vindo ao mundo através de uma mulher dessa categoria. Tomara eu tenha apreendido alguma dessas virtudes.
Agradeço a todos que deixaram aqui suas mensagens ou que via e-mail me desejaram força, paz, tranquilidade para enfrentar essa novidade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mãe


Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
(Carlos Drummond de Andrade)

Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...