Duas
situações recentes me motivaram escrever este pequeno post (texto): a
primeira, foi uma pergunta que me fez uma amiga, psicanalista e pesquisadora do
Rio de Janeiro depois da apresentação do meu trabalho sobre a Construção de identidades homossexuais na
mídia, Maria Cláudia Maia, na II Jornada do E-l@dis – Conceitos e(m) Rede, organizado pela professora e
amiga, da USP de Ribeirão Preto, Lucília Maria Sousa Romão. Este evento
aconteceu nos dias 1º e 2 de dezembro deste ano. A pergunta foi a seguinte: Quem são os homossexuais?
A
segunda situação, um texto do diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto para a
Folha de São Paulo sobre A Parada Gay (texto reproduzido aqui
neste blog).
Sobre
a pergunta da professora Maria Cláudia e também sobre a resposta que lhe dei,
ou sobre a tentativa de resposta, para ser mais sincero: disse-lhe que não
sabia quem eram os homossexuais. Ou melhor, eu disse que os homossexuais com os
quais nos relacionamos no nosso dia a dia são (somos) ou podem (podemos) ser
quaisquer um. Não se pode saber exatamente quem são, já que a sexualidade não define a existência de
ninguém.
Quanto
ao texto publicado pelo diplomata, posso adiantar que fiquei impressionado com
a sua exposição (e clareza) sobre a função, em seu ponto de vista, da Parada
Gay. Segundo Alexandre, as Paradas deveriam ter um caráter mais político e
menos carnavalizante, carnavalesco, festivo ou coisa parecida.
Ainda,
segundo ele, ir à Avenida Paulista para se divertir, beijar, se fantasiar etc. é fácil ou mais fácil do que
reivindicar direitos e tratamento respeitoso por parte da população, por parte
dos políticos (já que estes são os representantes legais também dos
homossexuais ou dos LGBTs).
Ele
escreve que não há do que se orgulhar em se tratando da forma como os
homossexuais (vou me referir assim a sigla LGBT) vivem aqui no país ou como são
tratados.
A
ideia seria se mostrar, não usando plataforma de salto 18, perucas azuis,
sungas, peitos e braços de fora, fantasias diversas, mas a forma como somos nos
364 dias que restam do ano. Ou seja, quem são os homossexuais, o que fazem?
Sou
o bombeiro que apagou o fogo da sua residência ontem, o médico que amparou o
seu filho que nasceu, o guarda de trânsito, o cirurgião que fez o seu
transplante de coração, o caixa do supermercado, o atendente do telemarketing,
o professor do seu filho, a enfermeira que lhe deu os primeiros socorros, o
homem no ônibus que lhe cedeu o lugar para se sentar, o dentista que cuidou do seu dente e acabou com a sua dor. Eu sou qualquer coisa e o fato de eu ser homossexual não define a
minha existência assim como o fato de você não ser, não define a sua.
Eu
tenho as mesmas necessidades que você tem, exijo o mesmo tratamento que você
tem, tenho os mesmos direitos e deveres que quaisquer pessoas têm. Nós somos todos
iguais. A minha sexualidade não define o meu caráter, a minha capacidade. A
minha sexualidade define apenas o meu desejo sexual e isso, se comparado ao
tanto que sou, não representa muito mais do que isso representa ou importa.
Não
estou, no entanto, pedindo a sua compreensão, a sua tolerância, estou exigindo
respeito. Não estou pedindo nada que lhe pertença, não quero nada que seja seu,
mas não posso deixar de querer o que é meu: o direito de eu ser o que sou.
Adoro suas visões críticas. Parabéns pelo blog. Leio com frequência
ResponderExcluirGostei muito! Mas te pergunto: será que o que incomoda de fato é a sexualidade "invertida" ou o gênero "invertido"? Será que os participantes da parada gay não estão de alguma forma certos em sair para rua "chocando" as pessoas justamente naquilo que mais incomoda elas? Justamente na impossibilidade deles serem respeitados fora das suas profissões e comportamentos "respeitáveis". Se eu for um travesti e não mostrar isso no meu dia-a-dia, tudo bem, posso até ser desde que isso fique restrito ao gueto. Concordo que não é a sexualidde de que me define, mas talvez o gênero me defina. E é esse que incomoda, de fato! Não te parece?
ResponderExcluirChorei. O homossexual é eu, é outro, como qualquer eu e qualquer outro, na mesma dimensão de não saber de si e errar no mundo no sentido que se queira. O heterossexual também. O outro assusta o eu que assusta o outro, enquanto todos se assistem, e, na mesma medida, não se suspeitam - em todos os sentidos ou em nenhum deles. O não saber de si leva à contemplação do que parece escandalosamente ser outro. E a contemplação nem sempre é pacífica.
ResponderExcluirRespeito é, de fato, ter o direito de ser quem se é.
ResponderExcluir:) saudade das suas aulas, professor!
Estou muito cansada para um comentário mais longo, mas não posso concordar mais com o post.
Olá,
ResponderExcluir" Das alturas orvalhem os céus,
E as nuvens que chovam justiça,
Que a terra se abra ao amor
E germine o Deus Salvador"...
Fico tão sem palavra para agradecer o carinho imensurável com que me cumula ao longo do ano que só posso lhe dizer que:
Seja muito abençoado e feliz, amigo!!!
Bjm de paz e FELIZ NATAL... apesar de qualquer vestígio de dor em seu coração....
"Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,
e então saberás que eu me feri e também me curei."
Tagore
Olá, querida
" Das alturas orvalhem os céus,
E as nuvens que chovam justiça,
Que a terra se abra ao amor
E germine o Deus Salvador"...
Fico tão sem palavra para agradecer o carinho imensurável com que me cumula ao longo do ano que só posso lhe dizer que te amo fraternalmente...
Seja muito abençoada e feliz, amiga!!!
Bjm de paz e FELIZ NATAL... apesar de qualquer vestígio de dor em seu coraçãozinho....
"Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,
e então saberás que eu me feri e também me curei."
Tagore