Qualquer pessoa que não seja, naturalmente, governador, prefeito, deputado estadual, vereador, sabe que a geografia da Cidade do Rio de Janeiro, ou seja, uma cidade entre as montanhas e o mar, difilculta o escoamento das águas das chuvas. Não é preciso ser especialista no assunto. Eu, por exemplo, sou professor de português e sei disso muito antes de poder escolher os meus representates na cidade e no estado do Rio de Janeiro. Qualquer carioca, fluminense, sabe disso.
Todos nós sabemos tb que uma chuva de 24 horas não é nenhuma brincadeira, mas sabemos ainda porque moramos no Rio, que qualquer chuvisco de 15 minutos inunda a cidade.
Sabemos tb que essa geografia não é exclusividade dessa cidade. Sabemos, além disso, que quando NADA é feito, nenhuma providência é tomada, além de tudo o que se faz quando as mesmas catástrofes assolam a cidade (sobrevoar, decretar luto oficial, acusar os moradores das favelas de jogarem lixos na rua etc. e tal), as cenas serão sempre as mesmas.
Em janeiro deste ano, dezenas de pessoas morreram em virtude das chuvas que atingiram O Estado do Rio de Janeiro. Novamente as mesmas cenas se repetem.
"A chuva é uma obviedade, não é uma novidade. A chuva anômala, catastrófica, também, pois temos uma longa história de tragédias como as destes dias (...) O descaso que causa as tragédias quando a chuva é catastrófica é um corolário dessa surpresa sempre repetida. (...) todas as vezes que chove nossas vidas são transtornadas como se fosse a primeira vez.
O problema do Brasil não é que as coisas não tenham precedentes. Há precedentes para tudo que nos aflige. O problema é que os precedentes não nos ensinam nada. Assim continuaremos reclamando que os esgotos pluviais não dão conta das grandes chuvaradas e precisam ser refeitos, até a inundação regredir e não se falar mais nisso. Continuaremos protestando contra construções em áreas perigosas até os deslizamentos pararem e o tempo melhorar, e esquecermos. E cada tragédia, como cada dia de chuva, será sempre como se fosse a primeira vez."