quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Problemas da profissão (texto)

Como alguns de vocês sabem, sou professor. Professores dão aulas. E aulas sem alunos, impossível. O fato de eu dar aulas significa, necessariamente, que eu faça avaliações. Fazê-las nunca é tranquilo (por tudo o que já foi dito sobre elas). Proponho uma questão, espero que o aluno consiga respondê-la. Essa resposta, em potencial, deve ser redigida de maneira que forma e conteúdo estejam casados. Nem sempre os casamentos são perfeitos. Na verdade, quase nunca os casamentos são perfeitos: às vezes o cara sabe o conteúdo (e eu sei disso), mas não consegue me provar que sabe através da sua escrita. Outras vezes ele não sabe o conteúdo e tenta através da sua escrita mostrar que sabe.
E outras vezes, ainda, ele sabe e sabe provar que sabe (sorte a dele e a minha tb).
Por tudo isso eu preciso atribuir uma nota ao seu trabalho. Essa nota não é a nota do aluno, mas a nota atribuída à prova feita pelo aluno. É claro que há muita dificuldade de se separar a nota atribuída ao aluno do aluno, por parte do aluno que recebe aquela nota.
Quase sempre, e isso se repete a cada final de ano, ele confunde a nota atribuída à prova ao fato do professor gostar ou não dele.
Ele não consegue entender, quase sempre, que gostar de alguém não significa aprová-lo. Uma coisa é gostar do aluno, ser, inclusive seu amigo, outra coisa é confundir a amizade com a nota que se deve atribuir à prova poduzida por ele.
Não posso aprovar um aluno porque sou seu amigo, porque simpatizo com ele, porque ele é bem humorado, educado, gentil, assiste as aulas. Não posso reprovar um aluno porque ele é mal-educado, grosseiro, não é meu amigo, ou porque tenho certa antipatia por ele.
Existem critérios objetivos para a correção de uma prova: a forma e o conteúdo. A forma é determinada por uma linguagem mais próxima possível da norma padrão. O conteúdo determinado pelos textos lidos e discutidos em sala de aula.
Fico angustiado com a reação deles em torno da reprovação e tb da aprovação. Ouço sempre "O senhor me deu tal nota", como se ela aparecesse do nada, como se eu não tivesse critérios para corrigir uma prova, como se eles não soubessem desses critérios.
E aí as caras viram, ficam feias, emburradas ou, num outro extremo, felizes, cheias de sorrisos, simpáticas, como se eu fosse o ressponsável pela nota que cada um recebe.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Fátima falou e disse (texto)

Gostei muito de um comentário de uma amiga (Fátima do Blog Viver é afinar os instrumentos) aqui no Blog sobre o post Esporte e violência: ela escreveu sobre a sua incompreensão em relação à violência nos estádios de futebol. Escreveu que não compreendia todas essas ocorrências em torno do esporte. Disse ainda que se fosse para brigar (uma briga metafórica), por que não brigávamos por educação, por menos miséria, por igualdade, por integridade, por menos preconceito, por saúde?
Essas questões não atraem os fanáticos: poucas são as manifestações nesse sentido. Nunca há manifestação, por exemplo, pela qualidade da escola pública, muito menos, por hospitais equipados e por médicos competentes.
Se há, a mídia concede pouco espaço para divulgação. Talvez chame mais atenção brigas, pancadarias, bofetadas, bombas, tiros depois de uma partida de futebol. É possível que o marcador de ibope (índice de audiência) não aumente quando daquelas manifestações em potencial.
Eu vivo de esperança. Quer dizer, vivemos todos dela. E não desisto de sonhar com um país mais educado (continuo acreditando que educação é base para tudo. ah, não estou falando de escolarização, estou falando de princípios).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Esporte e violência (texto)

Vergonhosa a forma como a torcida do Coritiba reagiu ao rebaixamento do time, vergonhoso tb como alguns torcedores do Flamengo comemoraram a vitória do hexa. Brigas, destruição, gente machucada, violência.
Em Curitiba um ônibus foi atacado por um bando de torcedores. Uma bomba decepou três dedos da mão de uma senhora que não tinha nada a ver com a história. Sequer era torcedora. Fora isso, aquela selvageria no Couto Pereira.
Acho que esses comportamentos deveriam ser punidos de forma mais efetiva. Como acontece na Inglaterra, por exemplo: os integrantes violentos de torcida devem se apresentar numa delegacia meia hora antes do início dos jogos. Os vândalos são rastreados e impedidos de entrar nos estádios.
Toda violência no esporte deveria ser banida: dentro e fora dos estádios. Jogador que faz uma falta grave, leva algum cartão, briga poderia perder parte do salário. Mexer no bolso sempre é uma boa estratégia.
Sei que talvez eu esteja exagerando, mas acho que exemplos tb podem surgir de leis mais severas. O que não pode são os espetáculos de agressividade e insanidade que assistimos SEMPRE.

Atividade Paranormal (filme)

Atividade Paranormal é um filme de baixíssimo orçamento para os padrões norteamericanos. Ouvi dizer que o filme custou aproximadamente US$15 mil. Não duvido, porque a locação é uma casa de dois andares e os efeitos especiais são bem simples. Fora isso, 3 atores, uma câmera trêmula e nada mais.
Nas primeiras semanas em que passam a morar juntos, o casal Katie e Micah começam a ouvir sons e perceber objetos em lugares diferentes de onde haviam sido deixados.
Os acontecimentos não parecem ter relação com a casa, mas sim com Katie, que revela então sentir a presença de "demônios" ou "fantasmas" desde que era criança. Nem de perto seu namorado, Micah, fica assustado com isso, muito pelo contrário: ele fica fascinado com a possibilidade de capturar alguma atividade paranormal.
Para isso, ele compra equipamentos de última geração que permitem captar os mais sensíveis sons e imagens. A filmadora fica, então, ligada durante toda a noite no quarto do casal, enquanto eles dormem. Em formato de filme caseiro, Atividade paranormal segue então um crescente típico de filmes de terror, com o passar das noites e acontecimentos estranhos que passam a se repetir, cada vez com mais intensidade.
Uma boa ajuda para que esse fenômeno chegasse ao circuito comercial de cinemas veio de Steven Spielberg, que viu a filmagem original e sugeriu ao diretor do filme, Oren Peli, um israelense programador de videogames, alterações para que a cena final do longa-metragem causasse mais impacto.
Talvez Peli tenha concordado com a mudança justamente para não perder a chance de dar mais visibilidade ao seu filme, porque o fim realmente parece destoar um pouco de toda a proposta construída até aquela última cena.
O bonequinho de O Globo está dormindo, mas eu suponho que ele esteja de olhos fechados em virtude da tensão. O filme é bom para quem curte tensão. Não vejo outra vez, é claro, mas me divertir.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Hino do Flamengo

Uma vez Flamengo
Sempre Flamengo
Flamengo sempre eu hei de ser
É o meu maior prazer
Vê-lo brilhar
Seja na terra
Seja no mar
Vencer, vencer, vencer
Uma vez Flamengo
Flamengo até morrer
Flamengo
Sempre Flamengo
Flamengo sempre eu hei de ser
É o meu maior prazer
Vê-lo brilhar
Seja na terra
Seja no mar
Vencer, vencer, vencer
Uma vez Flamengo
Flamengo até morrer
Na regata ele me mata
Me maltrata, me arrebata
Que emoção no coração
Consagrado no gramado
Sempre amado, o mais cotado
No “Fla-Flu é o Ai, Jesus”
Eu teria um desgosto profundo
Se faltasse o Flamengo no mundo
Ele vibra, ele é fibra
Muita libra já pesou
Flamengo até morrer eu sou
É, eu sou

Da Série Contos Mínimos (texto)

"Apenas os oceanos são eternos". Leu diversas vezes esta afirmação e pensou na impossibilidade de Ser para sempre. Lamentou por uns dias. Concluiu, feliz, que a eternidade é tempo demais. Precisava descansar.

Seja na terra, seja no mar



Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...