A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff reafirmou nesta sexta-feira (8), em evento com aliados em São Paulo, que, se eleita, as mulheres que fazem aborto não serão tratadas como “questão de polícia”.
Segundo ela, as religiões “têm papel fundamental para esclarecer as mulheres” e não deixar que elas “incorram nesse tipo de atitude”. O encontro entre a petista e os aliados foi no Sindicato dos Metalúrgicos.
“Eles ficam falando que eu sou a favor do aborto. Eu quero dizer que eu, como pessoa, sou contra o aborto porque é uma violência contra a mulher. Agora eu, como presidente da República, não fecharei meus olhos para as milhares ou milhões de mulheres, adolescentes, mulheres pobres, que, em momento de desespero, sem proteção, porque não sabem se podem criar seus filhos ou não, cometem atos extremos e alguns deles que colocam a vida delas em risco. Eu não tratarei essas mulheres como questão de polícia. É uma questão de saúde”, disse.
“A gente terá de fazer uma campanha que una todas as igrejas, todas as comunidades, estado, município e governo federal e que assegure para todas as mulheres, em qualquer estágio de gravidez, que elas poderão criar seus filhos com dignidade”, afirmou a petista.
Dilma voltou a citar sua vida pessoal como exemplo de que não é a favor do aborto.
“Vi minha filha única se aproximar da hora do parto, vi meu neto nascer e ser batizado. Quero dizer para vocês que uma pessoa que viu a manifestação da vida dentro da sua família não pode jamais ser contra a vida.”
A candidata argumentou que o governo Lula é "a favor da vida" porque elevou as condições econômicas da pessoas. Dilma ainda disse que sua candidatura representa “a corrente do bem”. “No dia 31 [de outubro], vamos olhar para a urna com aquela alegria porque vamos ser vitoriosos. Nós, de fato, representamos a corrente do bem, e não a corrente do mal que campeia por aí”, disse a candidata.
“Esse é o verdadeiro projeto a favor da vida. Esse projeto colocou na ordem do dia o resgate da família brasileira porque, quando elevaram a desigualdade no país a níveis absurdos, a consequência disso foi uma só, o esfacelamento da família”, disse a petista.
Participaram do evento o candidato a vice na chapa de Dilma, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB), senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira (PDT-SP), entre outras lideranças dos partidos aliados.
'Liberdade de crença e religião'
No discurso, Dilma falou ainda em “liberdade de crença e religião”. “Aqui, as igrejas todas convivem, aqui nunca conhecemos guerra religiosa. Aqui tem um povo generoso e temente a Deus.”
Antes da petista, o senador Aloizio Mercadante (PT), que concorreu o governo de São Paulo, disse que o “terrorismo, o medo e a mentira” são usados como “arma política” atualmente.
Ela afirmou que o mesmo ocorreu em 1989, quando Luiz Inácio Lula da Silva disputou a presidência da República, e relembrou a militância política ao lado da senadora Marina Silva (PV), que deixou o PT em 2009.
“Eu me lembro, em 89, a Marina, que sempre foi uma mulher de fé, a indignação dela quando diziam que o Lula fecharia todos os templos evangélicos desse país. Está aí: oito anos de governo, liberdade religiosa, respeito mais absoluto ao culto, à fé de cada um”, afirmou.
Coração de Marina 'bate do lado esquerdo', diz senador
Mercadante, que foi líder do governo no Senado, também pediu o apoio de Marina no segundo turno, afirmando que o coração dela “bate do lado esquerdo”. A senadora do PV ficou em terceiro lugar na disputa pela Presidência da República, com quase 20 milhões de votos. O apoio dela no segundo turno é disputado pelo PT e pelo PSDB.
“Não teve uma votação que eu não estivesse com Marina no plenário durante esses sete anos enquanto ela era ministra e quando ela voltou a ser senadora. E sempre contra quem? Contra os mesmos que hoje dizem que querem o apoio dela. Minha querida Marina, seu coração bate do lado esquerdo. Você pode mudar de posição, e eu respeito a Marina porque acho que é sincera a luta que ela desenvolve. Mas você Marina, pela sua história e pela nossa história, você não pode mudar de lado, seu lado é aqui, é junto com Dilma, é junto com Lula”, disse.
O ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB), que passou a fazer parte da coordenação de campanha de Dilma no segundo turno, discursou antes da candidata. Ele disse que foi questionado por estudantes sobre as alianças na coligação.