sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Chegamos ao último dia do ano. E como tradição, não aqui neste blogue, mas em uma memória afetiva, escrevo algumas linhas sobre o ano que passou, que está de passagem.
2010 foi um ano de recomeço, não apenas pra mim, mas, principalmente e sobretudo para uma grande amiga, a Tânia, do Impressões de Leitura. E para ela dedico esta retrospectiva.
A Tânia me ensinou muito durante este ano. E pelo jeito ainda vai me ensinar mais. Estou sempre atento aos seus textos e comentários.
Foi um ano de ausências tb. Uma grande amiga, Fátima, do Viver É Afinar os Instrumentos, que sempre estava por aqui, pouco apareceu (nesse último semestre), sei que tem lá seus motivos, mas não posso/devo deixar de dizer a ela que escrevi muito (sobretudo quando o tema era sobre relacionamento) pensando nela. Saudades e o desejo de um ano novo cheio de realizações.
Foram muitas passagens. Eu estava quase terminando (já estava em fevereiro) o link de todos que passaram por aqui com os nomes e os respectivos blogues quando sei-lá-o-que-aconteceu perdi tudo. Aí seria impossível recomeçar. De qualquer forma, fiquei surpreso com a quantidade de comentário.
Atualmente são 181 seguidores, um número enorme para quem escreve sem nenhuma pretensão. Até o momento foram 22403 entradas vindas de 87 países.
Os assuntos foram variados, mas como me prometi, coloquei poesia no blogue.
Desejo a todos (que pena ter perdido o link) um ano novo cheio de saúde, realizações, amor, paz, amizade, tranquilidade. O que mais interessa?
Que estejamos mais próximos nos próximos anos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Aonde vivem os mortos? (texto)

Sonhei com a minha mãe. Sonho estranho. Eu estava em algum lugar (onde os mortos estão) a sua procura. Eu sabia que ela havia morrido (em todos os outros sonhos ela sempre estava viva) e queria saber se ela estava bem. Encontrei pessoas que me conheciam mas que eu não fazia ideia de quem eram. Uma filha francesa. E outros que chagaram para conversar comigo.
Era uma casa esquisita (meio destruída), num grande terreno irregular. Um lugar antigo, uma espécie de sítio com árvores, mato...
Um homem perguntou a uma mulher se eu poderia (estaria preparado para) encontrar a minha mãe. E além disso, me disse que eu deveria passar por uma espécie de treinamento. A tal mulher lhe respondeu que eu já havia passado pelo treinamento diversas vezes. Não o fiz. Algumas pessoas estavam nesse treinamento, um tipo de oração em grupo.
Encontrei muitas pessoas que podiam ser a minha mãe, homens e mulheres parecidos fisicamente com ela, mas ninguém se apresentou como se fosse ela. Essas pessoas estavam ao redor de uma grande mesa quadrada em silêncio.
Eu tb não disse nada. Fiquei ali parado olhando, tentando sozinho descobrir quem dentre aquelas pessoas poderia ser ela. Apertei a mão de alguns, senti a pele de outros. Eram peles envelhecidas, enrugadas. Não soube se ela estava bem porque não consegui descobrir quem ela era. E ninguém se pronunciou. Mas não acordei assustado.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Da Série Contos Mínimos

Encontraram-se para um almoço depois de muitos anos sem se ver. Mantiveram o frescor da amizade. Colocaram-se em dia como se nunca tivessem estado longe.
Até a despedida sentiram-se como um pra sempre.
A vida, que separa, tb une.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo (poesia - Drummond)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 26 de dezembro de 2010

2 anos no ar (texto)

No dia 24, véspera de Natal, o Do Avesso completou dois anos no ar. Fico bastante feliz por ter esse espaço para poder escrever, trocar informações com outros blogues, conhecer possoas, aprender sobre o mundo, me expressar.
Através dele conheci pessoas incríveis. Posso dizer que fiz amigos.
Aproveito para agradecer a presença, porque sem leitor não vale muito estar por aqui. Obrigado pelos comentários, pelas discordâncias, pelos acréscimos, por tanta contribuição.
Ah, como estou de férias (merecidas), não vou bater ponto, não pelo menos com a mesma frequência.
O bolo é simples, mas o pedaço é de coração.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Superar-se (texto)

Histórias de superação sempre são emocionantes (pelo menos, pra mim), ontem, por exemplo, na academia, encontrei uma jovem senhora que após uma cirurgia na coluna  (essas quase nunca são simples) e depois em sua recuperação constatar que continuava com os movimentos nas pernas, resolveu investir numa vida mais saudável do que a que levava antes (quando nem pensava na cirurgia).
Aprendeu a correr. Mas não essas corridinhas que a gente dá até o supermercado, à farmácia, ao shopping para um presente de última hora. Aprendeu a correr grandes distâncias (meias e maratonas inteiras).
Numa conversa rápida com ela, já que cada um de nós não estava ali para conversar (ainda que eu fale sempre mais do que devia), percebi na sua fala o quanto essa valorização do natural  foi importante (ter as duas pernas, poder ouvir, enxergar etc. etc. etc.) nessa sua nova fase da vida.
Ela me contou que começou a viver intensamente depois de achar que poderia passar o resto da vida numa cama ou sabe-se lá aonde.
Sempre ouvi dizer que aprendemos pelo amor  e sobretudo pela dor e que não há outra forma de aprendizado. Não sei se é verdade para todos nós, em geral as generalizações são burras. Sei apenas que para muitos essas experiências extremas podem nos mudar bastante.
Tb não sei se a mudança sempre é positiva. Acredito que sim.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MEC prepara kit anti-homofobia e provoca reação (Ana Cláudia Barros)

Ele nasceu a partir da constatação de que as escolas brasileiras são, em geral, ambientes hostis para adolescentes homossexuais. Foi desenvolvido com a proposta de ajudar a contornar o problema, e recebeu o sugestivo nome de Kit contra a homofobia. A previsão é que sua distribuição ocorra inicialmente em 6 mil escolas públicas a partir do ano que vem. Mesmo sem ter sido lançado pelo Ministério da Educação (MEC), o material didático, contendo cartilha, cartazes, folders e cinco vídeos educativos, já provoca discussões inflamadas.
Terreno democrático por excelência, a internet se transformou em púlpito para os que apoiam e para os que repudiam o kit, que ganhou a pecha de "Kit Gay". O debate está mobilizando redes sociais, blogosfera e até virou tema de abaixo-assinados virtuais - contrários e favoráveis ao material. Catalisou a polêmica a declaração do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) - o mesmo que sugeriu "couro" para corrigir filho "meio gayzinho" -, que, em sessão realizada no Plenário da Câmara, atacou a iniciativa. O parlamentar também fez um apelo aos colegas de Casa para que impedissem a circulação do kit.
O pronunciamento dele se espalhou pela rede e tem embasado o discurso dos que consideram o material "perigoso" por incentivar a homossexualidade entre os estudantes. O que fez Bolsonaro vociferar foram justamente os vídeos educativos, exibidos preliminarmente em seminário na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Um deles conta a história do personagem José Ricardo, um adolescente que gostaria de ser reconhecido como Bianca. "O vídeo fala de um travesti, um homem com identidade feminina, mostrando, inclusive, o sofrimento dele em viver em um lugar onde meninos jogam futebol e, quem não joga, é chamado de mulherzinha", explica Rosilea Wille, coordenadora Geral de Direitos Humanos do MEC, vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), responsável pelo projeto.
Na opinião dela, a forma negativa como o Kit contra a homofobia está sendo recebido é resultado do desconhecimento em relação ao conteúdo do material e dos rumores, amplamente propagados na web.
- Foi colocado que vamos passar informação sobre diversidade sexual e identidade de gênero para crianças de sete anos. Isso nunca foi a decisão do Ministério. O projeto está sendo pensado para o Ensino Médio. Não é um projeto que vai cair de paraquedas nas escolas. Vai ser vinculado à formação dos professores. Há todo um anteparo, uma sustentação pedagógica.
Presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) e um dos idealizadores do kit, Toni Reis, também rechaça as acusações de que os vídeos seriam um estímulo à homossexualidade.
- O que está sendo dito é totalmente distorcido. Não queremos incentivar a homossexualidade. Ela não precisa de incentivo algum. Queremos incentivar o respeito à cidadania, à não violência, à dignidade humana. Quem está falando isso são pessoas homofóbicas, fundamentalistas religiosos. Estes são os grandes incentivadores da violência e do desrespeito - afirma.
Ela ainda explica o caráter do projeto:
- Os vídeos são extremamente didáticos. Explicam a questão do travesti, do bissexual, da lésbica. São muito bacanas porque vão ajudar o adolescente a entender a situação. Muitas vezes, o preconceito vem da desinformação. Estamos super tranquilos com esse trabalho. Ele não vai ser censurado por pessoas homofóbicas.
A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Clara Goldman, que teve acesso ao material, também desconstrói a alegação de que o kit exerceria influência na orientação sexual dos adolescentes.
- O argumento esconde um princípio de que essa sexualidade é ruim e tem que ser combatida, evitada. Essa é a base do pensamento homofóbico. O kit não orienta, não estimula, mas problematiza. Coloca no seu devido lugar a discussão que deve ser feita. O objetivo é que as pessoas LGBT possam ser respeitadas e que caibam na nossa sociedade, nos nossos espaços coletivos, o respeito a essa diversidade.
De acordo com ela, o CFP apoia a iniciativa encampada pelo MEC.
- Acho que a ideia de se produzir um material específico, que possa orientar essa discussão, é muito bem-vinda. Nós apoiamos o kit, mas nosso apoio não se restringe a ele. É em relação à luta pela promoção dos direitos dessa população em todas as políticas públicas, não só na educação. Apoiamos como uma possibilidade a mais de que, na formação, essa questão possa ser discutida com mais qualidade, assentada em princípios que sejam realmente de direitos humanos.
Terra Magazine procurou a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas foi informada pela assessoria de comunicação que a entidade ainda não se posicionou sobre a questão.
Bullying
A Coordenadora Geral de Direitos Humanos do MEC conta que o ponto de partida para se pensar na elaboração de um material de combate à homofobia nas escolas foi uma pesquisa realizada em 2008 e publicada no ano seguinte, sobre preconceito, discriminação e bullying.
- Ela foi feita em 501 escolas de diferentes regiões, com quase 20 mil atores. Foi comprovado que o grau de homofobia é altíssimo. Pesquisamos vários aspectos: pessoas com deficiência, a questão de gênero, orientação sexual. Os homossexuais estão entre os mais discriminados. Em cima disso, a Secad entendeu que era preciso desenvolver ações para assegurar o direito à educação de todas as pessoas.
E acrescenta:
- Todo o material trabalha com a ideia de respeito à diversidade sexual, ajuda a entender que a a escola precisa respeitar os direitos humanos dos LGBT. O Ministério da Educação está preocupado exatamente com essa sociedade que vem cada vez mais batendo em homossexuais na rua, dando tiro, como aconteceu no Rio de Janeiro e em São Paulo. Uma sociedade que precisa ser educada para respeitar os direitos humanos.
Toni Reis recorre a um levantamento feito pela Unesco para enfatizar a necessidade de se aplicar o material didático contra homofobia nas instituições de ensino. "A pesquisa mostra que 40% dos adolescentes masculinos não gostariam de ter um gay ou uma lésbica na sala de aula. A evasão escolar entre homossexuais é grande", justifica.
Rosilea frisa que a capacitação dos docentes, para que possam trabalhar com o material, será prioridade. Segundo ela, o kit ainda não foi finalizado e terá que ser submetido ao Comitê de Publicações do MEC, para ser depois impresso e enviado às escolas.

Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...