quarta-feira, 31 de março de 2010

O (de)serviço público (texto)

O setor público é cheio de vícios: desde o telefone que toca e ninguém atende, passando pelo paletó pendurado numa cadeira vazia  até aquele que discursa pelo trabalho (mas tudo não passa de encenação). 
O pior de todos os vícios está entranhado numa grande parte dos funcionários que é o protecionismo, ou seja, tenta-se a todo custo varre para baixo do tapete tudo aquilo que está errado (o velho jeitinho que todo mundo diz, em tese, abominar), às vezes porque há um rabo preso, noutras porque não se quer aborrecimento com aquilo que nunca dá em nada.
Não sei o que é pior, se é aquele que enxerga e não vê ou se aquele que vê mas não quer enxergar. Sei apenas que dar murro em ponta de faca ou tentar entender como o serviço público (não) funciona é mais ou menos a mesma sensação: uma tristeza grande descobrir que vc foi vencido pelo casaço, que tanto desgaste apenas desbota as relações pessoais e, que no final, tudo estará igualzinho sem um avanço sequer, porque não existe a vontade de mudar, porque já se apreendeu viver daquele e naquele jeito, porque qualquer mudança requer esforço. E tudo isso cansa muito.

"Nossas vidas começam a morrer no dia em que calamos coisas que são verdadeiramente importantes". (texto)

O título deste post é uma frase de Martin Luther King, ele lutou pelos direitos dos negros nos E.U.A. Essa luta pelos direitos dos negros norte-americanos extrapolou as fronteiras do país. O ativista é reconhecido e citado quase sempre quando as lutas por direitos estão na pauta do dia.
Essa frase foi citada por Ricky Martin, 38 anos, porto-riquenho, esta semana quando em seu blog assumiu a sua homossexualidade: "Tenho orgulho de dizer que sou um felizardo homem homossexual. Sou muito abençoado em ser o que sou", escreveu ele.
Li alguns comentários em blogs sobre o fato do cantor "sair do armário", alguns deles diziam respeito à questão de que a sexualidade do cantor não era um segredo (ou seja, já era de conhecimento público que  o ex-menudo era gay), outros diziam que não era relevante, em 2010, ainda haver preocupação com a sexualidade de alguém, alguns ainda diziam que assumir-se publicamente era perigoso já que existe muito preconceito em torno da homossexualidade.
O que mais achei interessante, nisso tudo, é que, como falamos de um lugar bastante específico, ou seja, falamos aquilo que nos cabe e não aquilo que queremos dizer, existem muitas versões disputando espaço sobre a homossexualidade: resistência, preconceito, perigo, banalização, sexualidade, entre outros, e isso tb significa dizer que, ainda que haja muita resistência (no sentido negativo) sobre o tema, há tb uma forma de encará-la com mais tranquilidade.
Como tudo o que é "novo" briga por espaço, não seria diferente em relação à homossexualidade, sobretudo em relação à sexualidade (todas elas) que é um tema silenciado ainda hoje.

terça-feira, 30 de março de 2010

Velhos amigos (texto)

Não faz muito tempo, postei um pequeno texto sobre as cartas, que encontrei na casa dos meus pais, dos velhos amigos, aqueles lá da adolescência (para ser mais preciso, o post foi do dia 27 de dezembro de 2009).
Enquando eu escrevia aquele texto nem imaginava que eu pudesse reencontrar um daqueles amigos. O encontro foi virtual, mas valeu à pena poder saber como uma grande amiga estava. 
Perguntei, sem muita pretensão, para uma amiga sobre uma amiga que tínhamos em comum. Mas a chance delas ainda estarem em contato era tão improvável quanto o contato que eu poderia ter com ela (a segunda amiga). Mas o improvável às vezes nos surpreende. E não é que elas ainda eram amigas próximas! Daí para nos encontrarmos, um pequeno passo. Já trocamos alguns e-mails (na verdade, recados no orkut) e tem sido muito bacana saber o quanto pensamos um no outro durante todos esses anos (mais ou menos uns 20 anos sem nos ver).
Acabei de pedir permissão para postar uma foto dela aqui. Agora é aguardar e ver o que ela me diz. 
Ando saudosista, é verdade, desde que a minha mãe começou a ficar mais doente. Talvez seja uma vontade inconsciente de voltar no tempo e poder fazer o que não fiz.


segunda-feira, 29 de março de 2010

Armando Nogueira

"Pelé é tão perfeito que se não tivesse nascido gente, teria nascido bola” Armando Nogueira 1927-2010.

D. Neusa (texto)

Ontem trabalhei até às 22h. Isso mesmo! Domingo trabalhei o dia inteiro. E quando escrevo o dia inteiro quero dizer das 6h30 até às 22hs. Foi bastante cansativo. Hoje, viajamos 7hs para chegar em casa. Cheguei e ainda estou aqui, diante do computador lendo uma monografia para conversar com um aluno amanhã (é claro que não leio ao mesmo tempo que escrevo no blog). Mas antes disso, já coloquei a roupa para lavar e fui ao mercado, além é claro, de colocar ordem na casa, porque na desordem não consigo ler, não consigo escrever, não consigo pensar, já que o meu pensamento para na desorganização. TOC total.
Mas como tudo tem sempre o outro lado, mesmo um dia cansativo como o de ontem, tive horas agradáveis: principalmente no início da noite (próximo das 20hs) quando, num intervao entre os recursos que chegavam, paramos para conversar um pouco. D. Neusa é um professora aposentada e coordenadora da comissão do concurso que organizamos. Uma senhora bonita, não me atrevo a adivinha a sua idade, mesmo. Sei apenas que ela deu aulas durante 51 anos e se formou mais ou menos aos 20, não sei quanto tempo está aposentanda.
Ouvi histórias interessantíssimas de Getúlio Vargas à ditadura militar, passamos por Darcy Ribeiro (aí me lembrei muito da minha mãe que era fã do antropólogo), pelas histórias de Sto. Antônio da Platina, sobre os seus filhos, enfim, sobre a sua forma de ver o mundo. Sempre tão lúcida e atual. Fiquei ali ouvindo e pensando no quanto se acumula com o tempo. No quanto as pessoas podem se tornar interessantes com a idade.
Envelhecer com sabedoria: a melhor receita, a mais complicada.

sábado, 27 de março de 2010

Orkut (texto)

Eu gostaria de fazer, pelo menos, duas observações sobre o Orkut, primeiro, que, pelo fato de ser um site bastante usado aqui no Brasil, a possibilidade de encontrar pessoas conhecidas é muito grande, e, além disso, ele é bastante fácil de usar. A gente cria um perfil, coloca uma foto e pronto, os amigos vão aparecendo aos poucos. Por outro lado, apesar dessa aproximação entre pessoas, ele é um site da empolgação do momento do encontro. Ou seja, há um certo furor quando pessoas que há muito não se viam se encontram, trocam-se algumas mensagens e ponto final. Parece que é o "vê o visto", aquela empolgação, aquele furor, aquela alegria do encontro inesperado vira terra-a-terra.
Tenho um perfil no orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=11297210407184207463) faz alguns anos e vezinquando encontro velhos amigos. E tudo acontece mais ou menos da mesma maneira: aquela alegria que perde o brilho quase que imediatamente após o reencontro.
Não sei se isso se dá com todos, ou se é uma impressão pessoal, ou se eu fico querendo sempre mais e acabo me decepcionando. Sei que mantenho um contato constante com menos de dez por cento dos meus amigos. E sempre acho isso uma pena!



sexta-feira, 26 de março de 2010

A Hora do Planeta 2010 (texto)

Amanhã, dia 27 de Março, entre 20h30 e 21h30 minutos é a Hora do Planeta 2010 (hora de Brasília). O Brasil participa oficialmente da Hora do Planeta.
Das moradias mais simples aos maiores monumentos, as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento global.
A Hora do Planeta começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram. No ano passado, quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização.
Em 2010, com a sua participação, vamos fazer uma Hora do Planeta ainda mais fantástica!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ministro de Israel agradece a Deus pelo "privilégio" de expandir assentamentos (texto)

Como um acordo de paz poderá se concretizar se cada uma das partes envolvidas não arreda um dedo em suas convicções? Como é que palestinos e israelenses podem falar em nome de Deus e haver entre o que é dito tanta contrariedade? A quem pertence Jesusalém? No meu ponto de vista, ao mundo: tanto palestinos quanto israelenses têm direitos na ocupação da área. E mais, ainda que seja utópico, o mundo não deveria ser organizado em fronteiras.
O ministro israelense do Interior, Eli Yishai, agradeceu a Deus pela possibilidade de participar da decisão de expandir assentamentos judaicos localizados em territórios palestinos ocupados: "Dou graças a Deus pelo privilégio de ser o ministro que aprovou a construção de mil casas em Jerusalém", disse hoje ao jornal "Iom leiom".
E na segunda-feira, dia 22, em discurso perante a reunião anual do Aipac (Comitê de Assuntos Públicos Americano-Israelense), o principal grupo de lobby judeu nos EUA, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que "o povo judeu construiu Jerusalém há 3 mil anos, e o povo judeu constrói Jerusalém hoje. Jerusalém não é um assentamento. É nossa capital".
A afirmação de Yishai confirma a posição de Israel de manter os planos de expansão dos assentamentos em Jerusalém Oriental, ponto polêmico que dificulta os esforços de negociações indiretas, mediadas pelos EUA, que deveriam começar ainda este ano.
A cidade é disputada por palestinos e israelenses, e o anúncio das novas construções levou Israel a sofrer pressões da comunidade internacional e à crise com seu principal aliado, os EUA.
Na entrevista ao diário, o ministro ainda acrescentou que a cidade é a "capital do povo judeu", onde os israelenses têm construído há muitos anos e a expansão não deve parar.
Yishai assegura que a conduta da Casa Branca "reforça" o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e lhe dá "desculpas" para recusar a retomada das negociações com Israel, paralizadas há mais de um ano.
O ministro afirma que desde a visita do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Israel, quando aumentou a tensão entre as duas nações, os israelenses têm notado um endurecimento da postura da Palestina e se mostra convencido de que Abbas não quer a paz.
Outros ministros se pronunciaram hoje sobre a reunião ocorrida em Washington na terça-feira, entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.
Segundo a imprensa israelense, a delegação foi "humilhada" pelos anfitriões americanos na Casa Branca.
O vice-primeiro ministro Silvan Shalom disse à rádio estatal de Israel que a construção das colônias judaicas em Jerusalém Oriental -- praticada por todos os governos anteriores há quatro décadas -- é "incondicional" e não pode ser abandonada.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Nada

Estou aqui querendo postar um texto, mas não tenho ideia sobre o que escrever. Tenho duas opções, pelo menos, ou não posto nada (e espero um momento em que apareça algo que realmente me chame atenção) ou insisto para ver onde isso aqui vai chegar. Escrever sobre nada não é muito tranquilo, porque a gente precisa preencher um número mínimo de linhas sobre assunto nenhum sem que isso fique muito claro para quem estiver lendo o que se escreveu. O interessante é vc escrever sobre coisa alguma como se aquilo tivesse alguma importância.
Posso tentar escrever sobre a minha preocupação com a situação econômica do país e isso, a preocupação, normalmente recorrente em relação à economia pode me render algumas linhas, mas não consigo escrever, nem que seja, um pequeno texto sobre ela.
Poderia então escrever sobre o meu dia, mas hoje foi um dia tão igual a todos os outros dias, sem nenhuma surpresa que escrever sobre ele seria chover no molhado. Nada mais sem graça do que se repetir. Acho a repetição sacal. Dizer o mesmo sem dizer nada é realmente falta de criatividade.
Pronto! Tenho aqui um pequeno texto com tudo aquilo que um pequeno texto precisa ter, mas sem dizer absolutamente nada.
Que dias melhores venham!

terça-feira, 23 de março de 2010

Isabella, imprensa, efeitos de sentido

Impossível ficar indiferente ao julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar Isabella, de 5 anos, em 2008, diante do bombardeio jornalístico em torno do caso. Lembro-me muito bem do que a imprensa produziu em março de 2008: uma profusão de notícias diárias em todos os meios de comunicação brasileiros durante, aproximadamente, um mês: a imagem (a partir de indícios periciais) que se repetia incansavelmente da menina sendo jogada da janela; os pais de classe média de São Paulo envolvidos no crime; a mãe inconsolada; os amiguinhos da escola; os avós; os vizinhos; os populares. Não podíamos não nos envolver com toda aquela situação. Não podemos não nos envolver com este desdobramento do caso.
Lembro-me tb que nos meses que se seguiram ao caso Isabella, outros casos semelhantes acontecerem: mas a imprensa não deu o mesmo tratamento. Ouvi amigos dizerem que eles, esses outros casos, não se tratavam de crianças da classe média. Outros ainda disseram que a questão girava em torno do esgotamento da mesma notícia. Não sei mesmo o motivo, sei apenas dizer que o tratamento da imprensa foi diferente.
Agora somos outra vez bombardeados com notícias do julgamento do pai e madrasta da menina. Quase uma catequese. Não temos muitas escolhas, a não ser  assistir a CNN, ler um livro, escrever, ficar aqui na internet (sem abrir sites de notícias, é claro). Parece que nada mais importante acontece na imprensa brasileira. As imagens são insistentemente repetidas que deixam de produzir o mesmo efeito: "repetir a fossa, repetir o inquieto repetitório".
Sei que a função da imprensa não é outra senão criar a sensação de que esta é A Notícia, e, pior, a sensação de que necessitamos dela para ficarmos bem informados. Resta-nos pouuco, bem pouco: ou nos curvamos ao Jornal Nacional (e todas as outras versões dele) ou deixamos que o mundo lá fora siga o seu rumo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Da Série: somos todos iguais ou existem pessoas mais iguais que outras? (texto)


Ex-Senador Republicano diz que união gay permite casamento com cavalo.
Republicano que concorreu com o senador John McCain pela candidatura do partido à Presidência, em 2008, o ex-senador republicano J.D. Hayworth disse neste domingo (14) que a decisão da Suprema Corte de Massachusetts de permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo é tão "equivocada em sua lógica" que pode permitir a um homem casar com seu cavalo.
“A Suprema Corte de Massachusetts, quando iniciou esse movimento pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, na verdade definiu casamento como simplesmente ‘o estabelecimento de intimidade’”, disse o ex-senador conservador em entrevista a uma rádio de Orlando, segundo o site "The Huffington Post".
“Qual o perigo disso agora? [...] Eu acho que isso significa que se você tem afeição pelo seu cavalo, você poderia casar com seu cavalo. Esse é o caminho errado a seguir, e a única maneira de proteger a instituição do casamento é com esta emenda que eu apoio”, disse Hayworth.
De acordo com o site norte-americano, estudos recentes mostraram que a lei, além de não ter provocado uniões entre homens e cavalos, tem ajudado a diminuir a taxa de divórcios no estado de Massachusetts.
Hayworth, que defende uma emenda para limitar o casamento à união entre homem e mulher, repetiu uma declaração semelhante famosa de outro ex-senador republicano, há sete anos.
Questionado sobre o casamento gay durante uma entrevista ao “USA Today”, o então senador Rick Santorum disse que “a definição de casamento em qualquer sociedade”, em sua concepção, não incluía a homossexualidade. “Não se trata apenas de homossexualidade. É sobre adulto e criança, adulto e cachorro ou qualquer outro desses casos”, disse.

Espumas ao vento (Accioly Neto)

  Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim Um grande amor não se acaba assim Feito espumas ao vento Não é coisa de momento, raiva pa...