Tenho ouvido ultimamente, com mais frequência, manifestações em prol da "Família", da "família tradicional", da "família cristã", da "família normal" etc. E, é claro, que isso tem com muita frequência também me irritado muito, me irritado demais, me irritado profundamente a ponto de eu ficar horas pensando a respeito dessas "manifestações". Elas, as manifestações, partem de muitos lugares, sobretudo de pessoas ligadas às religiões.
Isso mesmo, manifestações ligadas às pessoas que pregam o "amor ao próximo", um dos mais importantes princípios religiosos. Contraditório, né? Somos assim, contraditórios.
Isso mesmo, manifestações ligadas às pessoas que pregam o "amor ao próximo", um dos mais importantes princípios religiosos. Contraditório, né? Somos assim, contraditórios.
Essas manifestações não são na verdade em favor dessa ou daquela composição familiar, as citadas acima, mas, na verdade, contrárias as ditas "novas" formas de organização de famílias. Sobretudo, ou principalmente, às famílias organizadas a partir de duas pessoas do mesmo sexo: homem e homem ou mulher e mulher, ou seja, as famílias homoafetivas.
O que me deixa verdadeiramente irritado é o fato de que quem se manifesta contrariamente às "novas" formas de composição familiar não faz ideia (na verdade, finge não fazer) de que o que se adjetiva por "nova" não tem novidade alguma. A novidade está no fato de as pessoas, esses que compõem a "nova organização familiar", não mais se esconderem dentro de suas casas envergonhados de seus sentimentos. E isso, pelo visto, é o que anda incomodando tantas pessoas, a possibilidade de se demonstrar que o amor não é, ou melhor, nunca foi restrito às pessoas heterossexuais. Amor não escolher orientação sexual, por falar nisso.
Sempre existiu homossexuais. Isso é fato, mas a novidade está justamente na insatisfação de ter que se comportar como se não fosse. Isso incomoda mesmo muita gente, mas por quê?
Primeiro, por uma incapacidade de agir em outras frentes. Se se tivesse outras coisas para fazer e se preocupar, muito provavelmente, não haveria tempo para discutir o desejo do outro. Quem tem muito o que fazer, quem tem a sua vida para se preocupar não tem tempo para isso. Ou, quem se preocupa muito com a vida dos outros está, na verdade, deixando de olhar para a sua própria vida, talvez porque assim seja mais fácil viver.
Depois, se a preocupação fosse mesmo com o que se entende por "família normal", aquela composta por um casal heterossexual e seus filhos, deveria haver uma organização contrária à tudo o que desestabilizasse essa organização. E esse movimento não existe.
E ainda, em "nome da família tradicional" soa mal pra cacete, primeiro porque se as famílias nunca foram compostas exclusivamente dessas maneira. Minha família, por exemplo, era formado por mim e minha mãe, apenas. Ficamos assim durante muito tempo. E olha que eu não era exceção, eu tinha muitos amigos que viviam da mesma forma. Além de outras formadas por um homem e seus filhos, por avós e netos, por irmãos apenas etc. etc. etc.
E ainda, em "nome da família tradicional" soa mal pra cacete, primeiro porque se as famílias nunca foram compostas exclusivamente dessas maneira. Minha família, por exemplo, era formado por mim e minha mãe, apenas. Ficamos assim durante muito tempo. E olha que eu não era exceção, eu tinha muitos amigos que viviam da mesma forma. Além de outras formadas por um homem e seus filhos, por avós e netos, por irmãos apenas etc. etc. etc.
Sempre houve, como já estamos cansados de saber, pessoas do mesmo sexo vivendo como casais. Isso é histórico. Não há novidade alguma nisso. A novidade está, repito-me, no desejo de requerer esse direito do Estado, ou seja, não mais se acomodar fingindo que aquele com quem se divide a casa é um primo, sobrinha, amigo, colega de trabalho etc.
Fico sempre me perguntando se essas manifestações não estariam mesmo acontecendo justamente porque não há mais volta em relação a isso. Daqui para frente os ganhos, pelo menos, no Brasil, serão todos, mais cedo ou mais tarde, na direção do Estado reconhecer os direitos de todos os cidadãos, sem distinção.
Daqui para frente, e não adianta, achar que poderia ser diferente, não vai ser, não há mais tempo para isso, os homossexuais (incluo aqui todos da sigla LGBTT) vão exigir direitos e espaços nunca antes exigidos, porque eles, os espaços e direitos, são de todos.
Não adianta espernear, pedir a Deus (até porque Deus não vai entender seus argumentos "velhos" e "tradicionais), chorar, é um caminho sem volta: todos temos os mesmos direitos. E a sua vontade não pode ir além disso. Você não pode querer que todas as pessoas se comportem de uma mesma maneira. Isso não é normal!
Fico sempre me perguntando se essas manifestações não estariam mesmo acontecendo justamente porque não há mais volta em relação a isso. Daqui para frente os ganhos, pelo menos, no Brasil, serão todos, mais cedo ou mais tarde, na direção do Estado reconhecer os direitos de todos os cidadãos, sem distinção.
Daqui para frente, e não adianta, achar que poderia ser diferente, não vai ser, não há mais tempo para isso, os homossexuais (incluo aqui todos da sigla LGBTT) vão exigir direitos e espaços nunca antes exigidos, porque eles, os espaços e direitos, são de todos.
Não adianta espernear, pedir a Deus (até porque Deus não vai entender seus argumentos "velhos" e "tradicionais), chorar, é um caminho sem volta: todos temos os mesmos direitos. E a sua vontade não pode ir além disso. Você não pode querer que todas as pessoas se comportem de uma mesma maneira. Isso não é normal!
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