segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Da Série: Contos Mínimos

Encontrei, esquecidas numa gaveta num armário na casa de meus pais, já falecidos, algumas cartas de minha mãe enviadas a mim num período em que eu, morando longe, não tinha outra forma de me comunicar com ela. Foi uma sensação estranha reler aqueles textos: senti saudade, alegrias e tristezas. Tenho comigo uma foto dela sobre a minha mesa de trabalho. E algumas  poucas gravações de sua voz. É claro que nada disso é suficiente, mas é o que ainda me alenta nesses dias de ausência.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Da Série: Contos Mínimos

Resultado de imagem para nivel baixoAo longo desses últimos anos, eu acreditei que ninguém estivesse no mesmo nível que eu para nada. Para absolutamente nada. Aí finalmente descobri que o meu nível era tão baixo, mas tão baixo, de fato tão baixo que era mesmo impossível encontrar alguém que se encontrasse no mesmo nível dele.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Da Série: Contos Mínimos

Imagem relacionadaNum dia é a dobradiça, no outro a casa inteira. É assim que acontece: apenas estou ficando velho. Um dia dói a perna esquerda, no outro a panturrilha direita. Às vezes, as costas incomodam, ou uma dor medonha no pé me impede de calçar um tênis, de pisar com força. A memória falha sempre. Sobre o que mesmo eu ia escrever? A paciência foi embora faz tempo. Eu amo o silêncio.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

9 anos do Avesso

Imagem relacionadaDia 24 de janeiro o blog completa nove anos. Nove anos sem sair de cima. Pensando bem, não é exatamente sem sair de cima, mas eu gosto de me promover. Altas e baixas são frequentes com tanta coisa para fazer além de  poder escrever apenas por prazer. Em geral, a escrita é quase uma ordem...
E aquela escrita além de nos salvar precisa tb de respiração e nem sempre isso é possível uma vez que a arte de saber respirar demanda tempo e investimento.
De qualquer forma, fico feliz por esse projeto ainda está de pé. É por aqui que eu tb me divirto, experimento, escrevo sem censura. Obrigado se vc anda por aqui de vez em quando e curte alguma coisa. Abraços.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Ou acontece aos 29 ou não existe.

Resultado de imagem para 29Não entendo crise de idade que não seja aos 29 anos.  Ou acontece aos 29 ou é mentira. Todas as outras, caso alguém queira te convencer de sua existência, acredite, não é de verdade! 
A crise dos 29 é legítima porque vc sabe, ou acredita que sabe, que no próximo ano não tem volta, chegam os trinta (vou escrever por extenso porque machuca menos) e pode durar uma eternidade. Talvez isso, essa longa duração, confunda as pessoas de que existam crises dos 40, dos 50, dos 60.
Ah, é bom deixar claro que não existem crises depois dos 60! Acredite. Ou a gente vive a nossa vida ou perde a oportunidade porque fica encalacrado num pensamento idiota. Aos 60 não se perde tempo com isso.
Trinta anos tb é uma bobagem. Mas aos 29 a gente não sabe disso. Parece que o caminho é sem volta. E é. Mas isso acontece a partir do primeiro aniversário. Claro que estou tentando aqui racionalizar aquilo que aos 29 não parece possível de se fazer.
29 é um rio caudaloso. Com uma margem muito distante da outra. Água fria num dia nublado. Sem nenhuma possibilidade de ajuda para atravessá-lo. E a gente precisa percorrer essa distância sozinho. O problema maior é que isso dura exatos 365 dias (às vezes, 366), mas com a sensação de uma eternidade. Mas passa. O que é um ano diante de tudo o que a gente precisa fazer/viver? Nada. Estranho mesmo é se dá conta de que perdeu um tempo importante da vida com uma bobagem dessa.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Longe e perto.

Resultado de imagem para os contatos virtuaisAs distâncias são medidas pela velocidade da sua internet e pela sua disposição de enviar ou não uma mensagem.
Num segundo chego aonde eu quiser, sem sair do lugar. Não é preciso me descolar de onde estou.
Nem preciso parar para escrever, com um comando de voz abro um app e dito a mensagem, em seguida, com outro comando, posso publicar nesta ou naquela rede, ou em ambas, se achar melhor.
Pronto. Missão cumprida. Os pêsames foram parar aonde deviam, os parabéns alegraram mais um aniversariante ou aquele que conquistou alguma coisa ou alguém.
E eu me conectei de verdade com o outro que através de um app leu/ouviu o que enviei com um comando de voz.

Da Série: Contos Mínimos

Resultado de imagem para morador de ruaDevia ser, no mínimo, angustiante viver daquele jeito:  viver sob as marquises. Não ter para onde voltar e contar apenas com a sorte do dia. Nele apenas um olhar indiferente. Não fazia nenhuma diferença se era segunda ou sábado, dia ou noite, véspera de natal ou o dia do seu aniversário. Ele era um bloco de cimento armado.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Dois rios, Célia

Letras
O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentem
E os olhos vêm
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
O sol é o pé e a mão
O sol é a mão e o pai
Dissolve a escuridão
O sol se põe se vai
E após se por o sol renasce no japão
Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer
Que os braços sentem
E os olhos vêm
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção
E o meu lugar é esse ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite, as quatro estações
O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção
E o meu lugar é esse ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite, as quatro estações
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

Compositores: Salomao Borges Filho / Samuel Rosa De Alvarenga / Jose Fernando Gomes Reis

domingo, 31 de dezembro de 2017

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Da Série: Contos mínimos

Resultado de imagem para o personagem e autorIrrompe porta adentro, senhor de si, um personagem de uma história. Aos berros, pergunta o porquê dele sofrer tanto ao longo de sua jornada ficcional. Eu, pego de surpresa, digo apenas que, algumas vezes, o personagem tem responsabilidades sobre o destino. Ao longo de uma narrativa,  assim como na não-ficção, nem sempre o autor controla o próximo passo. 

sábado, 2 de dezembro de 2017

Nuvens não morrem

A gente devia, porque se assim não fosse, seria uma outra vida (a que a gente não tem), imaginar todos os dias que hoje poderia ser o último dia. E às vezes é.
Eu jamais deixei de dizer à Monica o quanto eu a amava. O quanto eu sentia sua falta. O quanto eu me sentia bem em sua companhia. 
Nossas vidas se cruzaram num barco rumo à Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e nunca mais nos largamos. Foi sim ... amor à primeira vista. Não foi à toa que os nossos olhares se esbarraram e que nos aproximamos no meio do mar.
Dona de um sorriso largo, de um abraço apertado e quente, de gestos generosos. 
Me salvou à vida. Eu desesperado, ela me acalmou com um caminho: fácil, à mão, mas que precisava de ser apontado. 
Já trocamos batidas de coração vendo a lua (a milhas e milhas de distância). A lua era um caminho que nos aproximava. 
Tantas músicas ouvimos juntos. Tantas dedicamos ao outro. Tantos papos batemos. Tantas poesias lemos. Tantas risadas, daquelas de dar dor na barriga e de doer as bochechas, compartilhamos. 
Se nos encontrávamos, era abraços e braços para todos os lados. Não havia rosto suficiente para tantos beijos e nem olhar bastante para o tanto que queríamos dizer. Dizíamos muito pelo assim.
Hoje, recebo a notícia de que vc morreu. Mas vc é uma nuvem e nuvens não morrem. Nuvens passam. Nuvens se transformam, às vezes em chuva, às vezes em bichinhos estranhos para tornarem-se nuvens outra vez.
Saudades vou sentir sempre, porque é este o sentimento que sempre tenho por vc. Você é uma grande amiga, daquelas que moram no lado esquerdo do peito. Pra sempre.

Embora

Indo embora depois de um mês no Rio de Janeiro . Foi bom estar por aqui: encontrei amigos, descansei,  me diverti um pouco. Vivi dias absurd...