Muitas vezes, nossa mente se torna um palco para histórias que criamos (porque ouvimos e entendemos de um lugar específico), histórias que geralmente nos afetam profundamente. É claro que nem sempre nos damos conta disso. É comum imaginarmos coisas sobre o que os outros pensam de nós, muitas vezes de forma negativa. Essas narrativas podem surgir da nossa insegurança, do medo de rejeição ou mesmo de experiências passadas que marcaram nossas percepções. No entanto, é importante lembrar que o que criamos em nossa cabeça raramente corresponde ao que as pessoas sentem ou pensam (não acessamos a cabeça do outro).
Um exemplo disso é a sensação de “estar sobrando”, como se nossa presença fosse apenas tolerada por educação, e não verdadeiramente desejada. Esse tipo de pensamento pode ser uma manifestação de algum abandono que vivenciamos (real ou imaginariamente) e está lá no inconsciente produzindo alguma baixa autoestima ou autocrítica excessiva, que nos faz duvidar do nosso valor nas relações. A verdade é que as pessoas, em sua maioria, não investem tempo ou energia em alguém por pura obrigação. Há afeto, consideração e, muitas vezes, admiração que não enxergamos porque estamos ocupados demais acreditando no contrário.
Essas histórias que criamos em nossa mente podem se tornar armadilhas emocionais, nos isolando e nos impedindo de viver plenamente as experiências e os vínculos que poderiam ser enriquecedores. É como se estivéssemos sempre olhando para o reflexo de nossos próprios medos, em vez de encarar o mundo com curiosidade e abertura. Questionar esses pensamentos é essencial: por que eu assumo que não sou desejado? Que sinais concretos tenho disso? Muitas vezes, ao investigar essas perguntas, percebemos que não há fundamento para essas crenças.
O desafio está em nos permitirmos acreditar no afeto e na aceitação dos outros, sem projetar neles nossas inseguranças. As pessoas convidam porque querem compartilhar momentos, porque reconhecem algo de especial em nossa presença, mesmo que não expressem isso o tempo todo. Ao nos libertarmos dessas construções mentais negativas, abrimos espaço para nos relacionarmos de maneira mais leve, confiando que, sim, pertencemos aos lugares onde estamos e que somos mais importantes para os outros do que nossa mente, às vezes, nos faz acreditar.
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