ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
terça-feira, 5 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
Para não ficar parado nesse lugar (texto)
Bem, vamos ao que interessa. Ao receber uma mensagem de uma amiga. Um grande amiga, diga-se. Falando que deu uma passadinha por aqui, pelo blogue. E certamente não encontrou nada de novo (ela não disse isso, é claro. Poderia ter dito, mas não disse).
- Estou evitando, nesses últimos dias, entrar por aqui e escrever, porque certamente vai ser reclamação e não quero ficar, definitivamente, parado nesse lugar. -
Depois de receber esse recadinho da Nanci. Resolvi escrever, pelo menos, sobre este início de dia.
Hoje, o dia já começou meio tumultuado, quero dizer, cheio de atividades para realizar. Algumas atividades já foram concluídas, mas o grosso da semana, é natural por ser segunda-feira, estão apenas iniciando. Sei que trabalho é mesmo assim, ou não seria mais trabalho: vc precisa renovar as necessidades para que ele, o trabalho, faça sentido.
Claro que isso não é animar, mas, é assim que funciona. Teria outras propostas, fazer, mas descansar e assim ter mais prazer no que se faz. De qualquer forma, é este o panorama.
Claro que isso não é animar, mas, é assim que funciona. Teria outras propostas, fazer, mas descansar e assim ter mais prazer no que se faz. De qualquer forma, é este o panorama.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Voltas às aulas (texto)
É só recomeçarem as aulas que o blogue vai ficando de lado, vou me silenciando até ao ponto de ficar por mais de uma semana sem entrar por aqui. A vida já foi mais tranquila. Não tenho dúvidas.
Hoje me dei conta de que fazia tempo que eu não escrevia nada. As últimas postagens foram vídeos ou textos dos outros. Ou seja, não tive sequer tempo de uma paradinha para algum comentário sobre quaisquer coisas.
Tenho lido pouco e isso me deixa, é claro, pouco inspirado. Sem falar que o fato de retornar à universidade, depois das férias e encontrar um mundo de atividades por fazer, tb me deixa sem tesão. E olha que passar por aqui é um grande prazer, mesmo que eu não seja lido. Só o fato de parar para escrever já vai me dando uma certa alegria. Mesmo assim, falta inspiração ou como diria uma antiga orientadora, disciplina.
As aulas recomeçaram e isso é prioridade. Neste semetre tenho aulas na graduação às quartas e sextas-feiras. Em geral a minha disciplina é anual e é claro que menos corrida por conta disso. Agora, todo trabalhado na semestralidade, preciso me organizar melhor para não deixar a peteca cair.
Dar aula é praticamente um jogo de petecas, no sentido de que tanto um lado quanto o outro precisam estar atentos ao jogo para que ele se mantenha ativo. Não adianta receber bem os alunos se vc não tiver no mesmo pique.
Na quarta-feira, conheci os alunos do primeiro ano. São muito jovens, quase todos. A maioria cara desconhecida. Alguns foram ficando no meio do caminho e agora retornaram. Não sei se eles têm o mesmo prazer em me (re)ver. Provavelmente, não.
Se a primeira impressão é a que fica, posso dizer que gostei da garotada. Vamos ver no decorrer das atividades. Na quarta, são 3 aulas seguidas: será que tenho garganta e energia para tanto? Depois dos 45 a coisa começou a pegar.
Bem, melhor pagar para ver o que acontece.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Silas Malafaia e a Teologia da Estupidez: Homossexuais e Bandidos? (Alyson Freire)
Não há surpresas ou novidades quando o pastor Silas Malafaia fala.
Cada vez em que é entrevistado ou empresta sua voz para algum programa
de natureza política ou religiosa, assistimos e ouvimos o mesmo desfile
de preconceitos, inverdades e sofismas. Bem sabemos que os disparates e
infâmias habituais de sua retórica convicta e fundamentalista enojam e
irritam. Entretanto, convém não perder a capacidade, e a paciência, de
nos chocarmos e nem “acomodar com o que incomoda”, como diz a letra de
uma bela canção.
E por que não devemos nos calar ou tão simplesmente dar de ombros,
ignorar a ignorância? Porque o silêncio nos torna cúmplices da
ignorância. Aliás, se é verdadeiro que em certas circunstâncias o
silêncio pode ser mais eloquente do que a palavra, em outras o silêncio é
o adubo fértil para o crescimento da ignorância e da barbárie. Por
isso, cabe não calar. Falar a verdade ao poder e criticar os
preconceitos é combater incansavelmente contra o silêncio que naturaliza
ambos.
Voltemos, pois, a Malafaia, este paladino e missionário do ódio. Coube a jornalista Marília Gabriela a hercúlea tarefa de suportar o discurso de Malafaia, entrevistando-o em seu programa “De Frente com Gabi”. E se a jornalista por vezes se exaltou com as afirmações do pastor ou por este a atropelá-la em suas perguntas e raciocínios, penso que ela aguentou em nome de um compromisso com a verdade e com a sensatez; afinal, a mentira para ser desmascarada deve ser antes exposta.
Voltemos, pois, a Malafaia, este paladino e missionário do ódio. Coube a jornalista Marília Gabriela a hercúlea tarefa de suportar o discurso de Malafaia, entrevistando-o em seu programa “De Frente com Gabi”. E se a jornalista por vezes se exaltou com as afirmações do pastor ou por este a atropelá-la em suas perguntas e raciocínios, penso que ela aguentou em nome de um compromisso com a verdade e com a sensatez; afinal, a mentira para ser desmascarada deve ser antes exposta.
O que disse o pastor desta vez? Num exemplo cristalino de homofobia
cordial, disse que amava os homossexuais da mesma forma como ama os
bandidos: “Eu amo os homossexuais como amo os bandidos”. Este amor
misericordioso que Malafaia afirma cultivar não passa de um ardil
ideológico que finge aceitar e acolher mas apenas para tentar
“corrigir”, “reorientar”, “ajustar”. Em outras palavras, domesticar e
“curar” a homossexualidade segundo os “meus valores” e “minha verdade”.
Não creio que os homossexuais precisem deste amor denegador da liberdade
e da autonomia individual. O amor de Malafaia é um amor tutelar, de
correção moral e interesseiro.
A correlação valorativa entre “homossexuais” e “bandidos” é odiosa.
Ela objetiva reforçar o vínculo entre homossexualidade e desvio,
sustentando, sorrateiramente, a ideia de que a homossexualidade assim
como o fenômeno da delinquência atenta e prejudica a sociedade. Em
outros termos, a analogia diz o seguinte: os bandidos existem, são um
fato social, mas precisamos mudá-los, puni-los e “ressocializá-los” para
que não lesem a sociedade. Sem afirmar diretamente, Malafaia pensa o
mesmo sobre os homossexuais; eles são um fato social, existem, mas
precisamos corrigi-los para que não lesem à família, os bons costumes,
etc..
A piedade e a compreensão amorosa do pastor são, com efeito,
estratégias retóricas para a normalização pastoral e sexual. Nesse
ponto, Malafaia se serve abundantemente de preconceitos e concepções de
gênero, família e sexualidade que não se sustentam, nem do ponto de
vista do conhecimento científico nem socialmente – haja vista todas as
transformações culturais, sociais e jurídicas das últimas décadas.
Tentando atenuar os aspectos mais, digamos, etnocêntricos e
interessados de suas opiniões, o pastor recorre a ciência em vez da
religião pura e simplesmente; refugia-se em argumentos
pseudo-científicos e pesquisas que nunca cita a fonte, Malafaia busca,
com isso, preencher de autoridade, poder de verdade e neutralidade os
seus preconceitos e sua intolerância. À bem da verdade, Malafaia
achincalha a ciência – mais uma razão para não nos calarmos.
Quando prenuncia, num claro julgamento moral e especulativo, que a
formação de famílias homoparentais ou a criação de filhos por casais
homossexuais terá consequências sociais e psicológicas nefastas e
nocivas, Malafaia esquece que, segundo Freud, a família
independentemente das orientações sexuais do casal é a origem e o palco
da maior parte dos problemas emocionais e psíquicos por conta dos
conflitos subjetivos que envolvem a constituição do eu nas relações e
identificações familiares. Aliás, a grande maioria das psicoses
estudadas por Freud era produto das dinâmicas emocionais, repressivas e
traumáticas da família vitoriana.
O artigo “Desconstruindo preconceitos sobre a homoparentalidade” dos
psicólogos Jorge Gato e Anne Maria Fontaine cita diversos estudos
psiquiátricos, psicológicos, sociológicos e antropológicos que desmentem
as pré-noções estigmatizantes de que a criança em famílias
homoparentais sofreria danos em seu desenvolvimento psicológico. Todos
os estudos mencionados pelos autores foram unânimes na constatação da
não-existência de uma excepcionalidade ou de diferenças substanciais que
tornem a homoparentalidade especialmente danosa para o desenvolvimento
emocional, cognitivo e sexual da criança em comparação às famílias
heteroparentais. Inclusive, em algumas casos, de mães lésbicas, por
exemplo, estudiosos verificaram um ambiente familiar no qual as crianças
sentiam-se mais a vontade, livres e confiantes em discutir temáticas de
caráter emocional e sexual, ocasionando um efeito positivo no
desempenho escolar.
Em contrapartida, as dificuldades das crianças criadas em famílias
homoparentais aparecem exatamente no plano das relações sociais, ou
seja, obstáculos na aceitação e reconhecimento social por conta de
contextos sociais discriminatórios como a escola. Mas, ainda assim, os
estudos mostraram variações importantes nesse ponto a depender do país e
região.
O que podemos concluir com os resultados das pesquisas científicas é
que os problemas que estas crianças enfrentarão no futuro se devem
precisamente de pessoas como Malafaia. Quer dizer, do preconceito, da
intolerância e da ignorância que Malafaia pratica, semeia e propaga.
Portanto, o que atrapalha e lese o desenvolvimento psicológico e
social é o preconceito e a intolerância, os quais Malafaia transforma em
bandeira. As religiões se tornam nocivas à humanidade quando são
eivadas de ódio e ignorância por profetas fundamentalistas e
intolerantes que alimentam incompreensões.
Por mais que canse, devemos continuar a combater e criticar os
absurdos odiosos do pastor Malafaia, pois ele, por sua retórica e
status, goza de um poder de interferência na vida social capaz de
favorecer violências simbólicas e físicas contra grupos e minorias
sexuais que já tem de enfrentar práticas homofóbicas em seu cotidiano.
Se não quisermos cair presas da retórica do preconceito e sua violência
simbólica, devemos sempre exercitar a crítica pública. É com ela que
podemos cultivar uma cultura de direitos humanos e de reconhecimento
capaz de transformar uma esfera pública refratária ao debate racional
dos direitos e das violências sofridas por minorias e grupos vulneráveis
em uma esfera pública refratária a estupidez, a barbárie e ao
preconceito. Para essa transformação ocorrer, então, é preciso jamais se
cansar de se contrapor ao preconceito.
Da Carta Potiguar
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