quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vai saber (texto)

Ontem foi um dia, no mínimo, curioso. Peguei um passageiro e até agora não estou acreditando nos nossos 20 minutos comuns. Nada do que ele dizia fazia sentido. Eu perguntava para ver se conseguíamos, minimamente, nos comunicar, e nada. Ele não falava coisa com coisa. Achei que estava bêbado, não era o caso.  Certamente era tantã, mas não tenho tanta certeza. Sei apenas que me senti em outra dimensão, na Ilha de Lost, talvez.
(Versão do motorista)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Sem entender uma palavra sequer (texto)

Entrei num táxi, fiquei "conversando" com o motorista por, pelo menos, 20 minutos sem entender nada do que ele dizia. Ele me perguntava (eu compreendia pela entonação que se tratava de uma pergunta) e respondia qualquer coisa, porque não conseguia entender nada do que ele falava. Ele aceitava a minha resposta (às vezes um aham) e dava prosseguimento àquilo que todo mundo chamaria de surto. Estou até agora sem entender o que se passou. Será que eu estava num episódio do Arquivo X?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E ai você gosta de Carnaval? Que vai fazer neste Carnaval? (A Cris pergunta)

A Cris, do Canto de Contar Contos, perguntou, num post recente, se gostávamos de carnaval. Pensei, pensei, pensei bastante para não dizer qualquer bobagem e afirmar que gostava ou não gostava assim no calor dos acontecimentos. Sei que já gostei muito, muito mesmo. E ficava esperando o sábado de carnaval para me divertir fantasiado. 
Pensando bem, antes mesmo dessa época eu já era um folião. Minha mãe me fantasiava de índio (já postei aqui a foto - tá aí acima) ano após ano e me levava para um clube. Não me lembro muito bem desse tempo. Mas as fotografias "não mentem". Além das histórias engraçadas que ela contou, muito tempo depois,  dessa época.
Na adolescência não podia perder um carnaval (daquele jeito que acha que o mundo vai acabar na quarta-feira de cinzas e tem que aproveitar até o último instante): fantasia de dia, fantasia de noite. 
Quanto eu já tinha idade para frequentar o baile de adultos (naquela época, não tão remota, isso existia) eu tinha que ir as quatro noites. Ficava como um doido (porque só doido mesmo) rodando o salão
Com os primos (postiços) Tony e Rose brinquei bastante. Saíamos fantasiados naqueles enormes grupos de foliões. Sei que isso durou um bom tempo, mas não sei, exatamente, quando isso terminou. 
Depois o carnaval virou sinônimo de viagem para a Ilha Grande. Era muito divertido. Os amigos Robson, Vera, Íngridi, Gil, Dias numa época e Sebastian e Ana noutra (não necessariamente nesta ordem e nem os grupos tão fechados e definidos). Esperávamos para reencontrar na mesma pousada os amigos dos anos anteriores. E aí o carnaval era praia de dia e conversa (bebida) à noite.
Isso tb passou.
Noutra época passei apenas a viajar para a praia com os amigos de Curitiba (já adulto). Aí o carnaval já havia se transformado em alguma coisa que nem sei explicar.
De volta ao Rio conheci a Vanise, pronto (!), perdição total. Até fantasia ela me obrigou a vestir (na verdade nem fui tão obrigado assim). Sambódromo. Desfile em escola de samba. Blocos de rua: Cordão do Bola Preta; Imprensa que eu gosto; Simpatia é quase amor; Banda de Ipanema; Carmelitas; Boi-Tatá etc. Bons anos!
Ultimamente, voltei ao programa praia, mas com música, não necessariamente de carnaval. Além disso tb reencontro alguns amigos. Um encontro praticamente anual em Florianópolis.
Este ano não sabia o que fazer, não estava animado. Até que uma mensagem me tirou o sono (uma vaga sobrando numa pousada). Comprei as passagens e vou, mais uma vez, para Floripa: naquele esquema: praia de dia e pousada à noite (porque nao sou de ferro e as pernas doem).
Acho que gosto sim de carnaval, mas um carnaval menos folião e mais reencontro. E você?

E se o tempo parou? (texto)

Tenho, às vezes, a impressão de que o tempo parou.

A Um Ausente (Carlos Drummond de Andrade)


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Templo é dinheiro (texto)

Recebi e, como não sou de quebrar corrente, mando pra frente.

Heliocentrismo - Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo, 03/12/2009

"Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter do jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico do departamento Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo.
Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos). É tudo muito simples. Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige número mínimo de fiéis.
Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio e seu CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da empreitada. Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios criadores. Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens colocados em nome da igreja.
Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes. Uma vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David ministros religiosos) e direito a prisão especial."

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Igreja Católica outra vez (texto)

Simone Scatizzo, de 79 anos, bispo aposentado de Pistoia (centro-norte da Itália) suscitou a ira dos grupos homossexuais italianos nesta sexta-feira (5) ao se declarar contrário a que os gays "declarados e ostensivos" possam comungar, ao considerar a homossexualidade "uma desordem, um pecado que exclui da comunhão".
Scattizo fez essas declarações ao portal de internet italiano "Pontifex.Roma". Ele disse que a homossexualidade "é uma desordem e que praticá-la e fazer ostentação da mesma é um pecado que exclui da comunhão".
No entanto, ele acrescentou que se um homossexual se aproximar dele para comungar não poderia se negar, já que não sabe se essa pessoa "teria se confessado, se arrependido e mudado de vida".

As palavras do prelado foram duramente criticadas nas páginas web dos grupos de gays, lésbicas e transexuais da Itália, assim como pelo presidente do maior coletivo gay do país, o Arcigay, Aurelio Mancuso, que denunciou uma "estratégia ofensiva e discriminatória do Vaticano".
Segundo Mancuso, "o Vaticano coloca na boca de bispos idosos aposentados as coisas mais horríveis contra os gays, com o objetivo de atacar a dignidade destas pessoas".
"O Vaticano de maneira hipócrita não tem nem sequer o valor de se expressar diretamente e levar sua guerra contra quem afirma livremente sua identidade. Os gays, lésbicas e transexuais fieis devem de deixar de lado esta igreja fascista, homófoba e cúmplice da violência", afirmou Mancuso em nota.
Da mesma forma que fez Scattizi, no passado outros prelados aposentados também se mostraram contrários a dar a comunhão aos gays, como afirmou o prelado emérito de Grosseto, Giacomo Babini, que qualificou a homossexualidade como "um pecado gravíssimo" e assegurou que ele jamais daria a comunhão "a alguém como Vendola".
Ele se referia a Nicki Vendola, presidente da região sulina de Apúlia, que se define publicamente como comunista e católico, e é homossexual declarado.
Babini também qualificou de "aberrante a prática da homossexualidade", disse que era um "vício contra a natureza" e se mostrou contrário a que as prefeituras financiem casas aos casais homossexuais.
Não foi o único, o bispo aposentado de Lucera-Troia, Francesco Zerrillo, disse há vários dias que "seria preciso convidar" os gays para não se aproximar da comunhão, "para não alimentar o escândalo da comunhão aos gays".
Nesse mesmo portal de internet, o cardeal mexicano e ex-ministro de Saúde vaticano, Javier Lozano Barragán, de 78 anos, afirmou no dia 2 de dezembro do ano passado que os transexuais e os homossexuais "jamais entrarão no Reino dos Céus, já que tudo o que vai contra a natureza ofende a Deus".

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...