terça-feira, 21 de julho de 2009

Confesso - Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro (música)

Confesso
sei que o amor é uma coisa séria

mas não tem mestre nessa matéria
eu mesmo já fiz miséria por amor
confesso
dei muito murro em ponta de faca
já fui fiel, já virei casaca
mil criaturas já fiz chorar de dor que loucura
já fui deixado na rua da amargura
quando a paixão se desfez
isso mais de uma vez
já fui barão, já cantei de galo
mas já sofri, também fui vassalo
bebi cachaça em gargalo por amor
confesso
já fui o outro em romance alheio
mas lembro bem, também já fiz feio
pois não há presa que escape dessa dor
que tristeza
já fiquei cego, já andei virando a mesa
o que o ciúme me fez, eu nem conto a vocês
foi tanta briga, foi tanta cena
tantos presentes de flor
mas tudo valeu a pena
e eu até virei compositor
eu posso nem ser tão feliz
mas digo uma coisa ao senhor que na vida o que eu fiz foi por amor

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cinha (texto)

Hoje eu sonhei com uma namorada antiga, acho que o primeiro namoro mais sério. Não me lembro de ter sonhado com ela outras vezes. Tenho boas lembranças desses nossos encontros: conversávamos bastante e andávamos de mãos dadas depois de uma reunião com outros amigos. O que eu mais gostava desse namoro, era ouvi-la cantar. Ela cantava e tocava violão (cantava bem melhor do que tocava). Voz doce e um repertório que gosto de ouvir até hoje. Não por saudades, mas porque me lembra um momento bom da minha vida (sem saudosismos, Alexandre!). Fátima Guedes: "Cheiro de mato":

Ai, ai o mato, o cheiro,o céu
O rouxinol no meio do Brasil
O Uirapuru canta prá mim
E eu sou feliz
Só por poder ser
Só por ser de manhã, manhã, manhã
Manhã, manhã
Nessa clareira o Sol
Se despe feito brincadeira
Envolve quente a todo ser vivente

Taperebá
Canela, tapinhoã, nã nã nã nã
Não faço nada
Que perturbe a doida a louca passarada
Ou iniba qualquer planta dormideira
Ou assuste as guaribas na aroeira
Em contra-ponto com pardais urbanos
Tão felizes soltos dentro dos meus planos
Mais boquiabertos que os meus vinte anos
Indóceis e livres como eu.


Faz muito tempo, muito mesmo que não a vejo, que não tenho notícias...tomara esteja ainda cantando. Fiquei pensando o porquê desse sonho tão distante...e não consegui fazer nenhuma relação...acho que consegui agora, mas é melhor não escrever...

Não há poesia no Estruturalismo! (texto)

Sou professor de linguística na graduação do curso de Letras: Estudos linguísticos I. Segunda-feira às 8h, em ponto, começo a aula. Não atraso. Quer dizer, até hoje, não atrasei, mas na próxima segunda, quem sabe? O conteúdo não é dos mais agradáveis, mas eu gosto: dos neogramáticos à sociolinguística, passando aí pelo estruturalismo europeu e americano, além do gerativismo. Penso sempre, quando dessas aulas, o que os alunos vão aproveitar da teoria para entender como o pensamento linguístico se transformou; penso tb o que vão poder usar quando de suas aulas de língua portuguesa ou estrangeira; penso ainda como poderão explicar para um leigo qualquer o que é a linguagem, quando penso as minhas aulas.
Se isso produz algum sentido (?), só o tempo...daqui uns anos quando eu os encontrar (se encontrar) e num bate-papo menos tenso (agora de professor para professor ou de ex-professor para professor) para saber o que aconteceu.
Percebo muitas vezes que falo sozinho, em sala de aula (que fique claro!). Fora da sala, não percebo ou se percebo não conto. Vejo tb caretas quando, por uma distração, me viro sem avisar e encaro alguns deles. É engraçado...
Uns dormem, outros bocejam e uns até prestam atenção e fazem perguntas...i-na-cre-di-tá-vel, diriam outros. A turma é boa, uma das melhores...mas falta poesia...talvez falte humor...

O Homem; As Viagens

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

SOM & FÚRIA (texto)

A Trama: Dante (Felipe Camargo), Oliveira (Pedro Paulo Rangel) e Elen (Andréa Beltrão) são amigos que formam uma trupe de teatro e que têm suas vidas impactadas quando, durante uma apresentação de “Hamlet”, em que Dante (Felipe Camargo) fazia o protagonista da obra, ele tem um colapso e foge, desaparecendo. Sete anos depois, Dante (Felipe Camargo) torna-se o diretor de uma companhia de teatro falida e Oliveira (Pedro Paulo Rangel) é o diretor de outro grupo bem sucedido, que dirige Elen (Andréa Beltrão). Mas eles estão frustrados e desmotivados com o trabalho. Fora isso tudo, ainda existe uma paixão mal resolvida entre Dante (Felipe Camargo) e Elen (Andréa Beltrão).
Estou encantado com a minissérie. O roteiro, o ritmo, o tom de comédia. Andréia Beltrão é, para mim, uma grande atriz. Capaz de nos emocionar de maneiras diversas. Não vi todos os capítulos, até porque a minha memória é tão confusa que me lembro quando o horário já passou, mas o que vi foi suficiente para gostar demais!

Peixes Pássaros Pessoas (CD)

Quem não gosta de samba ... é ruim da cabeça ou doente do pé, escreveu Dorival Caymmi em 1940. De lá pra cá a frase virou lugar comum e não deixou muita saída para quem não gosta samba, considerado umas das principais manifestações da cultura popular brasileira, símbolo de identidade nacional.
Peixes Pássaros Pessoas (não é somente uma aliteração) é o mais recente CD da sambista-pop Mariana Aydar cuja trajetória musical teve início em 2000. Em setembro de 2006 lançou seu primeiro trabalho Kavita 1, emplacando o pop-bossa-nova "Deixa o verão" nas rádios, em trilha sonora, nos nossos ouvidos.
Nesse novo trabalho o samba aparece quase que em todas as faixas. O repertório é inédito, as letras interessantes e o ritmo muito conhecido. Gostei na primeira audição, mas tenho que assumir que algumas músicas vão colando nos ouvidos a cada vez que o CD toca.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Homossexualidade tem cura?! (texto)

Psicóloga evangélica anda afirmando por aí, matéria publicada dia 14, na Folha de São Paulo (reportagem completa abaixo), que homossexualidade é uma doença e que, portanto, pode curar os homossexuais. Além disso, na entrevista concedida pela profissional, ela faz uma relação direta entre pedofilia e homossexualidade, de forma que a sociedade se sinta ameaçada em relação aos homossexuais e seu estilo de vida.
Segundo a própria psicóloga existe uma espécie de acordo social para que a homossexualidade se estabeleça impositivamente em nosso meio. Ela afirma ter "curado" por volta de 200 homossexuais através de sua terapia. Além disso, afirma que a maioria dos homossexuais foi abusado sexualmente na infância e que isso teria levado à prática homossexual.
Por essa prática ela corre o risco de ser cassada no próximo dia 31 pelo Conselho Federal de Psicologia que entende que a homossexualidade não pode ser curada já que não se trata de doença.
Abaixo na íntegra o texto publicado pela Folha de São Paulo. Acho que vale à pena ler, apesar de longo, para compreender os argumentos da psicóloga em relação à homossexualidade.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...