sexta-feira, 27 de maio de 2016

O buraco sempre é mais embaixo

Uns dizem que chegamos no fundo do poço. Eu acho, porque sou pessimista, que o buraco ainda é mais embaixo. 
Depois da divulgação tardia dos grampos de  Sérgio Machado, pela Folha de São Paulo, em relação à articulação dos políticos do PMDB sobre o impedimento da presidenta Dilma, muito pouco ou quase nada tem sido falado sobre o papel do STF nesse processo.
As escutas trazem informações sobre o envolvimento de ministros do Supremo Tribunal Federal e políticos da oposição nessa articulação, mas, quando esses mesmos ministros são ouvidos, eles falam tão somente sobre a Operação Vaza Jato que não sofreu interferência alguma.
Bem, é verdade que tudo continua funcionando como sempre esteve. É aí que mora o perigo ... porque se continua funcionando como sempre funcionou significa dizer que a forma de apuração vai continuar sendo feita sobre uns em detrimento de outros. Que aquelas tão esperadas respostas sobre o envolvimento de políticos de outros partidos (além do PT), alguns citados em quase todas as delações, continuará sobre o forte impacto do silêncio.
E o Jucá? Basta que ele saia do ministério? Nada mais vai acontecer? E o Senado diante disso? E o Renan? E o Sarney? As máscaras caíram, e...? Tudo certo agora? A Folha divulga e pronto, ela fez o seu papel, volta ao patamar de ser um jornal que fala sobre e ponto final?
Acho de verdade que se não formos para a rua mostrar a nossa indignação com tudo isso, nada vai mudar. Acho também que não vai adiantar nada ficar em casa esperando um milagre porque ele não vai acontecer. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Fico num absoluto silêncio ouvindo-o como se eu, atrás da porta, escutasse um grande segredo. O vento sopra assustadoramente do lado de fora. Ele quer me dizer sobre o que ele faz, sobre o que ele pode fazer. 

sábado, 14 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

O dia que vc quiser lembrar de mim, dê uma olhada no retratinho que tiramos juntos. Eu digo isso porque também tenho medo de que um dia vc me esqueça. Eu também tenho saudades do meu pai, tenho saudades de tudo.

sábado, 7 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Neste sábado, numa manhã qualquer, fria-silenciosa e solitária. Desses dias comuns. Os dias passam em passos largos ao lado da vida.

domingo, 24 de abril de 2016

Me pego cantando sem mas nem porque

Minha mãe, outra vez a minha mãe (Freud deve explicar), tinha umas manias engraçadas. Dentre elas, dona Heloísa não gostava de roupas que a apertassem. As camisetas de ficar em casa eram cortadas de forma que não houvesse gola ou mangas.
Ela não usava, em casa, anéis, cordões, relógios, brincos porque ela se sentia sufocada. E eu achava tudo isso uma grande maluquice. Achava engraçado e, verdadeiramente, acreditava que aquele comportamento era mesmo uma anormalidade.
Bem, tempo vai, tempo vem e eu me pego agindo da mesma maneira e se me dou conta dessa repetição, me transbordo em saudade.
Até pouco tempo eu conseguia ir tranquilamente para a cama de relógio. Não mais. Aquela coisa me pesa no pulso de uma determinada maneira que eu não consigo dormir. É uma luta.
Camisetas que me apertem a cintura, o pescoço, ou os braços são imediatamente descartadas.  Dormir de meia se tornou impossível. 
Em casa, gosto mesmo de roupas largas que me deixem à vontade,  escolho aquelas que não me impeçam os movimentos. Do contrário, me sinto sufocado. Vai me dando uma angústia que ou eu saio daquele lugar ou o meu humor vai por água abaixo.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Com muita frequência

Fazia tempo que eu não sonhava tanto com a minha mãe. Isso tem acontecido frequentemente, nestes dias. Sonhos estranhos e tristes que me deixam mal. A única coisa boa disso tudo, é a sensação de estar verdadeiramente com ela. Sentir a textura da pele, o cheiro, ouvir a voz, o toque. Mas ao acordar uma mistura de alívio e de angústia.

Eu ainda tenho uma boa parte de sono pela frente

Acordei achando que era sábado. Em boa parte da manhã agi como se estivesse no dia internacional, Belga, da limpeza semanal. Pensei, inclusive, nos trabalhos que eu tinha/tenho para fazer até segunda-feira pela manhã, antes de voltar para a universidade. Nem me dei conta da semana curta. Ao contrário.
Acho que, como na segunda eu já estava bem cansado (e verdadeiramente, eu estava), achei mesmo que, diante de tanta coisa que aconteceu, eu só podia mesmo estar naquele momento de descanso total e intransferível. O corpo pedia e eu não hesitei em lhe permitir esse descontrole temporal por meia manhã.
Alegria foi descobrir que, ao contrário do que eu pensava, ainda era quinta-feira e eu poderia ficar mais alguns dias assim nesse clima de final de semana prolongado.
A mesma sensação de acordar no meio da noite achando que está na hora de me levantar e descobrir, instantes depois, que eu tenho ainda uma boa parte de sono pela frente.

Primeiro eu, se tiver mais tempo, eu também...porque pra mim é só o que importa

Às vezes, a vida nos apresenta aquele tipo de sujeito que caminha com holofote portátil. Tudo precisa apontar para o seu EU , como se o rest...