domingo, 2 de janeiro de 2011

Trabalho sujo (filme)

É claro que não vou indicar nenhum filme. Não faço mais isso. Tem sites, blogues especializados, profissionais espalhados em todos os meios de comunicação disponíveis que fazem disso um trabalho. Não é o meu caso. Tb não vou resenhá-lo aqui (refiro-me ao filme Trabalho sujo), há resenhas em quaisquer jornais, revistas, etc & tal.
No entanto, a partir do que vi e do que conversei com a minha companhia preferida, preciso dizer que às vezes estamos numa merda e tanto, atolados até o pescoço e ainda cavando o nosso próprio buraco (seja por conta de alguém que não nos quer, por conta de alguém que morreu, por conta de um trabalho que não nos dá prazer algum, por falta de grana, por uma doença ou seja lá o que nos faça sentir péssimos. Motivos não nos faltam!), a auto-estima no pé, sem perspectiva etc. etc. etc.
Tudo isso seria suficiente para atirar na própria cabeça e por fim a tudo o que nos incomoda. Mas, podemos tb, por outro lado com o que nos é possível naquele momento fazer dessa meda toda (que é a vida real, aquela lá fora que sente fome, dor, solidão, tristeza etc.) dizer: ok, tá tudo ruim e o que faço com isso tudo? Me entrego a essa bosta totalmente ou desse limão faço uma caipiroska?
Dessa vez opto pela bebida.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Chegamos ao último dia do ano. E como tradição, não aqui neste blogue, mas em uma memória afetiva, escrevo algumas linhas sobre o ano que passou, que está de passagem.
2010 foi um ano de recomeço, não apenas pra mim, mas, principalmente e sobretudo para uma grande amiga, a Tânia, do Impressões de Leitura. E para ela dedico esta retrospectiva.
A Tânia me ensinou muito durante este ano. E pelo jeito ainda vai me ensinar mais. Estou sempre atento aos seus textos e comentários.
Foi um ano de ausências tb. Uma grande amiga, Fátima, do Viver É Afinar os Instrumentos, que sempre estava por aqui, pouco apareceu (nesse último semestre), sei que tem lá seus motivos, mas não posso/devo deixar de dizer a ela que escrevi muito (sobretudo quando o tema era sobre relacionamento) pensando nela. Saudades e o desejo de um ano novo cheio de realizações.
Foram muitas passagens. Eu estava quase terminando (já estava em fevereiro) o link de todos que passaram por aqui com os nomes e os respectivos blogues quando sei-lá-o-que-aconteceu perdi tudo. Aí seria impossível recomeçar. De qualquer forma, fiquei surpreso com a quantidade de comentário.
Atualmente são 181 seguidores, um número enorme para quem escreve sem nenhuma pretensão. Até o momento foram 22403 entradas vindas de 87 países.
Os assuntos foram variados, mas como me prometi, coloquei poesia no blogue.
Desejo a todos (que pena ter perdido o link) um ano novo cheio de saúde, realizações, amor, paz, amizade, tranquilidade. O que mais interessa?
Que estejamos mais próximos nos próximos anos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Aonde vivem os mortos? (texto)

Sonhei com a minha mãe. Sonho estranho. Eu estava em algum lugar (onde os mortos estão) a sua procura. Eu sabia que ela havia morrido (em todos os outros sonhos ela sempre estava viva) e queria saber se ela estava bem. Encontrei pessoas que me conheciam mas que eu não fazia ideia de quem eram. Uma filha francesa. E outros que chagaram para conversar comigo.
Era uma casa esquisita (meio destruída), num grande terreno irregular. Um lugar antigo, uma espécie de sítio com árvores, mato...
Um homem perguntou a uma mulher se eu poderia (estaria preparado para) encontrar a minha mãe. E além disso, me disse que eu deveria passar por uma espécie de treinamento. A tal mulher lhe respondeu que eu já havia passado pelo treinamento diversas vezes. Não o fiz. Algumas pessoas estavam nesse treinamento, um tipo de oração em grupo.
Encontrei muitas pessoas que podiam ser a minha mãe, homens e mulheres parecidos fisicamente com ela, mas ninguém se apresentou como se fosse ela. Essas pessoas estavam ao redor de uma grande mesa quadrada em silêncio.
Eu tb não disse nada. Fiquei ali parado olhando, tentando sozinho descobrir quem dentre aquelas pessoas poderia ser ela. Apertei a mão de alguns, senti a pele de outros. Eram peles envelhecidas, enrugadas. Não soube se ela estava bem porque não consegui descobrir quem ela era. E ninguém se pronunciou. Mas não acordei assustado.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Da Série Contos Mínimos

Encontraram-se para um almoço depois de muitos anos sem se ver. Mantiveram o frescor da amizade. Colocaram-se em dia como se nunca tivessem estado longe.
Até a despedida sentiram-se como um pra sempre.
A vida, que separa, tb une.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo (poesia - Drummond)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 26 de dezembro de 2010

2 anos no ar (texto)

No dia 24, véspera de Natal, o Do Avesso completou dois anos no ar. Fico bastante feliz por ter esse espaço para poder escrever, trocar informações com outros blogues, conhecer possoas, aprender sobre o mundo, me expressar.
Através dele conheci pessoas incríveis. Posso dizer que fiz amigos.
Aproveito para agradecer a presença, porque sem leitor não vale muito estar por aqui. Obrigado pelos comentários, pelas discordâncias, pelos acréscimos, por tanta contribuição.
Ah, como estou de férias (merecidas), não vou bater ponto, não pelo menos com a mesma frequência.
O bolo é simples, mas o pedaço é de coração.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Superar-se (texto)

Histórias de superação sempre são emocionantes (pelo menos, pra mim), ontem, por exemplo, na academia, encontrei uma jovem senhora que após uma cirurgia na coluna  (essas quase nunca são simples) e depois em sua recuperação constatar que continuava com os movimentos nas pernas, resolveu investir numa vida mais saudável do que a que levava antes (quando nem pensava na cirurgia).
Aprendeu a correr. Mas não essas corridinhas que a gente dá até o supermercado, à farmácia, ao shopping para um presente de última hora. Aprendeu a correr grandes distâncias (meias e maratonas inteiras).
Numa conversa rápida com ela, já que cada um de nós não estava ali para conversar (ainda que eu fale sempre mais do que devia), percebi na sua fala o quanto essa valorização do natural  foi importante (ter as duas pernas, poder ouvir, enxergar etc. etc. etc.) nessa sua nova fase da vida.
Ela me contou que começou a viver intensamente depois de achar que poderia passar o resto da vida numa cama ou sabe-se lá aonde.
Sempre ouvi dizer que aprendemos pelo amor  e sobretudo pela dor e que não há outra forma de aprendizado. Não sei se é verdade para todos nós, em geral as generalizações são burras. Sei apenas que para muitos essas experiências extremas podem nos mudar bastante.
Tb não sei se a mudança sempre é positiva. Acredito que sim.

Aprender a lidar com a inquietante constatação de que não somos transparentes para nós mesmos

Saber sobre si é um processo complexo e, na psicanálise freudiana, não se reduz à consciência racional que temos de nós mesmos. Sigmund Freu...