sábado, 20 de fevereiro de 2010

Da Série Contos Mínimos (texto)

Eles haviam mapeado o genoma humano. Pisaram na lua. Dividiram o átomo, mas não sabiam nada um do outro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A gota d'água (texto)

Hoje foi a gota que faltava para transbordar o meu copo. Decidi me afastar de situações e pessoas que me estressam. Não ganho (e mesmo que ganhasse) para me aborrecer e muito menos para compartilhar verdades que não acredito.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A última serpentina (texto)

O carnaval acabou e estou em casa, finalmente. Ir sempre é bom, mas voltar é sempre melhor. Tô cansado de tanta viagem. Quero programar a próxima para 2021, apenas. Acabei de chegar. Comi uma maça e estava aqui lendo e respondendo aos e-mails da universidade que parece nunca entrar em recesso. E pior, não saber que há recesso. Estou cansado já dessa vida de reuniões e compromissos diários. Depois de dias tão agradáveis, divertidos, ensolarados, descubro que o trabalho não apenas me espera como não se esquece de mim. Será que um dia vão esquecer de mim?
Os dias na praia foram ótimos. Além do sol, reencontrei amigos e fiz amigos novos. Foi divertido!
Agora, enquanto voltava de Foz do Iguaçu para Cascavel, fiquei pensando sobre envelhecer. Meus amigos estão, como eu, ficando velhos, mas não perdem o bom humor.
Desse carnaval queria destacar o encontro com a Karen e Solange (ótimas companhias) e tb com o Diogo (agradável, educado, gentil). Eles fizeram a diferença neste ano. E o reencontro com o Camilo (sempre uma boa conversa). Estes fora do catálogo normal de possíveis encontros.
Ainda destacaria o bom humor do Tom Tom e as brincadeiras com o Isaac, Cícero, Marcos, Léo, Ânderson , Marquinhos e o Eder.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
(foto: Isaac, Karen, eu, Cícero e Solange com o copo na mão)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Futebol e Samba (texto)

Escola de Samba é como time de futebol, torce-se por uma até morrer e mesmo que faça muito tempo que ela não vença o coração fica pintado com as cores da sua bandeira. Eu sou Flamenguista e torço pela Mocidade Independente de Padre Miguel desde de pequeno. Tanto um quanto outra foram influências de minha mãe. Meu coração é parte Vermelho e preto e Verde e branco.
Não me lembro bem quando foi o carnaval da vitória da escola de samba. Sei apenas que faz alguns anos que ela não vence. Tenho uma vaga lembrança de que foi Ziriguidum 2001 - Carnaval nas estrelas em 1985
Fiz uma rápida pesquisa no google e descobri que foi em 1996 com o enredo Criador e Criatura (o carnavalesco era o Renato Lage). De qualquer maneira, faz é tempo que a minha escola não vence. Este ano acompanhei o desfile pela TV e fiquei impressionado com a Unidos da Tijuca (campeã) e com a Beija-Flor de Nilópolis. Fazia tempo que eu não via o desfile pela TV. O espetáculo (e não é exagero) é muito melhor ao vivo na Marquês de Sapucaí, o sambódromo, mas enquanto não posso ver o desfile, vou acompanhando pelas bordas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pastor defende lei antigay em Uganda (texto)

O pastor ugandense Martin Ssempa além de ser contra a homossexualidade, que julga 'um distúrbio', afirma que a camisinha oferece pouca proteção - ficou famoso após organizar manifestações em que queimou preservativos. 
Atualmente, Ssempa é um dos mais enfáticos apoiadores do projeto de lei anti-homossexual para votação no Parlamento de Uganda.
O país já proíbe por lei o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo, mas o novo texto é mais rígido, incluindo até a pena de morte em alguns casos. 
Ssempa é pastor da Igreja da Comunidade Makerere e integrante da Força-tarefa Contra  a homossexualidade em Uganda. Ele também tem papel de conselheiro e consultor no governo.
Não é nenhuma novidade aqui para nós brasileiros um pastor, um padre, ser contra a homossexualidade e pautar o seu discurso no fato de pessoas do mesmo sexo não poder gerar filhos ou ainda no argumento de ser a homossexualidade contrária à Família Tradicional etc e tal.
Cansei de escrever aqui, em muitas oportunidades, que esses argumentos são tão furados que agora nem vale à pena insistir mais nisso. No entanto, apesar de acreditar que cada um acha o que pode (e não o que quer), continuo lutando pela liberdade de opinião, só não posso concorda que um país sendo laico (e isso acontece tb em Uganda) a vontade de religiosos (em sua maioria fanáticos) possa ser imposta a todos, indistintamente.
Se o pastor é a favor ou contra alguma coisa, incluindo aí a homossexualidade, ele não pode querer que a sua vontade se sobreponha. E quando escrevo aqui sobre a vontade do pastor, estou escrevendo sobre a vontade de certas religiões (como acontece tb no Brasil). Por conta da bancada evangélica e da igreja católica projetos como o de união civil entre pessoas do mesmo sexo e o de criminalização da homofobia estão mofando.
É um passo adiante e tantos outros para trás.




sábado, 13 de fevereiro de 2010

Aos 80 também se ama (Affonso Romano de Sant'Ànna - Texto)

          Não se escandalizem, crianças!  Não se espantem, rapazes! Talvez vocês não se lembrem de um filme famoso intitulado  "Os brutos também amam", mas lhes informo que não apenas  os brutos e os jovem, mas os velhos também amam. É  isso que estou lendo numa revista francesa séria, que tem uma manchete que equivale a: "Nossa Senhora, a Vovó também trepa". E lá está a foto de dois idosos ( que palavra incômoda!)  se acarinhando.
         E a reportagem é uma pesquisa com  pessoas  que têm cerca de 80 anos. Elas estão inteiraças e mandando bala. Os especialistas criaram até uma nova expressão "os novos octos" (a qualquer a hora a imprensa do Rio e São Paulo vai começar a falar disto). Os franceses gostam de encurtar certas palavras, "prof"  no lugar de professor, "filo" no lugar de filosofia, etc.. Pois aí estão  os  "novos octos" , os "novos octogenários".
E o repórter vai dando nomes e idades aos personagens entrevistados. Madalena, 80 anos, está febril para encontrar o seu Louis que chega de avião de Boston;  Maria, assistente social de 81 anos, está felicíssima por que encontrou  Dominique, 13 anos mais jovem, e lá se foi a solidãol  Marcel de 77 anos faz surfe com Ivone. E assim por diante. Enfim, pelo menos 70% desses idosos declaram que carecem de sexo, de uma maneira mais ou menos urgente, mas carecem.
         Quem, teoricamante,  primeiro escancarou a atualidade e a urgência desse assunto foi Simone de Beauvoir  num livro clássico "A velhice". Há que ler.
         É  como se a humanidade estivesse numa frenética reinvenção de si mesma. Vocês sabem que crianças são uma invenção recente, antes de Rousseau e outros elas apenas faziam parte do cenário alheio.  Outra invenção recente é a mulher,   outra o índio, outra o negro, outra o homossexual, e assim por diante. A imprensa e a sociologia estabeleceram que os jovens foram inventados nos anos 60 - o "poder jovem".
         Pois aí é que surge uma coisa curiosa sobre esses que estão chegando aos 80. Todos os governos dos Ocidente deveriam erguer uma estátua  em homenagem a eles, porque  são pessoas que atravessaram historicamente alguns dos momentos cruciais dos últimos anos. Eles viveram a revolução sexual dos anos 60. (Olha aí o "maio  68" de novo, olha aí  a vida que não quer morrer). As mulheres atravessaram a revolução feminista,  viram seus filhos virarem hippies, arriscaram-se em várias experiências pessoais, sociais, familiares  e agora estão aí cruzando os 80.
         Dizem as estatísticas que entre 1980 e 2009 aumentou a percentagem dos que atingem os 75 anos. E o número dos que terão 85  anos deverá quadruplicar os de 75 daqui a algumas décadas.
         Não se trata de fazer uma paráfrase do "poder jovem" e  decretar "o poder aos velhos". Nada disto. Parece que esses que chamávamos de velhinhos estão querendo outra coisa, e isto, sim, é sinal de sabedoria. Peguem a palavra aposentadoria. Antigamente havia uma noção de aposentadoria totalmente danosa: o indivíduo se aposentava, ficava inativo e havia um pressuposto de que aposentava também seu sexo. Aposentado era um morto que se  esqueceu de deitar. Havia, no entanto, uma expressão contraditória, pois dizia-se: "gozar a aposentadoria".
         Havia aposentadoria. Faltava o gozo. E é isto o que os de oitenta anos estão buscando.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vai saber (texto)

Ontem foi um dia, no mínimo, curioso. Peguei um passageiro e até agora não estou acreditando nos nossos 20 minutos comuns. Nada do que ele dizia fazia sentido. Eu perguntava para ver se conseguíamos, minimamente, nos comunicar, e nada. Ele não falava coisa com coisa. Achei que estava bêbado, não era o caso.  Certamente era tantã, mas não tenho tanta certeza. Sei apenas que me senti em outra dimensão, na Ilha de Lost, talvez.
(Versão do motorista)

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...