Na última sexta-feira, leitores e um fotógrafo freelancer da Lado A, Gregori, foram expulsos da festa Vivo Conectado na casa noturna Liqüe, em Curitiba, depois que dois rapazes trocaram beijo no local. Por volta das 3h da manhã, quando se encontravam no fumódromo, dois rapazes se beijaram e foram advertidos pelos seguranças da casa de que não era permitido dois homens se beijarem, segundo relato das vítimas. Um amigo dos rapazes sacou o celular para filmar a confusão e teve deu aparelho derrubado ao chão e foi expulso pelos seguranças.
Já do lado de fora, a confusão recomeçou quando os outros rapazes foram conduzidos para fora da festa. Este momento rendeu um vídeo em que aparece um funcionário da casa ou da festa tentando tomar o celular da mão da pessoa que fazia as imagens. Os rapazes acabaram a noite com hematomas das chaves de braço e sossega leão que receberam. Convidados em redes sociais para o evento da operadora telefônica Vivo, os leitores agredidos querem processar a empresa que promoveu o evento e a casa noturna.
Segundo relato, uma pessoa que se identificou como Rafael Mueller e “dono da festa” teria dito que a instrução seria sua e que gays teriam outros lugares para fazerem essas coisas, se referindo a beijos. O grupo ficou indignado pois afirmam que não estavam protagonizando cenas picantes e apenas trocaram um beijo. Outros leitores afirmaram que mesmo após a expulsão do grupo, outros casais gays foram impedidos de se beijar na festa. Algumas pessoas saíram junto com o grupo em solidariedade.
Nesta segunda-feira, no Twitter, a Lique (@liqueclub) se defendeu acusando os rapazes de estar praticando indecências (chegaram a afirmar que um deles colocou a mão dentro das calças do outro) e afirmou que as imagens são da confusão que se deu por um dos rapazes fumar em local proibido.
Na página no Twitter do evento (@ vivo_conectado), a organização atesta a declaração da casa e afirma que eles tiveram “um comportamento inadequado e contra a lei para um ambiente público”, que não houve violência, que foram convidados a se retirarem e que o uso de força aconteceu quando tentavam voltar para a festa.
Para a Lado A, Diogo, publicitário de 23 anos, que aparece no vídeo, afirma que os seguranças da casa usaram força exagerada e que não o arrastaram na pista da casa, sendo que saiu por sua vontade para não passar pelo vexame de ser arrastado pela pista. Ele afirma que quando aguardava a viatura da polícia do lado de fora acendeu um cigarro em local errado e ao ser informado seguiu para a rua, sem qualquer estresse. Quando seus amigos saíram que o vídeo foi feito, momento em que a confusão reacendeu. Na ocasião, os seguranças da casa agrediram Léo, que filmava a cena e correram atrás dele. Ele relata ainda que o policial que foi até o local inicialmente se negou a registrar a ocorrência, afirmou que gays tem local próprio para irem e que ele poderia depois procurar uma ong que defende os gays, em tom de ironia.
Nesta terça-feira, os rapazes estarão em companhia de uma das maiores advogadas do Brasil de direitos dos homossexuais para registrar queixa e farão a denúncia ao Ministério Público do Paraná. Até o momento, a Lado A ouviu 18 pessoas que presenciaram em diversos momentos os seguranças da Liqüe pedindo para gays não beijarem dentro da festa.
Em 2008, um casal gay foi expulso da casa por acompanharem dois homens que se beijaram dentro da Liqüe. Na ocasião, a casa afirmou que não tem preconceito, discurso reproduzido novamente. Um grupo promete para esta quinta-feira um beijaço na frente do clube em protesto aos eventos acontecidos no evento da Vivo.
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