Ontem um amigo das antigas, lá do Rio de Janeiro, respondeu a um post que publiquei no Facebook sobre ensinar as crianças a respeitar as diferenças. Segundo ele, a linguagem usada nesses posts, palavras dele, davam a entender que as crianças deviam ser obrigadas a aceitar uma certa situação que nem mesmo os adultos sabiam ao certo se a aceitavam ou não. Disse ainda que parecia que queriam (indeterminado) empurrar garganta abaixo um certo comportamento.
Além de respondê-lo, usando para isso a situação dos negros (nos EUA e aqui no Brasil), já que ele é negro e, talvez, a partir desse exemplo ele pudesse pensar melhor sobre o que havia escrito, fiquei pensando em como não percebemos a ideologia falando através de nós.
Por exemplo, a bem pouco tempo atrás, as mulheres não podiam votar, trabalhar fora, se separar de maridos violentos, reclamar de maus tratos, deviam manter casamentos infelizes porque era assim que devia ser (eu poderia elencar tantos outros exemplos). Era dessa maneira e pronto.
Quanto sofrimento!! Quanto desrespeito em relação à mulher! O que fez com que essa situação mudasse não foram lutas por direitos iguais? Não foram mulheres (e homens) dando a cara a tapa para que elas e outras (que hoje sequer dão conta desse movimento porque hoje é natural que não seja mais daquele jeito) tivessem os mesmos direitos que os homens (e olha que ainda falta bastante para sermos tratados com igualdade e o mesmo respeito)?
Pois bem, não tenho dúvida em relação a isso. O mundo muda a partir das vontades de mudança. Ou alguém ainda em sã consciência acredita que homens são superiores às mulheres? Que homens devem ganhar mais do que as mulheres? Que homens são mais capazes que as mulheres? Duvido!
Naturalizar comportamentos como se eles tivessem que ser como são ou não conseguir parar para pensar que os sentidos cristalizados (sobre sexualidade, posição políticas etc) poderiam ser outros, é, não perceber a ideologia produzindo os seus sentidos de naturalidade em nós.
Crianças devem sim saber respeitar os outros. A educação escolar é fundamental nesse sentido (ou deveria ser): o mundo não é o quintal da nossa casa, não é apenas, pelo menos. Tampouco, é só o que acreditamos que ele seja.
Não devemos deixar que nos empurrem garganta abaixo nenhuma verdade, mas não podemos enfiar goela abaixo as nossas vontade e crenças.
Ótimo texto....
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