domingo, 2 de agosto de 2009

Dou, não dou (música)


Você me faz sofrer e diz que chorar
Não faz mal a ninguém
Eu quero ver meu bem
Quando você vai querer crescer
Não vê que além de ti
Não existirá no mundo mais ninguém
Também se mais houver é loucura
Refaça e diga que me quer namorar
Criatura do céu
E a gente faz amor quando tiver que acontecer
Se eu te desejo logo posso esperar
Que um dia vou ver
A fera ronronar com doçura
Aí quem sabe a gente emenda
Aí quem sabe a gente vá

Depois da explosão,
do vem meu bem
Dou não dou
Se apaixonar
O tempo passa o amor aumenta
E tudo passa a ser demais
E a sensação de conviver com a dor cai

sábado, 1 de agosto de 2009

Era uma vez (texto)

Já faz muito tempo que queria recontar a história dessas minhas fotos. Recontar é mais divertido que lembrar.
Não tenho nenhuma foto de quanto eu era um bebê. Meus pais estavam se separando e, é claro, não tinham cabeça para pensar em fotografias.
A foto mais antiga que tenho é esta primeira aí
. Eu tinha 3 anos e estava na praia com a minha mãe.
Ele me disse que era para ficar ali parado para uma foto e eu, sempre envergonhado, fiquei nessa pose de soldado. Sentido!
Lembro-me muito dessa sunga de praia: preta e branca. Não me lembrava dessas pernas tortas.
Nesta aqui, à direita, eu só fiquei quieto porque o fotógrafo me deu esse gatinho de plástico para segurar. E ri porque ele mandou que eu olhasse o passarinho. Eu estava bem mal-humorado neste dia e fiquei ainda mais porque a minha mãe me obrigou, praticamente, a tomar banho (que eu odiava) e trocar de roupa para fazer algumas fotos.
Esta outra aqui à esquerda (na qual estou sem camisa) foi tirada em frente a nossa casa, no Rio. Tínhamos este short até pouco tempo atrás. O cinto era costurado nele. E ele era salmão. Praticamente um gordo.
Nesta outra, carnaval, naturalmente. Ou alguém pensa que no Rio de Janeiro andava-se dessa maneira? Não sei de onde minha mãe tirou a ideia de colocar esses colares dourados no meu pescoço. Todo ano eu batia cartão nos bailes infantis vestido de índio.
Mais por conta dos cabelos pretos e lisos do que por vontade. Eu adovava o carnaval! Minha mãe tb gostava muito de estar ali comigo (eu acho).
Nesta última aqui, eu e o filhote do cachorro dos meus avós. Gostava muito de cachorro, mas o que eu mais gosto nessa foto é o conga azul marinho. Eu estava sentado numa mureta na varanta e a foto foi tirada por um dos meus tios (irmãos de minha mãe).
Acho que era um momento de paz que eu proporcionava. Ficar ali sentando esperando o click da máquina fotográfica. O nome do cachorro era Boock. Um vira-lata que eu não deixava em paz enquanto eu estivesse nos meus avós.

CERTAS COISAS (música)

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...

A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

E a vida continua, sempre (texto)


Ontem à noite recebi a notícia de que uma aluna havia morrido. Muito triste a forma como as pessoas se vão. Dia desses estávamos em sala de aula falando sobre racismo, sobre preconceitos, sobre estar no mundo sem que nada sobre o fim de nossas vidas fosse relevante. Como se fôssemos nos encontrar muitas vezes ainda.
Nem pude dizer o quanto foi bacana conversar por algum tempo sobre aqueles assuntos: ouvir a sua experiência...
Numa das últimas aulas, ela trouxe o seu filho e ele ficou ali ouvindo aqueles conceitos atentamente sob o olhar tb atento de sua mãe. No final da aula fomos apresentados e falamos amenidades.
A vida, enquanto vc faz outras coisas, acontece.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Todas as Cartas de Amor são Ridículas (poesia)

Faz muito tempo não recebo uma carta. Dessas que chegam pelo correio tradicional. Acho que a última carta que recebi foi quando voltei ao Rio para estudar (2002) e uma amiga de Marechal Cândido Rondon (Bea) me escreveu. Foi uma felicidade enorme. Fiquei ali com aquela carta por horas sem abri-la. Fiquei aproveitando todos os minutos com ela na mão sem saber do que se tratava. Li aos poucos, de-va-ga-ri-nho, palavra por palavra para saborear cada escolha.
Antes dessa só mesmo a minha mãe me mandava cartas. Pelo menos uma por semana. As vezes eram 3. Todas elas transbordando de saudade. Era um momento especial, recebê-las cheias de notícias. Sinto saudades dessas correspondências. Não sei aonde foram parar. Um tesouro perdido, talvez, pra sempre.
Cartas de amor, nem se fale! Não me lembro de nenhuma. Acho que as cartas de amor na minha adolescência já eram ridículas. Lembro-me de tê-las escrito algum dia, mas não me lembro o remetente.
Devia ter guardado alguma delas para agora poder reler, mas não guardamos cópias de cartas enviadas...que pena!!


Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje as minhas memórias
Dessas cartas de amor é que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Relações sem relação (texto)

Algumas relações insistem em permanecer na superficialidade. Talvez porque as pessoas permaneçam sempre na parte mais rasa, impedindo, portanto, qualquer que seja o aprofundamento. Ouço alguns que conferem ao mundo contemporânero a produção desse tipo de (des)encontros. Discordo. Nem ao mundo lá fora nem ao homem subordinado a ele. Talvez, é no que acredito, seja mais fácil o por cima, mais prático, menos propício ao embate. Tudo precisa ser imediato (como se fosse possível) e quando não é (o caso de conhecer o outro), não tem vez. O prozac está aí para comprovar isso. Mas como tudo tem pelo menos dois lados, os que "optam" por essas (des)relações tb não usufruem do que é o mais bacana: reconhecer-se.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...