Poucas vezes me senti tão tocado pela morte de um artista como me sinto hoje com a notícia da morte de Marília Pêra. Deixe-me explicar melhor. Alguns artistas parecem ocupar um lugar muito familiar no nosso cotidiano: ele participa da nossa vida diária, através do seu trabalho, seja na TV, no teatro ou seja no cinema, de uma forma muito intensa e presente.
Marília Pêra é um desses casos, na minha vida. Lembro-me que eu deixava de sair de casa aos domingo, quando eu era adolescente, para vê-la atuar num programa humorístico (cujo nome não me recordo agora). Neste programa, ela interpretava personagens engraçadíssimos (ora uma jornalista que não entendia nada de futebol, mas que precisava narra um gol como se estivesse tocada pela jogada, ora uma mulher que não enxergava quase nada, mas não admitia ser míope, e confundia um poste de luz como um homem.). Começa daí a minha admiração por ela. É a minha lembrança mais antiga de sua atuação na TV.
Depois disso, a vi muitas vezes no cinema, algumas no teatro e infinitas vezes na TV. Ultimamente no seriado Pé na Cova, exibido às terças, na Rede Globo ela e eu éramos íntimos. Darlene é uma espécie de personagem que numa mistura de comédia dramática diz aquilo que é preciso ser dito e que diante do que ela diz ficamos atordoados.
Bem, ela se vai cedo demais, se é que há tempo definido para morrer: se é que se morre cedo ou tarde. E deixa um vazio enorme na dramaturgia brasileira. RIP Marília!
Nenhum comentário:
Postar um comentário