Morri num domingo, dia que eu odiava. Numa hora totalmente imprópria. Quem gostaria de morrer às 15h, no meio de uma tarde calorenta, abafada, seca e silenciosa? Bem, ao menos fui enterrado numa segunda-feira, dessas cheias de gente nas ruas, de muito movimento, de trabalho intenso. Não se escolhe, é certo, o dia de partir.
ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
domingo, 9 de agosto de 2015
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Da Série Contos Mínimos
Ontem
percebi o efeito do tempo em mim. Nem no meu rosto, nem nas minhas mãos. Pra
isso, bastaria rever velhos amigos (a marca no outro que necessariamente reflete a minha).
O efeito estava na deslembrança. Num tempo inteiro de ausência. Em horas sem me dar conta. Ai, Como me senti feliz! E como agradeci ao tempo, sábio que só ele, de me trazer sem que eu soubesse um novo outro lugar para eu estar. Respirei aliviado quando me percebi numa quinta-feira qualquer e única na minha vida.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Da Série Contos Mínimos
Não me lembro ao certo quando foi que deixei de confiar nas pessoas. Talvez isso tenha acontecido faz algum tempo. Talvez seja recente. Sei apenas que diante de alguma pista mínima que seja de desconfiança soa um sinal de alerta para que eu abandone o barco.
domingo, 2 de agosto de 2015
Da Série Contos Mínimos
Acordei e fui direto para o banheiro escovar os dentes e tomar banho. Eu tinha um compromisso logo cedo. Mas antes disso me deparei com o espelho, olhei bem fundo nos meus olhos, que começaram a ficar velhos bem antes de mim. Percebi que só agora atingi a idade deles.
Das situações que não acontecem apenas nas crônicas de Fernando Sabino
Dia desses, na verdade, faz bem mais do que isso, estava eu
aguardando uma grande amiga, ali, na feirinha da General Glicério, em
Laranjeiras, no Rio de Janeiro, descer do seu apartamento para uma conversa sem
compromisso. Enquanto ela não descia, eu e uma outra amiga resolvemos tomar um
caldo-de-cana e ouvir um chorinho que é frequente nessa feirinha, aos
sábados.
Caldo
de cana vai, caldo de cana vem e nada da primeira amiga chegar. Cariocas têm
uma característica bem peculiar: conversam até com pedra se esta lhe der alguma
atenção. Bem, engatamos, e e a segunda amiga, um papo com um casal que também
estava por ali tomando um caldo.
Conversa
vai, conversa vem, descubro que eles também estão por ali esperando alguém.
A
feirinha da General Glicério é um ponto de encontro. Além do chorinho, do
pastel e do caldo de cada tem um bolinho de bacalhau delicioso. É muito comum,
pessoas que moram na região darem uma passadinha por ali.
Depois
de algum tempo, minha amiga, Marta, desce e nos encontra na barraca do caldo.
Ela chega e, como de costume, me dá dois beijos, um abraço, beija também a
amiga comum e também o casal que está conversando comigo. Ficamos todos ali num papo de amigos de longa data.
Bem, em
seguida, minha amiga nos convida pra subir e tomar um café com um bolo de
laranja, que ela me devia fazia, pelo menos, uns dez anos. Todos animados
subimos, nos sentamos na sala. Ela trouxe o café com bolo, comemos, bebemos,
comemos mais, eu comi um pouco mais ainda porque era um bolo de dívida.
Enquanto comíamos e bebíamos falamos de quase tudo. O casal muito agradável,
ambos engraçados, cheios de histórias pra nos contar. A conversa rendeu.
Num
certo momento, o casal se levanta e diz que precisa ir embora porque eles
tinham um compromisso. Nos despedimos e como autênticos cariocas combinamos de
nos encontrar num próximo sábado ali mesmo, na barraquinha do caldo-de-cana
para mais uma conversa e, quem sabe, mais um bolo de laranja e um cafezinho na
casa da Marta.
O casal
vai embora e a minha amiga me diz:
_ Gostei muito dos seus amigos!
_ Como
assim, meus amigos? Eu não conheço essa gente. (lhe respondo).
De
casal agradável passou para essa gente.
Ela,
incrédula, acha que estou brincando e faz uma cara de surpresa. E eu lhe digo:
_ Achei
que fossem seus amigos também já que você convidou todo mundo para um café com
bolo.
Ela
responde:
_
_ Mas
só convidei porque achei que eram teus amigos já que estavam ali conversando
animadamente.
Conclusão:
eles não eram meus amigos, eles não eram amigos de ninguém. Nunca mais nos
vimos porque cariocas têm dessas coisas: combinam de se encontrar, de se ligar
com toda certeza no próximo fim de semana, mas deixam para o acaso o próximo
encontro.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Da Série Contos Mínimos
Às vezes, partir é necessário. Era questão de vida ou morte, de saúde ou de doença, de alegria ou tristeza. E nem sempre estamos prontos pra morrer, pra adoecer ou pra ficar por aí se lamentando. Fui com o coração cheio de saudade da vida que eu deixava por ali e esperançoso da que eu poderia encontrar mais adiante.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
quinta-feira, 16 de julho de 2015
Auto-elogio
Se um elogio a alguém pode produzir uma forçação de barra, imagine um auto-elogio. Bem, não vou me elogiar. Tenho senso de ridículo, mas fiquei pensando, depois de uma potagem de uma amiga no Facebook, sobre o que em mim me faz sentir uma certa "alegria" por ter conquistado, por ser.
Não seria exatamente um elogio, mas um reconhecimento por algum esforço ou dedicação, sorte. Bem, não vou tb ficar me explicando porque isso não vai nem aumentar e nem diminuir qualquer efeito de sentido que posso produzir aqui.
Fiquei pensando muito para finalmente conseguir organizar uma pequena lista. Ela, a lista, não está por ordem de importância, por ordem cronológica, mas por ordem de lembrança:
1. Uma das grandes alegrias foi ser aprovado no vestibular para Letras, UFRJ, Português-Literaturas. Lembro-me da sensação de felicidade ao abrir o jornal e encontrar o número da minha inscrição. Contar pra minha mãe sobre a aprovação, então, nem se fale.
2. Finalizar o doutorado não foi exatamente uma sensação de alegria, mas o "dever" cumprido. Me senti no dia 13 de março de 2006 feliz por isso.
3. Ganhar a bolsa de pós-doutorado (Universidade de Coimbra) para ficar um ano em Portugal. Isso foi uma mistura de gratidão por tanta ajuda que recebi: Isabel Ferin (a orientadora) Vanise, Maria Cláudia, Lucília e, principalmente, Bethania.
4. Ter sido amigo do Sebastian. Foram anos de cumplicidade. Tb brigamos, mas nunca nos decepcionamos, mesmo quando precisamos nos separar. Separação sempre é difícil. Mas nunca traímos a confiança do outro. Não houve mágoa de lado algum. Apenas tristeza.
5. Os meus amigos. Tenho orgulho dos amigos que conquistei durante esses anos. Tenho amigos de 40 e poucos anos. Amigos que sei que posso contar. Tenho amigos recentes. Amigos de todas as idades, cores, orientações. Sei da importância dos amigos de verdade. Sou um amigo que os meus amigos podem contar.
6. Tb sei que sou um cara honesto. Sei tb que isso é obrigação e que sequer deveria constar nessa lista, mas a honestidade a que me refiro é, sobretudo, aquela que quer que todos tenham os mesmos direitos, sem que haja privilégios pra ninguém: nem pra mim e nem pra ninguém. E lutar por isso.
7. Tb nunca me aproximei de ninguém por interesse. Nunca estive com alguém para conseguir alguma coisa. Sou claro quando preciso de algum favor e não tenho vergonha disso.
8. Não quero nada de ninguém. Não invejo nada de ninguém. Sou muito focado naquilo que desejo e trabalho pra isso.
Bem, a lista não é longa, mas pode soar como pretensiosa. Pode tb não soar. E como não controlo o sentido que as palavras têm ou podem produzir. A postagem é essa.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Odeio o frio.
EU ODEIO O FRIO. Eu não consigo encontrar um só
motivo para gostar dele. Não há roupa que seja suficientemente quente para me
proteger do vento. Não há água suficientemente quente que me deixe à vontade
para escovar os dentes, lavar o rosto, lavar a louça. Antes que eu me esqueça, você que diz gostar do frio, quem lava a louça da sua
casa?
Minha casa não é preparada para o inverno: entra,
sei lá por onde, um vento gelado e não há alguém suficientemente bom para
descobrir como isso acontece. Venta na sala, nos quartos, na cozinha, venta em todos os lugares.
O meu chuveiro é elétrico. E como TODOS os
chuveiros elétricos que eu conheço se cai muita água, ela é fria. Se a água
fica muito quente, ela pinga. O vaso sanitário é uma pedra de gelo. O piso do meu apartamento, com exceção dos quartos é frio.
Não existe calefação. Meus pés e mãos ficam o tempo
todo gelados.
Eu sou careca. Minha cabeça dói durante à noite.
Não dá pra fazer as coisas de casa enrolado num
cobertor: há risco de pegar fogo, há risco de se enroscar em alguma maçaneta. Há risco de sair puxando alguma coisa pela casa. Há risco por todos os lados.
Fiquei meia hora para ter coragem de sair da cama.
MEIA HORA dava pra ler quase uma dissertação. Depois mais um bom tempo para
tirar a roupa e tomar banho. Depois faltou coragem para sair do banho e colocar
outra roupa. Depois de colocar a outra roupa, faltou coragem para sair do banheiro e por aí vai...
Desci as escadas do meu prédio de capacete (isso
mesmo, eu não tenho carro, tenho apenas moto. Por que eu não compro um? Melhor
eu não dizer aqui por conta do horário e das crianças na sala.). Nunca encontro as pessoas do meu prédio, mas foi
descer com o capacete na cabeça para encontrar alguns vizinhos. Eles fingiram
que eu não estava daquele jeito. Bem, provavelmente vou ser
considerado maluco. Não me importo! Melhor ser maluco do que passar frio.
O bom
do inverno é que é apenas uma estação entre quatro. Ele acaba. Ele vai passar. E eu, espero, vou sobreviver ao frio.
sábado, 4 de julho de 2015
Da Série Músicas que me tocam
Dia desses, falei aqui sobre um grupo dos anos 1980, o The Cure, cujas músicas conheci ao mesmo tempo em que fazia um novo grupo de amigos, volta de 1985, no Rio de Janeiro.
Tenho ouvido muito, praticamente todos os dias, os discos dessa banda, sucesso total no Brasil durante muito anos. Ontem, me lembrei de uma música deles e fui à caça: A Letter to Elise, faixa de muitos CDs. A banda lançava algumas músicas novas misturadas com músicas antigas num novo CD e assim muitas apareciam repetidas em discos diferentes. Este é uma delas.
A letra não é bonita, sensível ou coisa do gênero, mas a música é linda demais. Tenho ouvido tanto a mesma canção que acho que os vizinhos qualquer dia vão me proibir de ouvi-la mais uma vez.
Essa não me reporta a algum momento ou pessoas especiais, mas fez e ainda faz parte do que gosto de ouvir.
Bem, vale a pena conferir.
sábado, 27 de junho de 2015
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