sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jornal de alunos de farmácia da USP pede para jogar fezes em gays (texto)


Um jornal dos alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP causou repúdio no meio estudantil e acadêmico ao realizar uma promoção polêmica. "O Parasita" oferece um convite a uma "festa brega" aos estudantes do curso que, em troca, jogarem fezes em um gay.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo teve conhecimento do texto (leia-o na íntegra abaixo) e informou nesta sexta-feira (23) à noite que irá denunciar o periódico semestral por homofobia à Comissão Processante Especial da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.
Além disso, a Coordenadoria de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual afirmou que irá registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil contra o jornal por crime de injúria e incitação à violência.
O texto abaixo foi extraído de "O Parasita" de março e abril deste ano. O periódico de seis páginas exibe na sua página 2 um discurso contra dois gays que se beijaram numa festa da Faculdade de Medicina no ano passado.
"Lançe-merdas e Brega será na Faixa - Ultimamente nossa gloriosa faculdade vem sendo palco de cenas totalmente inadmissíveis. Ano passado, tivemos o famoso episódio em que 2 viadinhos trocaram beijos em uma festa no porão de med. Como se já não bastasse, um deles trajava uma camiseta da Atlética. Porra, manchar o nome de uma instituição da nossa faculdade em teritório dos medicus não pode ser tolerado. Na última festa dos bixos, os mesmos viadinhos citados acima, aprontaram uma pior ainda. Os seres se trancaram em uma cabine do banheiro, enquanto se ouviam dizeres do tipo "Aí, tira a mão daí." Se as coisas continuarem assim, nossa faculdade vai virar uma ECA. Para retornar a ordem na nossa querida Farmácia, O Parasita lança um desafio, jogue merda em um viado, que você receberá, totalmente grátis, um convite de luxo para a Festa Brega 2010. Contamos com a colaboração de todos. Joãozinho Zé-Ruela", escreve "O Parasita".
O autor do texto acima, "Joãozinho Zé-Ruela", aparece como editor de eventos. O G1 não conseguiu localizar os responsáveis pelo jornal para comentar o assunto. Nove nomes aparecem no expediente de "O Parasita". A reportagem também ligou para um dos colaboradores, deixou recado, mas até a publicação da matéria não havia recebido retorno.
Estudantes da faculdade ouvidos pelo G1 confirmaram que a publicação é feita por alunos da Farmácia. Entretanto, segundo eles, o jornal não é ligado a nenhuma entidade estudantil oficial. O texto chegou ao conhecimento de alunos de outras faculdades da USP nesta sexta pela internet. Muitos criticavam o conteúdo e a incitação homofóbica. Segundo um dos alunos de ciências farmacêuticas, "Muitas [pessoas reagem] com raiva, outras com descaso e algumas acham um jornal 'legal'."

Homofobia
De acordo com a defensora Maíra Diniz, coordenadora do núcleo de combate à discriminação, racismo e preconceito, "O Parasita" infringiu a Lei Estadual 10.948 que trata do combate à homofobia.
"É uma coisa horrível. Eu fui surpreendida de ver que estudantes de farmácia, que têm obrigação de esclarecer o público, pensam dessa maneira. Não é só uma mera opinião, isso configura homofobia", afirmou a defensora Maíra na tarde desta sexta. "Vamos apurar quem é o responsável pelo jornal, inclusive oficiando a faculdade. Vamos oferecer denúncia na comissão processante com base na lei estadual de homofobia."
O G1 também tentou entrar em contato com o centro acadêmico de Farmácia da USP, mas não localizou ninguém.
Segundo Maíra, os responsáveis pelo jornal serão julgados por uma comissão, que irá apurar se eles cometeram homofobia. "Homofobia não é crime, por isso é apurado por essa comissão. É um processo administrativo que pode render uma advertência ou uma multa mínima, no valor de R$ 15 mil, se os acusados forem considerados culpados", disse a defensora. O valor é destinado para fundos de políticas para diversidade sexual.

Caso de polícia
O advogado Dimitri Sales, coordenador para Políticas de Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, afirmou nesta sexta que irá levar o caso até à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), onde pretende registrar queixa contra o jornal.

"A homofobia é a aversão e ódio às pessoas que têm orientação sexual diversa da heterossexual, mas no caso deste jornal, se enquadra também na injúria. É lamentável que alunos de uma instituição, como esta da USP, colocam isso. Essa postura desse jornal é repudiada de forma veemente. Tem de ser praticada uma pena dura. Eles desconsideram duas coisas. A primeira é que reafirmam a postura da discriminação contra o casal que se beijou na festa. A segunda é mandar estudantes agredir gays. Essas coisas agora vão virar crimes de injúria e incitação à violência", afirmou o coordenador Dimitri Sales.
Ainda, segundo Dimitri, se a citada "festa brega" realmente tiver uma data para ocorrer, a coordenadoria fará o possível para que ela seja cancelada. "Ainda não sei se essa festa é uma piada ou se realmente ocorrerá. Mas se ocorrer, vamos tomar alguma medida jurídica para impedir a realização dessa festa porque ela estaria se baseando num conceito homofóbico", disse.

Reprimir
O G1 procurou a Universidade de São Paulo para comentar o assunto. A assessoria da USP informou que somente a diretoria de farmácia poderia comentar o assunto.
Procurada, a faculdade informou: "A Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) não tem conhecimento nem apóia essa publicação, inclusive desconhece os seus autores. A Faculdade tomará as medidas jurídicas cabíveis para reprimir este tipo de publicação", em nota enviada por e-mail por sua assessoria de imprensa. 

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Brasil com S (Música)

Quando Cabral descobriu no Brasil o caminho das índias
Falou ao Pero Vaz para Caminha escrever para o rei
Que terra linda assim não há, com tico-ticos no fubá
Quem te conhece não esquece que o Brasil é com S

O caçador de esmeraldas achou uma mina de ouro
Caramuru deu chabu e casou com a filha do pajé
Terra de encanto amor e sol
Não falo inglês nem espanhol
Quem te conhece não esquece meu Brasil é com S

E pra quem gosta de boa comida aqui é um prato cheio
Até Dom Pedro abusou do tempero e não se segurou
Óh natureza generosa está com tudo e não está prosa
Quem te conhece não esquece meu Brasil é com S

Na minha terra onde tudo na vida se dá um jeitinho
Ainda hoje invasores namoram a tua beleza
Que confusão veja você, no mapa mundi está com Z
Quem te conhece não esquece meu Brasil é com S.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um feriado no meio do caminho

Feriado na quarta-feira?! É um refresco num deserto. Bom demais não ter horário. Bom demais não pensar no trabalho! Acordar,  dormir, acordar outra vez sem o relógio te chamando. Insistindo. Te lembrando. Feriado na quarta-feira um alívio para os olhos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Seis meses (texto)

Hoje faz seis meses que a minha mãe morreu. Eu, finalmente, abri um caixinha com alguns pertences dela: anéis, cordões, alguns enfeites, uma bolinha chinesa. Estão comigo apenas. Sinto muita saudade. Muita falta daquela voz tranquila me dizendo sempre com calma. Os sonhos continuam como se nada tivesse acontecido. Tenho feito, sempre que lembro, preces para o seu espírito. Pedindo sempre que ela esteja bem. Já que cumpriu com sabedoria o seu tempo. Agradeço sempre pela sorte de tê-la por perto. Peço para que eu tenha a metade de sua sabedoria para lidar com a vida.

domingo, 18 de abril de 2010

Da Série Contos Mínimos (texto)









Conheceram-se por acaso numa viagem a São Paulo. Ele da direita para esquerda no Viaduto do Chá, ela da esquerda para a direita no Santa Efigênia. Só mesmo o dedo do acaso! Andaram pela Paulista em dias diferentes. Visitaram amigos: ele no Jardim Europa, ela no Alto de Pinheiros. Mas uma cruzada de olhar enquanto atravessavam, para lados opostos, a  Alameda Gabriel Monteiro da Silva selava para sempre as suas vidas.

Da Série Contos Mínimos (texto)

Uma vida inteira sem contar nada: felicidade, tristeza, solidão, encontro.  Toda ela deixando-se levar por emoções livres. Bastavam apenas as prisões cotidianas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Apesar...

A semana acabou e não dei conta da metade do que eu tinha para fazer. Sobrou bastante atividade para o final de semana. E tenho, sem alternativa, que finalizar várias tarefas. Nem dá para reclamar (muito), porque a semana, apesar de tudo, foi boa: apesar da alergia, apesar de ter ido ao teatro ver Os Pândegos (mais sem graça, impossível), apesar de um funcionário, responsável pelo meu curso, perder os meus documentos.
O tempo esquentou um pouco. Ri com amigos no trabalho e estou conseguindo finalizar uma projeto que começou em 2008 (pode parecer demais - e é -). Hoje, fiz mais testes para descobrir o porquê das manchas na pele. É sempre um começo. Fui à consulta com uma bolsa cheia de produtos que costumo usar. Já me furei mil vezes e, por enquanto, na-da.
Na próxima sexta os resultados e se nada for descoberto, mais uma bateria de exames. É capaz da alergia sumir sem se saber a sua identidade.  A gente vai levando.
Um bom final de semana para todos que passarem por aqui.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...