Nem toda relação termina quando o amor acaba. Às vezes, o que se encerra é a possibilidade de seguir junto, mesmo que algo ainda pulse. E isso pode causar certa confusão. Não porque exista uma vontade de reatar, mas porque a sensação de amor remanescente nos faz pensar que talvez pudesse ter sido diferente. Não é desejo de retorno, é suposição. Uma hipótese imaginária sobre o que teria sido, caso outras escolhas tivessem sido feitas.
Mas é justamente aí que as coisas se embaralham. Amor e relação são realidades distintas. Um sentimento pode permanecer, mesmo quando a convivência não encontra mais sustentação. O amor pode até se manter vivo, mas isso não significa que a relação tenha como recomeçar.
Não há necessidade de transformar esse amor em problema, nem de tratá-lo como dívida ou promessa. Às vezes, o que fica clame apenas por ser reconhecido como parte do que fomos, como algo que nos atravessou. E tudo bem que continue ali, de outro modo.
O amor que permanece, mesmo fora da relação, pode encontrar outros modos de existir: como memória afetiva, como respeito, como compreensão mais madura do que se viveu. E talvez seja justamente isso o mais difícil: entender que não se trata de apagar o que se sentiu, mas de acolher que aquilo que houve teve seu tempo, seu jeito e seus limites. E que isso também é amor.
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