domingo, 31 de janeiro de 2016

A casa está à meia luz e isso não significa um encontro romântico.


Sabemos todos, ou pelo menos, todos nós aqui da AD que as palavras adquirem seu sentido a partir do lugar que o sujeito que a produz ocupa. Portanto, não há sentido antes dela ser proferida. Até aí, Inês é morta.
Acordei cedo, claro que sem me programar, claro que sem vontade, claro que com algum sono ainda para colocar em dia. Sempre tenho muito sono pela manhã. 
Desde sempre foi assim. Ainda que eu frequentasse a escola pela manhã quase toda a minha vida e trabalhado também durante o dia, com raríssimas exceções. Parêntese importante apenas para situar o texto e a situação de acordar assim sem precisar (hoje é domingo).
Pego o meu celular para saber das horas. Assim que eu o ligo, aparece uma página para eu reconfigurar o TP_LINK que distribui o sinal da internet em casa. Tento fazer isso algumas vezes sem sucesso, o sono vai embora, e nada acontece. A internet não funciona.
Bem, como o sono se foi, melhor me levantar, fazer um café, e me sentar para continuar a leitura de uma tese cuja defesa será na quinta-feira, próxima.
Descubro imediatamente, porque parece um dia de inverno e a casa está escura, que a luz está meio estranha. Meio estranha significa que tem luz numa parte de casa e noutra não. Num outro ambiente, tem luz numa lâmpada e noutra não. Começo a ficar preocupado com os sons que ouço (aqueles sinais eletrônicos dos aparelhos de casa) e aí percebo que a geladeira ora funciona ora não funciona e isso acontece com todos os outros eletrodomésticos. Sem exceção.
Bem, o que fazer quando a sua casa está parte com luz e parte sem? Não sei! Isso nunca aconteceu comigo em qualquer lugar e em momento algum dessa vida ou de outra, que eu me lembre.
Ligo pra companhia responsável pela distribuição de energia no meu Estado, COPEL. Sou logo atendido, o que já me deixa desconfiado. Normalmente, ficamos ouvindo Für Elise até não aguentar mais ou a paciência implodir. Esta da paciência implodir, não demora muito com aquele aparelho colado ao meu ouvido escutando essa música chatéssima (porque conseguiram estragá-la em virtude de estar associada à espera de  alguma coisa: atendimento via telefone, principalmente. Havia também o caminhão do gás.) ou com aquelas falas sobre ser atendido em não sei quanto tempo, ou ainda com aqueles anúncios de algum produto da companhia.
A senhora que me atende, muito educado e solícita, me diz que a COPEL vem até o meu endereço “Com urgência”. Ela disse “Com urgência”?!.
3 horas depois, estou aqui escrevendo este texto e nada de alguém aparecer. Nem ninguém, nem COPEL, nem o espírito santo. A casa continua na mesma. Qual é mesmo o sentido da palavra Urgência?
Torno a ligar uma hora depois, ainda pacientemente, e explico que o "Com urgência" deve estar com algum problema. Aproveito para perguntar o que devo fazer já que a geladeira, principalmente, liga e desliga sem parar. Sou instruído a tirar “tudo” das tomadas. E ouço, outra vez, que a COPEL “com urgência” vem até o meu apartamento porque, muito provavelmente, se trata de um problema interno já que nenhum vizinho ligou para reclamar.
Aquilo que era preocupação com a falta de luz em cômodos diferentes da casa apenas aumenta porque se é um problema interno, isso pode demorar a ser solucionado e pode significar um curto em algum lugar da casa.
Espero mais meia hora e torno a ligar. Outra vez a mesma agilidade no atendimento. Isso é muito estranho! No entanto, aquela paciência já foi embora faz uns 20 minutos. Estou sozinho agora comigo mesmo. E ao ser atendido já parto para os questionamento sobre a Urgência da situação! Tudo continua o mesmo. Não aparece ninguém para nenhum reparo.  A casa está a meia luz e isso não significa um encontro romântico. O que a COPEL vai fazer diante disso e depois de 3 horas de espera? 
Bem, aí o que era um bom atendimento passa a ser uma repetição sem precedentes. Todas as respostas não me dizem nada. Tudo o que me é explicado não faz qualquer sentido e diante disso, não há o que fazer porque sou refém desse atendimento e dessa companhia.

sábado, 30 de janeiro de 2016

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Da Série: Contos Mínimos

O carro novo, as chaves de casa, aquela ideia para o novo artigo, o livro com as bordas escritas, a camisa azul, o CD novo e pouco ouvido. Tudo ficou a sua espera. Para sempre.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A mentira espreita

Uma boa parte das pessoas, pelo menos aquelas com as quais convivo/convivi com certa aproximação, vão metendo os pés pelas mãos sem pensar nas consequências de suas atitudes tanto para com os outros quanto para si próprias: fazem e pronto e só depois vão medir as consequências do que fizeram. Ou não. Às vezes nem estão aí para os seus comportamentos. Bem, é uma opção de vida. E cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, já dizia Caetano.
Bem, por que estou falando sobre isso? Vou me explicar. Tenho um aplicativo no meu celular que possibilita conhecer pessoas. Ali tem, naturalmente, todo o tipo de gente: solteiros, em sua grande maioria, mas também casais que andam a procura de outros parceiros, e, além disso, uma infinidade de status sociais que não dariam para descrever aqui sem me ocupar exclusivamente disso. E, por hora, não é este o caso.
Normalmente, não envio mensagens para ninguém, salvo raríssimas exceções. Hoje, pela manhã, recebo uma mensagem de um rapaz de aproximadamente 23 anos. Um parêntese: gostaria de entender essa fixação de pessoas mais novas por pessoas muito mais velhas. Eu não era assim. Nunca fui. E talvez por nunca ter sido assim, eu não compreenda esse comportamento. Bem, esta postagem também não é sobre isso. Parece até que estou dando voltas. Não é este o caso.
Conversa vai, conversa vem. O rapaz me diz que está se mudando da sua cidade para Cascavel, nos próximos dias, porque vem estudar por aqui. Que está animado com a mudança. Feliz com a graduação que vai fazer etc etc etc.
Continuamos a nossa conversa... perguntas vão, perguntas vêm e ele me diz, numa certa altura, depois de eu dizer que estou solteiro há algum tempo, que está "enrolado". Estar enrolado, para quem não sabe, significa ter alguém, ter um namorado ou alguém com quem se tem alguma relação, seja lá o que isso possa significar. Não é o mesmo de estar sozinho e muito menos de não ter nada com alguém. Estar enrolado é ter alguma coisa, do contrário não se estaria enrolado. Ponto.
Bem, o cara tem alguém e está num aplicativo? As pistas estão sempre nas nossas caras: naturalmente, o perfil dele não tem nenhuma foto, identificação, localização. Ou seja, próprio de quem tem alguma coisa a esconder.
Outra coisa, não estou aqui reclamando ou julgando o comportamento dele. Não tenho e não terei qualquer envolvimento afetivo com esse rapaz. 
Além disso, a gente faz o que quer, o que pode, o que o nosso caráter permite etc e tal. O que me incomoda é o fato de você fazer essas coisas sem sequer pensar que pode estar envolvendo alguém e, o mais grave, magoando uma outra pessoa. Por que não resolver antes? Por que deixar tudo mal explicado? Por que não jogar limpo? Resolver uma relação e depois partir para uma outra história pode não ser o mais fácil, mas é o mais honesto: consigo e com o outro, né não? 
Pode não ser o menos dolorido, mas quem disse que a verdade e a vida não doem? A verdade dói e, normalmente, é terrível, mas, diferente da mentira, a gente supera. A mentira, nunca! A mentira deixa marca. A mentira deixa pista do seu caráter e não sei se é possível um dia apagar a sua presença: a mentira ronda pra sempre. A mentira é sempre o que eu me lembro primeiro. Ela deixa seus rastros.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O Rio é a minha cidade

Indo embora. Estas férias foram muito melhores do que imaginei e planejei. Me diverti, conheci gente bacana, fui à praia, ao cinema, a shows. Consegui deixar o ap. arrumado, limpo, pintado e volto com saudades da minha casa, no Paraná.
Fazia tempo que eu não tinha dias tão gostosos quanto estes: em geral, eu ficava ansioso para fazer muita coisa e acabava não me divertindo com a quantidade. Desta vez, coloquei ordem na casa e fiz exatamente o que dava pra fazer, sem pressa, sem ficar chateado com o tempo que passava. Fiz o que eu queria fazer sem aceitar os convites neuróticos de alguns amigos pra fazer tudo: gosto de tranquilidade, muita agitação me deixa tenso, muita informação me estressa, muita falação me cansa.
Também descansei, assisti a filmes em casa, vi TV, ouvi muita música e passeei pela cidade. Gosto de andar pelo Rio, olhar e fotografar.
Vou embora feliz. Vou embora com a sensação de que a cidade me pertence outra vez. Com a impressão de que o Rio é diversão, mas é também memória, é onde alguns grandes amigos moram e estão disponíveis pra mim.
Vou embora com saudade: do seu Alencar, de Kátia, de Vera, de Robson, de Nanci, do Erik, do Alessandro e do Jean-Phillippe. Vou mas volto porque o Rio é a minha cidade.

Carol - O filme

Nova York, década de 1950, mesmo em se tratando de uma história de amor entre duas mulheres, Carol (filme de 2015) consegue inspirar esperança. E quando eu escrevo "mesmo em se tratando de" quero deixar claro que me refiro ao tempo retratado e as dificuldades ainda bem atuais quando o tema é o amor entre duas pessoas do mesmo sexo, sobretudo, entre duas mulheres.
O filme retrata a atração entre duas mulheres e nos mostra como, nos EUA, hoje conhecido pela diversidade de pensamento, a opressão da sexualidade era vivida.  É claro que há muito mais acontecendo entre a história delas e as suas vidas: um casamento acabado, a guarda da filha etc. A imagem escolhida por mim para ilustrar o post representa a  turbulência vivida por Carol. A gente   fica num lugar meio estranho porque não sabe ao certo se está feliz ou triste pelas duas mulheres. 
O roteiro é adaptado do romance The price of salt, publicado em 1952, da norte-americana Patricia Highsmith. Ao lançar a história, a autora usou um pseudônimo Claire Morgan, e não é muito difícil saber o por quê. Apesar disso, o que marca o livro e o filme é a abordagem relativamente otimista do romance lésbico: o amor está acima do preconceito.
Vale assistir com atenção: a cena final captura com muita sutileza um momento da vida com o qual todo mundo que já se apaixonou vai se identificar. Eu recomendaria não tirar o olho de Carol até o fim do filme.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...