segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ana Maria Braga - Menos Você (texto)

O discurso da classe média brasileira emerge através da voz da apresentadora Ana Maria Braga no programa Mais você, exibido todas as manhãs pela Rede Globo. Hoje, dia 13 de julho, numa matéria sobre os roubos de computadores pessoais (e as dicas para evitá-los) a apresentadora afirma que o ideal seria que as pessoas pudessem sair com seus carros, com seus computadores sem que corressem o risco de serem roubadas, incomodadas, mas que em todas as cidades brasileiras essa situação é praticamente impossível, tendo em vista a violência que se instalou no país.

Fiquei pensando: quem seriam essas pessoas que deveriam poder andar com seus carros e seus computadores pessoais sem que fossem incomodadas por essa outra sociedade? Para quem Ana Maria fala? Com quem ela troca essas ideias?

Além dessa pérola ela contou em seguida uma história sobre um rei que matava os ladrões, mas, é claro, se justificou dizendo que não estava dizendo que os ladrões devessem ser mortos. Não fiquei para ouvir.

domingo, 12 de julho de 2009

A homossexualidade na imprensa (texto)

Não é num tom de surpresa que escrevo este pequeno texto, mas de estranhamento diante do que continuo lendo na imprensa. Em 2006 concluí uma tese (sob a orientação da professora Dra. Bethania C. Mariani na Universidade Federal Fluminense) que discorria sobre a homossexualidade e a AIDS na imprensa oficial (analisei durante os anos de 1985-1990 as revistas semanais Veja e Istoé e a mensal Superinteressante) para compreender como se materializava a relação entre ser homossexual e portador do vírus da AIDS. A partir dessa análise percebi que regiões discursivas filiavam-se, nessa imprensa oficial, à homossexualidade e seu estilo de vida: pecado, doença e crime (entre outras paráfrases) significavam os homossexuais durante esses anos.


A tese, teoricamente, já se mostrava velha se pensássemos que em 2006 havia passado, pelo menos, 16 anos.


No entanto, hoje, domingo dia 12 de julho, ao ler o jornal O Globo, no caderno O Mundo, página 34, deparo-me com uma matéria sobre uma manifestação contrária à descriminalização de gays na Índia, intitulada: "Índia reação contra descriminalização de gays - astrólogo revoltado com decisão histórica aciona a Suprema Corte, que colhe o pedido" .


O que primeiro me chamou atenção foi a forma como, mesmo depois do tanto que se fala, discute, briga, a denominação "homossexualismo" continua produzindo os seus sentidos na imprensa oficial. Por mais que o grupos de defesa dos direiros dos homossexuais mostre que esse sufixo produza sentido de doença (tais como, tabagismo, alcoolismo, nanismo etc.) e que a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença em 1980 nos E.U.A. pela Associação Psiquiátrica Americana e aqui no Brasil, em 1985, pelo Conselho Federal de Medicina, ele insiste em pemanecer colado à homossexualidade quando significada nos meios de comunicação (é claro que para fazer sentido no meios de comunicação, o termo precisa ter história).


Depois, todos aqueles sentidos já considerados caducos ainda são naturalizados sobre a comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT): tabu, repressão, antinatural, agressão aos valores e à cultura, por em risco a instituição do casamento, anormalidade, sexo com animais, contra a tradição do casamento, doenção que pode ser curada com meditação e ioga, desequilíbrio hormonal, sentimento do amor focado na direção errada, queda no crescimento da população, privação do seu potencial de recursos humanos, campanha contra a legalização do homossexualismo, líderes de várias religiões, código penal que pude o sexo entre pessoas do mesmo gênero, 10 anos de prisão, mesmo patamar da pedofilia e o sexo com animais.


Mas como as condições de produção são outras e diversos acontecimentos discursivos produziram outros sentidos sobre os homossexuais, fazem sentidos tb neste texto ideias tais como: político em cima do muro para não desagradar eleitores, anacronismo da lei, ativistas conservadores, abertura econômica, influência ocidental, noites gays organizadas, atores de Bollywood passaram a fazer abertamete campanha pelos direitos dos homossexuais, atriz que se tonou madrinha do movimento gay, andar com orgulho, cabeças erguidas, realização de passeata gay, evento a cada ano mais concorrido, aos poucos os gays se revelam, o príncipe que se declarou gay em 2005 e que se tornou uma espécie de embaixado, comunidade gay indiana, celebridade internacional, entrevistado pelo famoso programa de TV americano "Oprah Winfrey Show", reality show da rede britânica BBC, Parada Gay de São Paulo, verdadeira democracia liberal.


Sentidos novos e velhos produzindo sentidos, mas agora existe um embate de forças já que os homossexuais se organizaram (primeiro na luta contra a contaminação pelo HIV, e agora na luta pelos diretos civis dos homossexuais) e têm voz , e podem, portanto, efetivar outros sentidos sobre os homossexuais e seu estilo de vida.

O antigo toucador* (texto)


Diante dela o antigo toucador, guardado há anos no porão da velha casa. Lembranças de sua mocidade, da vida de menina-moça, das horas passadas em frente ao velho móvel: perfumes, anéis, cílios postiços, unhas de porcelana, adornos para os cabelos, memórias afetivas, passagens. Sequer passou por sua cabeça que o armário tivesse sobrevivido aos anos: os avós se foram. Os seus pais também. Não havia outra geração senão a sua. O móvel sobreviveria também a ela.
Seu rosto não tivera a mesma sorte do antigo armário (coberto de pó), as marcas em nada lembravam o rosto de menina, apenas o mesmo olhar. Eram tantas as lembranças. Tantos anos. Seu quarto, o primeiro namorado, as conversas com as primas, os passeios, sua mãe, as irmãs mais novas, o novo padre que já era velho, as brincadeiras no quintal, as frutas vermelhas, a promessa de amor para toda vida e que não fora.
Poderia ficar para o resto de sua vida ali com essas histórias. Mas outras poeiras reclamavam a sua presença.

Inspirado no conto escrito por Cris em:http://cantodecontarcontos.blogspot.com/2009/07/penteadeira.html

Fanatismo sempre gera violência (texto)

"O meio-campo é o lugar dos craques
que vão levando o time todo pro ataque
o centroavante, o mais importante,
Que emocionante é uma partida de futebol!"*


Aprendi a gostar de futebol através de minha mãe. Ela, flamenguista-doente, me levava ao Maracanã para acompanhar alguns jogos. Inicialmente estava ali mais por diversão do que por qualquer outro motivo, mas o hábito faz o monge e, aos poucos, jogo a jogo, descobri o quanto uma passada bem dada, um drible, o contra-ataque, a bola rolando, o grito da torcida organizada, o gol são emocionantes. "Que coisa linda é uma partida de futebol".
No entanto, o esporte não vive apenas dessas emoções. Vendo algumas imagens de violência em estádios e clubes no Globo Esporte e uma matéria sobre as ameaças aos jogadores de diversos clubes, fiquei hororrizado como alguns torcedores se organizam em torno desses movimentos.
Suspeita-se, inclusive, de dirigentes apoiando essas estratégias violentas: usando a torcida para amendrontar jogadores e seus familiares.
Quando não se tem um certo controle sobre as emoções, atos como os veiculados pelo programa esportivo, são frequentes: torcida invadindo os treinos e, através de músicas, confrontando os jogadores; violência armada dentro e fora dos estádios; policiais sendo agredidos e desrespeitados pelos torcedores. Futebol é quase uma vergonha nacional!

Drogas legais à distância de um mouse (texto)

Segundo matéria publicada no Jornal o Globo deste domingo, 12, o Brasil disponibiliza, pelo menos, em três endereços eletrônicos as chamadas "drogas legais" (legal highs), fabricadas por empresas em laboratórios, com substâncias que não são proibidas por lei. Elas reproduzem os efeitos da maconha, cocaína, LSD e ecstasy.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existe um vácuo do ponto de vista criminal para este tipo de droga.

sábado, 11 de julho de 2009

COM QUEM PODEMOS CONTAR? (texto)

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
(Drummond - Poema de sete faces)

Interessante como laços de sangue definem apenas laços de sangue e mais nada! Os verdadeiros laços, aqueles com os quais estamos amarrados, não têm necessariamente nenhuma relação sanguínea.
Estamos aqui passando por momentos delicados: doenças, dores, sofrimentos, carências etc. (de diversos tipos) e as presenças são todas dessas amizades construídas, dessa família que se agregou durante os últimos anos.
São beijos, abraços, carinhos virtuais, ajudas presenciais. Orações infinitas, pensamentos e desejos de melhora que nos alegram verdadeiramente a cada dia, a cada ligação, a cada e-mail ou comentário deixados tb por aqui.
Obrigado demais pelo carinho!!!!

O lixo (texto)

Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” publicada neste sábado (11) diz que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teria a função de “presidente vitalício” e assumiria “responsabilidades financeiras” da fundação que leva o seu nome no Maranhão. O órgão é suspeito de ter desviado verbas de patrocínio cultural da Petrobras para empresas fantasmas, mas nega as acusações.
Em nota divulgada na quinta-feira (9), Sarney havia negado qualquer responsabilidade sobre a fundação, dizendo que é somente “presidente de honra” da entidade.
Segundo o “Estado”, que se baseia no estatuto da entidade, o senador preside as reuniões do conselho curador e tem poder de veto sobre qualquer decisão tomada nas reuniões.

Fazem parte deste conselho, segundo “O Estado de S. Paulo”, um filho de Sarney (Fernando), um irmão (Ronald), o marido da governadora do Maranhão Roseana Sarney (Jorge Murad), o ex-ministro da Justiça de Sarney, Saulo Ramos, e o empresário Miguel Ethel, presidente da Caixa Econômica Federal durante o período em que o senador ocupou a Presidência da República.

O estatuto da Fundação José Sarney, de acordo com o jornal, está registrado em um cartório de São Luís e figura entre os documentos entregues ao Ministério da Cultura para a liberação do projeto patrocinado pela Petrobras. Segundo a reportagem, o nome do presidente do Senado aparece 12 vezes no estatuto.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...