sábado, 20 de março de 2010

Podres Poderes (Caetano veloso)

Não me contive, lembrei da letra da música e achei que ela cabia tb por aqui.
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...
Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...
Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos

Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...
Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...
Será que nunca faremos
Senão confirmar
Na incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos

Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais...
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Que país é esse? (texto)

Não é esquecimento, mas indignação! Maluf pai e filho entram na lista de procurados pela Interpol. O advogado da família afirma que é "perseguição política". Fiquei pensando o quando o ex-prefeito de São Paulo tem influência politica, por exemplo, em Nova York.
a Justiça americana determinou a prisão de Maluf pelos crimes de conspiração, auxílio na remessa de dinheiro ilegal para Nova York e roubo de dinheiro público em São Paulo. Por aqui, ele continua sendo um político influente e respeitado.
Por que será que todo político acusado de alguma coisa, seja ela qual for, se diz perseguido?
Motoristas podem transferir para outros motoristas as multas de trânsito que recebem. Basta apenas que entrem em contato com um despachante (os números estão por aí, colados nos muros, postes etc.) e este com uma lista de (outros) motoristas  repassa os tais pontos para uma outra carteira de habilitação, mediante, é claro, pagamento (e o valor vai depender da pontuação). É claro.
No Paraná, quiça em todo país, pessoas emprestam seu nome, CPF, conta corrente para depósito de dinheiro público em troca de plano de saúde, dentadura, pão francês etc. Os funcionários que estão envolvidos nesse, digamos, crime não conseguem explicar o que aconteceu.
São pequenos e grandes erros que se repetem. Para uns fechamos os olhos. Achamos até que são justificáveis: fura fila, dar aquele jeitinho para resolver um problema pessoal, chegar atrasado nos compromissos deixando quue nos emperem e por aí vai...
Tem gente que dirige falando no celular e acha isso a coisa mais certa de todas as coisas. Dirigir bêbado, então, nem se fale. Já virou rotina. E ainda em relação à direção, quem é que respeita o sinal vermelho? Somos uns boçais (já dizia Caetano).
Para outros, ficamos mesmo indignados, sobretudo com aqueles que não nos dizem respeito diretamente.

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
(Renato Russo - Que país é esse?)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Gramática do Português Brasileiro (texto)

Mário Perini era professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e eu o conheci, como autor, em 1985, no meu último ano de graduação, quando ele lançou um pequeno livro (pequeno em termos de tamanho, não de importância), dá séria série Princípios (da editora Ática), Para uma nova gramática do Português. De cara, simpatizei muito com as suas propostas. Nessa época eu não tinha mais Linguística como disciplina na graduação, mas tive, a grande sorte de ser aluno da professora Marta Scherre em Estudos Lingüísticos I (vou colocar assim com trema para ressaltar, além do tempo passado, o prazer que tive ao descobrir que a língua que eu falava, ainda que estivesse bem distante daquela descrita nas Gramáticas Tradicionais, não era nem feia e nem estava errada) e com ela, a professora, fui iniciado nesse mundo paralelo de se pensar a língua a partir de outros procedimentos, a saber, os científicos. E a proposta de Perini trazia muito daquilo que me foi apresentado pela Marta quando tratava dos problemas da Gramática Normativa e o ensino da norma padrão.
Atualmente, o autor, é professor na PUC de Minas e acaba de lançar pela Editora Parábola a Gramática do Português Brasileiro. Cheguei em casa, depois da academia ,e encontrei sob a minha porta a encomenda feita via internet.
Sou apaixonado por livros. Todos eles. Gosto de tocá-los, folheá-los, do seu cheiro e, sobretudo, do que trazem para a minha formação, de uma maneira geral.
É claro que não li o livro, até porque gramáticas não são livros para se ler assim, como se faz com um romance, mas  a apresentação do autor sim. E, mais uma vez,  simpatizei com o que ele nos traz: segundo Perini a gramática não é um instrumento de aquisição da língua padrão escrita, porque estudá-la "não leva, nunca levou, ninguém a desenvolver suas habilidades de leitura, escrita ou fala, nem sequer seu conhecimento prático do português padrão escrito.(...) Por hora, continua o autor, basta dizer que a gramática é uma disciplina científica, tal como a astronomia, a química, a história ou a geografia; ela deve ser estudade porque é parte da formação científica dos alunos - formação essa que se torna cada dia mais indispensável ao cidadão do século XXI."


quarta-feira, 17 de março de 2010

Sem Barra - José Paulo Paes (poesia)

Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro. 

A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga. 

Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga.

Trabalho (texto)

Ando numa fase bem ruim no trabalho. Além de não me sentir motivado, tenho um mundaréu de atribuições. Não vou listá-las aqui. Sei apenas que o acúmulo de coisas para fazer  em pouco tempo tem contribuído de certa forma para alguns erros. Não apenas isso, mas percebo que fazer mais de três coisas ao mesmo tempo não é produtivo. Acho que sou do tipo que ou atendo o celular ou ando. Preciso de tempo e tranquilidade para realizar algumas tarefas.
Talvez já esteja passando da hora de dizer NÃO para algumas atividades. Sobretudo àquelas que não dizem respeito à sala de aula. Até porque quando se está em sala de aula, o mundo para um pouco. 
Não sei trabalhar sob pressão, não gosto de errar e esse erro não ser responsabilidade minha, apenas. Por outro lado, não quero tb ter que responder por erros que não são meus.
Estamos no meio de uma semana turbulenta e pelo visto ela ainda vai durar bastante.

segunda-feira, 15 de março de 2010

www. chatroulette.com (texto)

Gosto muito de internet. Muito mesmo. Tanto que ficar uns dias sem acesso é quase uma tortura. Além de gostar da internet porque posso, através dela, entrar em contato com os amigos, atualizar minhas páginas, ler jornais, revistas, pesquisar datas, pessoas, comprar livros, administrar a minha conta bancária,  copiar músicas e filmes etc., gosto de novidades, saber o que tem interessado as pessoas, aonde elas estão indo, o que descobriram.
Ontem descobri um site novo. Em geral conversar escrevendo não é muito a minha praia. Não tenho muita paciência (e agilidade) para escrever o que falo, prefiro mesmo uma conversa pessoal. Não uso  (com frequência) Messenger, skype ou outro programa para bater-papo.
Mas ouvi falar do site e resolvi fazer um teste. O endereço é www.chatroulette.com e ele é basicamente um lugar para encontrar pessoas desconhecidas (inclusive a justificativa quando da sua criação foi exatemente esta: poder conversar com estranhos ao redor do mundo).
Quando a gente entra na página do chat_roleta, abrem-se dois vídeos: o do desconhecido e o nosso. A proposta é, não gostou da cara, passa-se a diante.
A frequência é basicamente masculina. No horário em que eu entrei tinham 20.000 onlines. Tem de tudo: homens e mulheres, novos e velhos, vestidos e despidos. Muitos homens mostrando a genitália. Ontem à noite, fiquei uns 30 minutos experimentando o programa: conversei com uma brasileira de 12 anos (paulista) por alguns poucos minutos. Perguntei o que ela fazia (e procurava) ali e como ela encarava os tarados de plantão. Ela queria saber apenas se eu era casado. Next. (a gente e o outro tem a opção de passar adiante. Não gostou: Next!).
Fui passado adiante diversas vezes. Principalmente quando eram homens do outro lado. Algumas vezes eu nem conseguia ver quem seria meu próximo... NEXT. Era deixado de lado.
Vi adolescente dançando, outros cantando, alguns fazendo careta, homens se masturbando etc..
Depois conversei com um coreano (devia ter uns 17 anos); um canadense; um americano; uma francesa., dois turcos. Ah, é claro que a língua oficial é o inglês e é claro tb que a minha conversa era bastante pobre. Meu inglês é vergonhoso, mas eu tentava na medida do possível.
Foi divertido. Ri muito. Pena mesmo que não curto essa de papo via escrita, do contrário eu estaria no paraíso.

domingo, 14 de março de 2010

Questão de bom gosto (texto)

Recebi o texto abaixo de uma amiga e, além de considerá-lo importante, achei tb que deveria compartilhá-lo. Como as categorias de gosto que se criam, sobretudo, na Academia me incomodam: "Isso é bom, aquilo é ruim", "Isso não presta, mas aquilo sim", pensei que seria pertinente reproduzir aqui o texto e deixar, depois da leitura, que cada um pense o que quiser (ou puder pensar).

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...