quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um Estado mínimo não me interessa (texto)

Ando tão irritado com essa porcaria de eleição que não tenho conseguido postar nada que não seja em torno dela. Hoje conversei com muitas pessoas (durante e depois do almoço) sobre a Dilma e o Serra e ouvi motivos mil sobre a escolha de um de outro. Todas eles coerentes com a forma de pensar de cada um.
É muito bom poder escolher, mesmo que alguns digam que entre os candidatos que se apresentaram e nada é a mesma coisa.
Eu continuo acreditando que é melhor ter escolha do que não ter nenhuma, como já foi bastante comum durante muitos anos. E acredito tb que há sim uma escolha entre os dois candidatos que se apresentam. 
Acho que esses últimos anos (tb ouvi dizer nas conversas do almoço que as transformações são naturais, mas vejo a Venezuela, por exemplo, engatinhando na democracia) foram importantes para uma mudança de perspectiva da forma de pensar o país. Vejo que (é claro que falta muito) uma parcela da população conseguiu sair da miséria absoluta em que viviam. Outro aspecto importante foi a visibilidade de outra parcela da população que se encontrava soterrada ou à sombra do sul/sudeste do Brasil.
Sei tb que a educação passou por reformas importantes. Vivi num tempo em que concursos para a universidade eram raros. Sempre faltavam professores (não que eles não faltem, mas...).
Além disso, o que pra mim não é pouco, tem a valorização da cultura.
É claro que, como já disse, falta muito. E talvez falte quem esteja mesmo querendo essas mudanças (as vezes penso que diante da eleição de alguns deputados e senadores, nós eleitores não estamos nos importando muito com essas mudanças).
Eu não paro de acreditar. Eu não paro de querer um país melhor e parte disso tb é querer um presidente com um olhar mais humanista, menos privatista. O estado precisa/deve (no meu ponto de vista) estar presente sim na saúde, educação, moradia, segurança, empregos etc. E a política de um Estado mínimo não me interessa.

MANIFESTO DE REITORES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS À NAÇÃO BRASILEIRA (texto)

EDUCAÇÃO – O BRASIL NO RUMO CERTO

Da pré-escola ao pós-doutoramento – ciclo completo educacional e acadêmico de formação das pessoas na busca pelo crescimento pessoal e profissional – consideramos que o Brasil encontrou o rumo nos últimos anos, graças a políticas, aumento orçamentário, ações e programas implementados pelo Governo Lula com a participação decisiva e direta de seus ministros, os quais reconhecemos, destacando o nome do Ministro Fernando Haddad.
Aliás, de forma mais ampla, assistimos a um crescimento muito significativo do País em vários domínios: ocorreu a redução marcante da miséria e da pobreza; promoveu-se a inclusão social de milhões de brasileiros, com a geração de empregos e renda; cresceu a autoestima da população, a confiança e a credibilidade internacional, num claro reconhecimento de que este é um País sério, solidário, de paz e de povo trabalhador. Caminhamos a passos largos para alcançar patamares mais elevados no cenário global, como uma Nação livre e soberana que não se submete aos ditames e aos interesses de países ou organizações estrangeiras.
Este período do Governo Lula ficará registrado na história como aquele em que mais se investiu em educação pública: foram criadas e consolidadas 14 novas universidades federais; institui-se a Universidade Aberta do Brasil; foram construídos mais de 100 campi universitários pelo interior do País; e ocorreu a criação e a ampliação, sem precedentes históricos, de Escolas Técnicas e Institutos Federais. Através do PROUNI, possibilitou-se o acesso ao ensino superior a mais de 700.000 jovens. Com a implantação do REUNI, estamos recuperando nossas Universidades Federais, de norte a sul e de leste a oeste. No geral, estamos dobrando de tamanho nossas Instituições e criando milhares de novos cursos, com investimentos crescentes em infraestrutura e contratação, por concurso público, de profissionais qualificados. Essas políticas devem continuar para consolidar os programas atuais e, inclusive, serem ampliadas no plano Federal, exigindo-se que os Estados e Municípios também cumpram com as suas responsabilidades sociais e constitucionais, colocando a educação como uma prioridade central de seus governos.
Por tudo isso e na dimensão de nossas responsabilidades enquanto educadores, dirigentes universitários e cidadãos que desejam ver o País continuar avançando sem retrocessos, dirigimo-nos à sociedade brasileira para afirmar, com convicção, que estamos no rumo certo e que devemos continuar lutando e exigindo dos próximos governantes a continuidade das políticas e investimentos na educação em todos os níveis, assim como na ciência, na tecnologia e na inovação, de que o Brasil tanto precisa para se inserir, de uma forma ainda mais decisiva, neste mundo contemporâneo em constantes transformações.
Finalizamos este manifesto prestando o nosso reconhecimento e a nossa gratidão ao Presidente Lula por tudo que fez pelo País, em especial, no que se refere às políticas para educação, ciência e tecnologia. Ele também foi incansável em afirmar, sempre, que recurso aplicado em educação não é gasto, mas sim investimento no futuro do País. Foi exemplo, ainda, ao receber em reunião anual, durante os seus 8 anos de mandato, os Reitores das Universidades Federais para debater políticas e ações para o setor, encaminhando soluções concretas, inclusive, relativas à Autonomia Universitária.

Alan Barbiero – Universidade Federal do Tocantins (UFT)
José Weber Freire Macedo – Univ. Fed. do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Aloisio Teixeira – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Josivan Barbosa Menezes – Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
Amaro Henrique Pessoa Lins – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Malvina Tânia Tuttman – Univ. Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Ana Dayse Rezende Dórea – Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Maria Beatriz Luce – Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Antonio César Gonçalves Borges – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Maria Lúcia Cavalli Neder – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Carlos Alexandre Netto – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Miguel Badenes P. Filho – Centro Fed. de Ed. Tec. (CEFET RJ)
Carlos Eduardo Cantarelli – Univ. Tec. Federal do Paraná (UTFPR)
Miriam da Costa Oliveira – Univ.. Fed. de Ciênc. da Saúde de POA (UFCSPA)
Célia Maria da Silva Oliveira – Univ. Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Natalino Salgado Filho – Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Damião Duque de Farias – Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Paulo Gabriel S. Nacif – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Felipe Martins Müller – Universidade Federal da Santa Maria (UFSM).
Pedro Angelo A. Abreu – Univ. Fed. do Vale do Jequetinhonha e Mucuri (UFVJM)
Hélgio Trindade – Univ. Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Ricardo Motta Miranda – Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Hélio Waldman – Universidade Federal do ABC (UFABC)
Roberto de Souza Salles – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Henrique Duque Chaves Filho – Univ. Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Romulo Soares Polari – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Jesualdo Pereira Farias – Universidade Federal do Ceará – UFC
Sueo Numazawa – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
João Carlos Brahm Cousin – Universidade Federal do Rio Grande – (FURG)
Targino de Araújo Filho – Univ. Federal de São Carlos (UFSCar)
José Carlos Tavares Carvalho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
Thompson F. Mariz – Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
José Geraldo de Sousa Júnior – Universidade Federal de Brasília (UNB)
Valmar C. de Andrade – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
José Seixas Lourenço – Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
Virmondes Rodrigues Júnior – Univ. Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Walter Manna Albertoni – Universidade Federal de São Paulo  (UNIFESP)

domingo, 10 de outubro de 2010

Primeiro debate entre os dois candidatos à presidência da República (texto)

Neste momento inicia, na Bandeirantes, o debate entre os presidenciáveis Dilma Rousself e José Serra. Estou acompanhando com a maior atenção. Serra Inicia o tema: Educação. Fala sobre as suas propostas para a educação brasileira. 2 minutos depois, Dilma inicia a sua fala tb sobre a educação pública. Em seguida um candidato faz pergunta ao outro.
A Dilma pergunta a Serra sobre as calúnias sobre ela na mídia. Sobretudo em relação ao aborto. E lembra a Serra que ele assinou uma lei legalizando o acesso ao aborto no Sistema Único de Saúde.
O debate, neste momento, entra em questões pessoais: deus, religião etc. no momento da réplica do Serra. Em seguida Serra pergunta sobre segurança pública. Dilma está respondendo agora e toca na questão da polícia de São Paulo. 
O debate me parece meio perdido, a pergunta não tem muita relação com a resposta, ou seja, cada um deles responde o que quer sobre o tema. Na réplica de Dilma, ela fala de um acessor de Serra que fugiu com dinheiro da campanha. E assim termina o primeiro bloco.
O segundo bloco, Serra pergunta sobre as Santas Casas de Saúde. Dilma resposde e pergunta sobre as mulheres que fazem aborto. Serra não responde. E fala sobre as Santas Casas. Dilma dá resposta sobre o tempo em que Serra foi Ministro da Saúde e nada fez em relação à dívida das Santas Casas. 
Dilma pergunta a Serra sobre as ações da Petrobrás. Serra diz que tem cabeça própria e que nã foi pinçado por ninguém. Diz que na sua vida pública ele não tem nada a esconder, a vida dele é pública.
Dilma pergunta sobre as declarações de Fernando Henrique Cardoso (FHC) sobre as práticas de privatizações atribuídas a Serra. Serra responde: diz que o PT na prática faz outra coisa. Diz que o PT privatizou dois bancos.
Segundo o Serra o Brasil do PT seria o Brasil do Orelhão. Dilma replica, o meu Brasil não é o do orelhão, mas o da Banda Larga. Ela fala sobre os recursos do Pré-Sal e diz que o candidato está desinformado sobre os recursos dessa riqueza que, segundo ela, é a maior riqueza do país.
José Serra faz a próxima pergunta e retorna ao tema Segurança Pública. Dilma responde que o problema da segurança é a longo prazo e não imediata. Dilma diz em sua téplica que Serra está manipulando os dados. Dilma fala sobre a parceria entre as polícias e diz tb que é importante o policiamento de fronteira. Agora fala sobre os usuários de droga em SP.
Final do segundo bloco. 
Inicia o terceiro bloco.
Os candidatos voltam a se perguntar. pergunta de um minuto e resposta de dois minutos. Boechat abre o terceiro bloco. Dilma pergunta: Serra vc foi ministro do planejamento na época áurea das privatizações, quantas empresas vc privatizou nesse processo? Serra fala da telefonia e não responde objetivamente a pergunta. Ele fala sobre os leitos para usuários de drogas. Dilma diz que o candidato não respondeu: lembra da Nossa Caixa e a Cesp. Serra diz mais uma vez o debate voltou ao mesmo ponto. E responde sobre a venda do Nossa Caixa.
Serra pergunta: volta ao assunto da Saúde. Implantação dos genéricos. Segundo a Dilma a produção de genéricos aumentou.
Serra ri debochadamente ao inciar a sua réplica. E diz que é natural que a produção dos genérios aumentou porque não é feita pelo governo. Dilma em sua tréplica diz que Serra é réu em processo de calúnia.
Termina o terceiro bloco. 
Início do quarto e penúltimo bloco. 
Serra pergunta a Dilma: a respeito de infraestrutura portos e aeroportos. Dilma responde que durante o governo do FHC nada foi feito em relação aos investimentos de portos. Segundo a Dilma houve democracia em relação ao uso de avião no país e por isso os problemas de infraestrutura. Dilma, na sequência, pergunta: Se Serra vai dar continuidade aos programas do Lula. Diz que vai continuar tudo o que deve ser continuado. Em sua tréplica continua com os risinhos e diz que não falou mal de nenhum dos programas, mas que o governo não entregou as moradias que prometeu.
Termina o quarto bloco.
Intervalo.
Inicia o quinto e último bloco em 30 segundos. 
Dilma começa os seus 3 minutos para fechar o debate. Fala sobre as calúnias e diz que sempre respeitou os adversários. Diz que lamenta muito os momentos que a campanha baixou o nível. Diz que quer construir o futuro, lembra da educação básica às universidades. Acesso à saúde, aos exames, ao fim das filas nos hospitais. 
Serra inicia os seus três minutos. Pede votos e pede que cada um de seus eleitores consiga mais um voto. Diz que vai trabalhar para construir no Brasil uma economia forte. Serra diz que vai manter e ampliar os programas socias.

Acredito que o debate deu, de certa forma, para comprender, pelo menos, as propostas de cada um dos candidatos, o passado de cada um deles e o que esperam para o país. É claro que muito no não dito tb nos pode esclarecer sobre as intenções de cada um dele. O silêncio disse muito mais do que as palavras.
Foi um encontro tenso do início ao fim, mas a tensão tb nos ajuda a entender um pouco as personalidades de cada um dos candidatos.
Eu n ão votei no primeiro turno, mas voto no segundo. Sei o que passei na universidade pública durante os anos de FHC e não gostaria de repetir a dose. Sei tb que as privatizações proposta e executadas pelo PSDB não foram as melhores coisas desse governo, sobretudo porque eram empresas que produziam e geravam empregos e capital pata o país.
Por outro lado, não posso me esquecer do controle da inflação durante os oito anos de Fernando Henrique Cardoso, mas tenho certeza de que o país melhorou muito nos oitos anos de Luís Inácio Lula da Silva. Principalmente em relação aos investimentos no norte e nordeste do país, regiões sempre esquecidas pelos presidentes. E tb as mudanças em relação ao pode aquisitivo de uma parcela da população do Brasil.
Ainda que se critique muito os programas sociais, ele retirou da miséria muitos brasileiros.

Dilma e a fé cristã - Frei Betto

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam. Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...

Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.

sábado, 9 de outubro de 2010

Marina,... você se pintou? Maurício Abdalla*

Marina, morena Marina, você se pintou diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o grito da Terra e o grito dos pobres , como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz . Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano . Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a vitória da Marina . Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
Marina, você faça tudo, mas faça o favor : não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você tanto faz . Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele .
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu .

*Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

Viva o Golpe de 1964 (Charge)

As mulheres que fazem aborto não serão tratadas como “questão de polícia” (texto)

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff reafirmou nesta sexta-feira (8), em evento com aliados em São Paulo, que, se eleita, as mulheres que fazem aborto não serão tratadas como “questão de polícia”.
Segundo ela, as religiões “têm papel fundamental para esclarecer as mulheres” e não deixar que elas “incorram nesse tipo de atitude”. O encontro entre a petista e os aliados foi no Sindicato dos Metalúrgicos.
“Eles ficam falando que eu sou a favor do aborto. Eu quero dizer que eu, como pessoa, sou contra o aborto porque é uma violência contra a mulher. Agora eu, como presidente da República, não fecharei meus olhos para as milhares ou milhões de mulheres, adolescentes, mulheres pobres, que, em momento de desespero, sem proteção, porque não sabem se podem criar seus filhos ou não, cometem atos extremos e alguns deles que colocam a vida delas em risco. Eu não tratarei essas mulheres como questão de polícia. É uma questão de saúde”, disse.
“A gente terá de fazer uma campanha que una todas as igrejas, todas as comunidades, estado, município e governo federal e que assegure para todas as mulheres, em qualquer estágio de gravidez, que elas poderão criar seus filhos com dignidade”, afirmou a petista.
Dilma voltou a citar sua vida pessoal como exemplo de que não é a favor do aborto.
“Vi minha filha única se aproximar da hora do parto, vi meu neto nascer e ser batizado. Quero dizer para vocês que uma pessoa que viu a manifestação da vida dentro da sua família não pode jamais ser contra a vida.”
A candidata argumentou que o governo Lula é "a favor da vida" porque elevou as condições econômicas da pessoas. Dilma ainda disse que sua candidatura representa “a corrente do bem”. “No dia 31 [de outubro], vamos olhar para a urna com aquela alegria porque vamos ser vitoriosos. Nós, de fato, representamos a corrente do bem, e não a corrente do mal que campeia por aí”, disse a candidata.
“Esse é o verdadeiro projeto a favor da vida. Esse projeto colocou na ordem do dia o resgate da família brasileira porque, quando elevaram a desigualdade no país a níveis absurdos, a consequência disso foi uma só, o esfacelamento da família”, disse a petista.
Participaram do evento o candidato a vice na chapa de Dilma, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB), senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira (PDT-SP), entre outras lideranças dos partidos aliados.


'Liberdade de crença e religião'
No discurso, Dilma falou ainda em “liberdade de crença e religião”. “Aqui, as igrejas todas convivem, aqui nunca conhecemos guerra religiosa. Aqui tem um povo generoso e temente a Deus.”
Antes da petista, o senador Aloizio Mercadante (PT), que concorreu o governo de São Paulo, disse que o “terrorismo, o medo e a mentira” são usados como “arma política” atualmente.
Ela afirmou que o mesmo ocorreu em 1989, quando Luiz Inácio Lula da Silva disputou a presidência da República, e relembrou a militância política ao lado da senadora Marina Silva (PV), que deixou o PT em 2009.
“Eu me lembro, em 89, a Marina, que sempre foi uma mulher de fé, a indignação dela quando diziam que o Lula fecharia todos os templos evangélicos desse país. Está aí: oito anos de governo, liberdade religiosa, respeito mais absoluto ao culto, à fé de cada um”, afirmou.

Coração de Marina 'bate do lado esquerdo', diz senador

Mercadante, que foi líder do governo no Senado, também pediu o apoio de Marina no segundo turno, afirmando que o coração dela “bate do lado esquerdo”. A senadora do PV ficou em terceiro lugar na disputa pela Presidência da República, com quase 20 milhões de votos. O apoio dela no segundo turno é disputado pelo PT e pelo PSDB.
“Não teve uma votação que eu não estivesse com Marina no plenário durante esses sete anos enquanto ela era ministra e quando ela voltou a ser senadora. E sempre contra quem? Contra os mesmos que hoje dizem que querem o apoio dela. Minha querida Marina, seu coração bate do lado esquerdo. Você pode mudar de posição, e eu respeito a Marina porque acho que é sincera a luta que ela desenvolve. Mas você Marina, pela sua história e pela nossa história, você não pode mudar de lado, seu lado é aqui, é junto com Dilma, é junto com Lula”, disse.
O ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB), que passou a fazer parte da coordenação de campanha de Dilma no segundo turno, discursou antes da candidata. Ele disse que foi questionado por estudantes sobre as alianças na coligação.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...