sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Blogagem coletiva: inveja (texto)

Não sou muito fã de blogagens coletivas, porque escrever sobre determinados assuntos não é muito simples, mesmo quando a proposta do blog (no meu caso) seja a de texto curto.
No entanto, ao abrir o Blog da Cris (O canto de contar contos) e ler o seu texto sobre "a inveja", pensei na possibilidade, não de escrever sobre o tema (nao tenho o que dizer sobre ele), mas de uma rápida observada nas imagens que nos são oferecidas no site de busca Google quando digitamos INVEJA. 
Impressionante como o senso comum brota nessas imagens. Quase 95% deles são de mulheres. Elas têm uma relação histórica construída em torno da inveja, como se fosse próprio do gênero feminino esse sentimento.
Das imagens masculinas encontradas (quando o foco é o homem) quase sempre a inveja tem relação com a mulher que um outro homem tem. Mas encontrei tb uma que me chamou atenção, a  inveja do pênis grande. Bastante comum em se tratando do senso comum sobre o gênero masculino.
O interessante disso é perceber o quanto somos por todos os lados "induzidos" a pensar o mesmo e não refletir muito sobre o que nos é naturalizado.
Selecionei a imagem de um homem obeso, aparentemente infeliz (no ocidente,  não se pode ser feliz sendo gordo por mil motivos: desde a questão estética até a questão de saúde) por não está na mesma situação do seu companheiro de fotografia. Vale à pena pensar sobre isso.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Escrevo porque me é necessário (texto)

 Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
 
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
(Cecília Meireles)

Eu escrevo para me esvaziar, as linhas se vão preenchendo, aos poucos, enquanto meu peito, meu pulso, minha cabeça adormecem. Escrevo porque é necessário, através da escrita penso, me penso, me refaço. 
Não sou poeta, não sou alegre, nem sou triste, como descreve a poesia, estou no mundo aprendendo. Carrego comigo este sentimento.
Ando com medo dos dias que chegam, mas entendo que não há controle nenhum sobre eles. Sei apenas o que sei. Hoje é quinta e tenho hoje, apenas. Mais nada. Trago comigo a esperança de dias melhores, mas sei que esses dias já me chegaram.
O passado não é meu, não me pertence. Eu o reconto, mas sem a certeza de que assim ele foi. Me orgulho dos meus amigos e carrego comigo muita saudade (não é melancolia). É daqui pra frente. Às vezes não compreendo muito bem o que faço por aqui, descubro mil motivos, mas nenhum me convence.
Trago comigo uma insatisfação do mundo. Sabe-se lá aonde a encontrei. Uma angústia, uma inquietação, uma insônia. Gostaria de me compreender melhor. E quem não gostaria? Mas tenho limites.
Hoje, não sei bem porquê, estou tranquilo. E essa música que não para de tocar...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Resposta ao tempo (Aldir Blanc/Cristovão Bastos)

É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

terça-feira, 10 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Se eu pudesse atravessa essa tarde. Sem pena de perder o dia. Tô perdido e nada me faria sorrir.
Tem horas que apenas o colo da mãe, ou, nessa impossibilidade, uma ligação para reclamar um pouco dessa busca sem sentido. Mas nem isso dá pra fazer e preciso, sozinho, me virar.
Me viro para os lados possíveis e não vejo nenhuma porta para entrar, me esconder e ficar ali bem quietinho sem nada e nem ninguém.
Como consolo, escuto Stacey Kent, só mesmo música para aliviar um velho coração.

Nuvem Negra (Música - Djavan)

Não adianta me ver sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilhada
Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou
À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei

Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tu ...do
Passa nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém
Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
nao sabe parar de crescer
e doer

Pensamento

Log in, logo existo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A invenção da hetero sexualidade (livro)

É mesmo complicado desnaturalizar quaisquer que sejam as formações hegemônicas. Homem não chora. Homem não leva desaforo pra casa. Homem não discute a relação e por aí vai.
Crescemos ouvindo todas essas verdades (e quase sempre tem uma mulher reproduzindo-as). Ser um homem com H maiúsculo, nesses termos, é aprendizagem.
Lembro-me no ensino fundamental e nos dois primeiros anos do ensino médio (na época primário e ginásio e segundo grau ou científico, respectivamente) como era complicado compreender certos comportamentos dos colegas de turma. 
Eu, por exemplo, era péssimo jogador de futebol e encontrei durante todos aqueles anos de escola professores de educação física que me obrigavam a jogar bola. Mas jogar como se eu além de não gostar, não entendia uma regra sequer? O que acontecia era que ou eu jogava assim mesmo (e fiz isso durante muitos anos)  ou para compensar (sabe-se lá o quê) devia correr em volta do campo enquanto os colegas se divertiam (com o futebol e comigo).
Hoje é bem mais fácil, e tranquilo, entender o porquê dequeles comportamentos. Ninguém nasce detestando o outro, mas se aprende. É mesmo muito complicado entender o que nos é diferente.
Tem um livro muito especial chamado "A invenção da hetero sexualidade" de Jonathan Ned Katz (Rio de Janeiro, Edioro, 1996). Foi um livro importante na minha vida. Reli diversas vezes para compreender a história da sexualidade e o processo de naturalização do que se diz normal em detrimento do que se vende como anormal, doente, fora do comum, bizarro, estranho, esquisito e por aí vai.
Aprendi, entre outras coisas, nesse livro que "as categorias sexuais que são tão óbvias para nós, as que dividem a humanidade em heterossexuais e homossexuais, não parecem ter sido conhecidas pelos antigos gregos". O livro nos previne de que precisamos evitar projetar as nossas categorias atuais sobre as sociedades passadas, que organizavam as pessoas e a sexualidade seguindo linhas muito diferentes. 
Por exemplo, o termo homossexual só foi inventado em 1869 (o ano tem sido recuado para 68). O primeiro uso de heterossexual incluído no Oxford English Dictionary Supplement data de 1901. O mais recente Oxford English Dictionary Supplement volta o ano para 1892, mas este também tem sido estabelecido como sendo 1868). Ou seja, esses termos, aparentemente, passaram a ser  de uso comum apenas no primeiro quarto do século XX; antes disso, se as palavras representavam conceitos, as pessoas não concebiam um universo social polarizado em héteros e homos. Interessante, né?
Outro dado importante encontrado neste livro, foi a explicação, histórica, de que Heterossexual não era equiparado aqui a sexo normal, mas a perversão - uma tradição que se manteve na cultura da classe média até a década de 1920.
E por aí vai.
O livro é importante por diversos motivos, sobretudo porque nos mostra que o hegemônico é construção.
Ah, no início do texto eu escrevi que até o segundo ano do segundo grau eu penei na mão de professores de Educação Física, mas no terceiro ano do segundo grau encontrei um que mudou a minha vida no colégio. Ele foi um cara especial na minha formação, ainda que não se desse (acho) conta disso.
As aulas de educação física não se restringiam ao jogo de futebol (eu podia escolher tb o voleibol, o basquete, outros esportes). E não pensem que eu não gostava de esporte: nadei durante muitos anos e o skate era companheiro de muitas horas. Além disso, quando me faltava um companheiro de dupla (quase sempre faltava) ele fazia os exercícios comigo. Não precisava mais nada.

Um pouco de poesia para aquecer o coração


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O frio conforme o cobertor (texto)

Faz frio. O sujeito é inexistente, porque é fenômeno da natureza, mas estamos passando por um aperto daqueles. Hoje não se via um palmo a frente do nariz, e olha que o meu nariz não chegar perto do do Luciano Hulk.
Um dia chato. Chuva. Muito frio. E tem gente que gosta. Aqui onde moro é frio pra burro e a casa nem de longe é praparada pra ele. No Rio tenho água quente no banheiro e na cozinha (e a temperatura por lá não chega aos 17 graus). Aqui nem o chuveiro esquenta como devia. Quem pode com isso?
Preciso acordar cedo e falta coragem para sair da cama.
Hoje estou com o lençol térmico e o aparelho de ar quente fuincionando, mas nem assim me animo.

Museu da pessoa (texto)

Faz tempo encontrei, por intermédio da Lucília,  uma grande amiga (que não é blogueira), um blog especial chamado Museu da Pessoa: que é um museu virtual de histórias de vida aberto à participação gratuita de toda pessoa que queira compartilhar sua história. 
É muito interessante pra quem gosta de gente, pra quem gosta de ler histórias pessoais contadas por pessoas de verdade. Tem de tudo: tem um espaço para textos, outro para fotografias, documentosdesenhos, áudios, vídeos. Além de registrar história todo mundo pode consultar o acervo. É ou não uma ideia incrível!?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mesa do trabalho (texto)

Incrível como de repente todos os trabalhos chegam ao mesmo tempo sobre a minha mesa. Tava lendo o texto da Cris sobre o fechamento do mês e a sua mesa tão cheia de coisas que ela mal conseguia encontrar o que queria.
Hoje, num minuto e meio, todos os papeis chegaram, todos os CD´s chegaram, todos os pen drives chegaram, todos os telefones tocaram e todos os alunos me procuraram e eu ali enrolado, sem saber por onde começar e muito menos se eu daria conta de tudo aquilo.
Quando me encontro nesta situação a vontade maior é a de largar tudo e dar uma volta na quadra, é assim que eu faço quando estou corrigindo as provas e elas não estão boas. Nunca surte o efeito esperado, porque o que gostaria era de que, depois da volta, tudo fosse resolvido.
Saí mais cedo do trabalho porque a cabeça ficou tão quente que eu não via nenhuma possibilidade de dar conta do que havia para fazer. Amanhã começo mais cedo e espero, mesmo, que, com calma, eu coloque tudo no seu lugar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ti-Ti-Ti (texto)

Eu vejo novelas. Na verdade não vejo sempre, mas vezinquando acompanho alguma, sobretudo se ela for divertida. Assisti Caras & Bocas, penúltima novela das 19h (Rede Globo), que era divertidíssima, além (e por isso) de um elenco de primeira.
Agora estou acompanhando, sempre que posso, Ti-Ti-Ti.  A novela é demais! Hoje o capítulo foi muito bacana. Cláudia Raia (não sei ainda o nome da sua personagem) deu um show de comédia! Foi, depois de destruir a casa do seu ex-marido, parar no xilindró e com as companheiras de cela fez a festa. Deu uma aula de alta-costura para as presas e apresentou o mundinho fashion. Ri muito. Indico para quem quer se divertir.
A novela foi veicula pela primeira vez em 1985 e foi escrita por Cassiano Gabus Mendes. Esta versão é escrita por Maria Adelaide Amaral e engloba tramas de Plumas e Paetês (1980) e Elas por Elas (1982), novelas também escritas por Cassiano.
O elenco é praticamente o mesmo de Caras & Bocas, ou seja, muito bom. Uma pena que Suzana Pires não esteja nesse grupo. De toda forma, vale à pena ver de novo.

Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...