Que chatice que virou essa
tomação de conta online. Antes era
com o celular: alguém te ligava e achava que você tinha a obrigação de atender
porque o celular te acompanha pra todos os lados. Agora virou um inferno: o WhatsApp, o Messenger (principalmente) e tudo o mais que denuncia a sua presença
ali.
Sabemos todos que a
tecnologia existe pra facilitar a nossa vida. E facilita mesmo, MAS estar online não significa necessariamente que
você está com vontade de conversar, com vontade de ler, com vontade de
escrever.
Se você estiver com vontade
na mesma hora de quem te enviou a mensagem: sorte de todos. Se não, por favor,
tenha calma, fique na sua que uma hora (ou não) o seu interlocutor vai te dar
uma resposta. Se ele não der, paciência. Ninguém é obrigado a fazer o que não
quer. E as consequências disso dizem respeito a cada um.
Às vezes, a gente está
dormindo, noutras, a gente está no banheiro, em algumas, a gente está lendo (será
que as outras pessoas não fazem isso?), cozinhando, conversando com um amigo,
vendo tv, escrevendo, preparando aula ou, simplesmente, não fazendo nada e
querendo ficar assim.
Sem falar nas mensagens que
chegam dessa maneira: Oi (enter). Tudo bem? (enter). Preciso falar com você!
(enter). Tá aí? (enter). Putz, manda logo o que é necessário e pronto.
Aí você responde e a pessoa
não dá sequência à conversa que havia inciado antes, ela parte do zero e começa
tudo outra vez: Oi. (enter) Tudo bem? (enter). Preciso falar com você! (enter).
Tá aí? (enter). Haja paciência e calma pra aguentar esse comportamento.
Fale de uma vez, criatura!
Mande a mensagem inteira e depois a gente vê como resolve.
Além disso, que não é
pouco, esse comportamento psicótico com os smartphones
tem produzido a cada dia mais gente com a necessidade de fazer o check-in em todos os lugares, postar uma
fotografia e acompanhar minuto a minuto as curtidas. E, é claro, responder
todos os comentários assim que eles entram no novo status.
Se você está sozinho num
restaurante. Se está em sua casa sem fazer nada. Mas se você convidou alguém
pra almoçar, jantar, tomar um café, por favor, curta a presença do outro, acompanhe
minuto a minuto os comentários que
estão sendo feitos ali. Do contrário, não seria melhor estar sozinho?
As pessoas não conseguem
mais ficar sem ligar o telefone. Seja no cinema, na sala de aula, no almoço, no
hospital. Não tem mais hora e lugar. É inacreditável que a maioria não se toque
de que se comportando assim você não está em lugar nenhum: nem no mundo virtual nem no mundo real. Se é que existe diferença!
Será mesmo necessário checar
se não tem uma nova mensagem a cada dois minutos? A impressão que tenho é a de
que a carência tomou conta de todas as relações e você não pode mais estar
sozinho. Ficar sozinho é sinônimo de ser esquecido. Ninguém curtir a sua
postagem é sinônimo de ser desinteressante.
Tem gente que não se toca dessa
dependência. Logo, logo, chegam por aqui as clínicas de reabilitação para
tratar da dependência da tecnologia pessoal. Depois a gente não sabe os motivos
das nossas crises de ansiedade. Essa necessidade de dar conta de tudo ao mesmo
tempo, de estar em todos os lugares e acompanhar tudo o que acontece do
Oiapoque ao Chuí. Uma hora o corpo pede socorro. Vamos nos ouvir,
pelamordedeus!
Smartphone
não é extensão do nosso corpo, gente. Ele é imprescindível, eu sei. Uso muito o
meu, mas não confundo a sua função no mundo com os outros prazeres.
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