domingo, 3 de janeiro de 2010

Ítaca (Poesia)

Se partires um dia rumo a Ítaca
Faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras, repleto de saber.

Nem lestrigões, nem cíclopes,
nem o colérico Posidon te intimidem!
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento
Se sutil emoção o teu corpo e o teu espírito. tocar
Nem lestrigões, nem cíclopes
Nem o bravio Posidon hás de ver
Se tu mesmo não os levares dentro da alma
Se tua alma não os puser dentro de ti.

Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais com que prazer, com que alegria
Tu hás de entrar pela primeira vez num porto
Para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir.
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos
E perfumes sensuais de toda espécie
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrinas
Para aprender, para aprender dos doutos.

Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas, não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim.

Rico de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu
Se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
E, agora, sabes o que significam Ítacas.
(trad. José Paulo Paz.)

Da Série Contos Mínimos (texto)

Xela não conhecia os códigos. Não se sabia em quaisquer lugares: praia, restaurante, cinema, escola, igreja. Nenhum lugar lhe era suficientemente familiar para se sair bem. Acho que aquele anjo torto também lhe disse: vai Xela! ser gauche na vida!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Comissão da Verdade (texto)

Tenho acompanhado via jornais (escritos e falados) o imbróglio em torno da criação da Comissão da Verdade que pretende investigar casos de torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar (1964-1985). E a impressão que tenho é a de que alguns militares (em uma leitura enviesada) estão confundindo crimes políticos com torturas, morte de militantes, ocultação de cadáveres, estupros etc. durante aquele período.
Sou pelo provérbio: Quem não deve não teme e acho, assim, como nas declarações do Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, ministro Paulo Vannuchi, que a Comissão não é contra as forças armadas, bem ao contrário, já que não quer colocar no mesmo saco militares honestos e torturadores, estupradores, matadores.
A Comissão também não pretende revogar a Lei de Anistia (1979) que extinguiu crimes políticos cometidos durante a ditadura ou é uma espécie de revanchismo (como afirmam outros). No entanto, essa reconciliação com a história não pode representar um acobertamento de pessoas que praticaram crimes de lesa-pátria.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Para onde vão as nossas coisas quando não estivermos mais por aqui?

Desde que a minha mãe morreu (dois meses e uns dias), tenho pensando muito no destino que os nossos objetos, depois que a gente morre, toma. Não é apego ou coisa parecida (e se fosse tb eu não teria nenhum problema em assumir), mas um pensamento que tem se tornado recorrente depois do que nos aconteceu. Eu, assim como muita gente, tenho acumulado, ao longo da minha pequena vida, alguns objetos (tais como CD´s - já foram os LP´s, um dia-; livros, objetos de decoração; utensílios domésticos, móveis, principalmente, e eles, de certa forma, contam um pouco da minha história (pessoal e profissional tb).
Quanto retornei à cada de meus pais e meu padrasto foi me mostrando alguns objetos de minha mãe fiquei tão emocionado com a história que cada um deles tinha: presentes, bijuterias, roupas, fotografias (de ex-alunos, de amigos, de sua história como professora), cartas pessoais, cartões comemorativos, certificados de cursos e tantas coisas que tiveram o seu tempo (não a importância de sua dona) e a sua história independentemente de minha mãe e que, certamente, terão um destino bastante diferente daquele pensado por ela para essas coisas (eu trouxe de recordação um xale vermelho que a presentei numa de minhas vindas ao Rio; o seu baralho de tarô, dois aneis - bijuterias -, e algumas fotografias).
Que destino dar aos meus CD´s? Aos meus objetos pessoais sem muito valor? Aos objetos que enfeitam os móveis de casa (sei apenas que os livros devem ir para uma biblioteca)?
E depois (de tanto tempo), o que acontecem com eles?
Bem, tenho uma ideia, eles se acabam com o tempo.

É hoje!

Hoje teria sido se não fosse. Estou agora pensando muito em vc e no seu dia! Muita saudade!

10% de realização? Tá bom demais!!!! (texto)

Em Copabacana depois de muito tempo para a queima dos fogos. Muita gente, mas nenhum tumulto, nada de brigas ou agressões, não vi nenhuma violência. Vi apenas muita gente em torno da comemoração da chegada do ano novo. Muita gente de branco ou amarelo (as cores clássicas), mas tb vi pessoas de vermelho, verde, azul, enfim, todas as cores do arco-íris.
E por falar em arco-íris, a festa foi democrática em alguns sentindos: brancos, negros, altos, baixos, gordos e magros, héteros e gays , as diferenças correspondiam ao número de pessoas na praia (2 milhões, aproximadamente).
A Queima (assim com maiúscula) foi linda! Acho que a mais bonita dos últimos anos (pelo menos que eu tenha presenciado), mas sempre acho que o mais interessante é o entorno da festa: o clima de esperança no ano que chega, as família reunidas, a alegria das pessoas.
Se 2010 chegar com dez por cento de tudo o que foi pedido, prometido, pensado, ele vem muito melhor do que o ano que se foi. Um feliz Ano novo para todos nós!!!!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

31 de Dezembro (texto)

Ainda que saibamos que o ano novo é um continuum, que a vida não recomeça, ou que começa do zero, o dia 31 é um dia especial porque cheio de esperança de melhores tempos, porque cheio de nas novidades que estão por vir, porque cheio de bons pensamentos e de desejos para o outro. Por isso, um dia especial para todos nós, cheinho de esperança acompanhada de muita sorte e realizações.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...