O tempo da escrita de uma dissertação nem sempre coincide com o tempo da construção de uma amizade. Dificilmente coincide. Definitivamente não coincide.
A escrita de uma dissertação tem (salvo raras exceções) um tempo já-estabelecido, um já-la que obriga o mestrando a compreender uma teoria, a pensar em um projeto, a selecionar o seu corpus de análise (é claro que as etapas não são necessariamente essas e nem estão distribuídas exatamente nesta ordem).
Portanto, há um tempo fechado para que a letra maiúscula do primeiro parágrafo e o ponto final do último estejam postos numa encadernação.
O tempo da amizade é outro. É o tempo da afinidade. E não há, em hipótese alguma, um prazo para que isso aconteça: pode ser imediatamente. Pode ser logo que se conhece alguém. Pode depender de um outro acontecimento. Pode acontecer depois de algum tempo. Depois de muito tempo.
Portanto, há um tempo aberto, talvez, escancarado, para que o olhar de um encontre o coração do outro e haja reciprocidade entre olhos e corações.
Só não existe um tempo da amizade fora desse encontro entre corações e olhos.
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