quarta-feira, 13 de abril de 2011

Naftalina (texto)

Que tristeza quando vai chegando a época de retirar do sarcófago todos os casacos, edredons, cobertores, pijamas, meias, pantufas, gorros, luvas, cachecóis etc.
Ontem a noite foi fria. Estava eu deitado, depois de um dia daqueles (conversas, provas corrigidas, aula preparada), quando me dei conta de que o quarto já estava frio e nem era madrugada. Pensei algumas vezes antes de me levantar (eu estava podre) para pegar um edredon.
Achei até que pudesse ser demais. Mas já estamos no outono (estamos?!) e a possibilidade de esfriar sempre está presente.
Não me enganei. Fez frio. Fez um frio de verdade e eu estava agasalhado. Mas é claro que isso não é tudo, hoje acordei cedo, às 7h, para dar aula e ainda estava frio. Aí, realmente, não dá para ficar de bom humor. Quem pode achar bom acordar nessas condições: neblina, chuva fina, 2 casacos, luvas? Não dá, né?
Pois bem, a manhã foi desse jeito. A chuva parou não faz muito tempo. Relaxar porque vai piorar.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

O micróbio do samba - Adriana Calcanhotto (texto)

Como já dito no post abaixo, não sou do tipo que me apaixono de cara por um CD. Insisto um pouco. Insisto um pouco mais se tenho boas referências do cantor.
E tb não tenho mais idade para sair por aí dizendo que vale o que se vê de imediato. Definitivamente, não. Mas a impressão que tive do mais recente CD de Adriana Calcanhotto, O micróbio do samba, não foi das melhores.
Fiquei com a sensação de que ela tenta fazer (considerando sempre as condições de cada um dos artistas) um samba sofisticado como o de Paulinho da Viola, mas derrapa. Achei o CD pretensioso e sem qualidade.
Samba com guitarra é modernoso, mas... 
Nem mesmo as já conhecidas Beijo sem gravada por Teresa Cristina e Marisa Monte ou Vai saber? gravada por Marisa Monte funcionaram na voz da cantora. Fiquei desapontado, primeiro, porque, em geral, uma música sempre cola em mim quando se trata da gaúcha cantando e compondo, depois, porque nem uma letrinha, umazinha sequer, me surpreendeu.
Tomara que na insistência eu mude de opinião.

Marcelo Camelo (Texto)

Não sou do tipo que se apaixona de cara por um CD inteiro. Na verdade, sou do tipo que vai gostando um pouquinho hoje, outro amanhã, até gostar (ou não, como diria Caetano) da obra. Mas o novo CD do compositor, cantor, intrumentista Marcelo Camelo, ex-Los Hermanos, é muito bom.
Desde o primeiro acorde até surgir a sua voz em A noite ou até finalizar o último som em Meu amor é teu, é tudo bom demais! Coloquei para tocar assim que cheguei ontem de viagem e não dá para parar de ouvir.
Destaque para Despedida. Por enquanto, minha favorita. Mas todas as outras são bem feitas, casando voz, letra e música. O encarte é um datelhe que conta (tb por isso não deixo de comprar CD) de forma positiva para o conjunto. Bom demais ter um artista dessa qualidade no mercado.

Que só quando eu cruzo a Ipiranga com a Avenida São João (texto)

Acabei de chegar de São Paulo, foram apenas 2 noites e 3 dias. Bem pouco para uma capital com tanto para fazer, muito para ver, quantidades de lugares para ir.
Fiz quase nada, diante de um mundo. A ida foi motivada pelo show do U2, que merece um post exclusivo. Fica pra depois. Mas, honestamente, fiquei mais feliz por estar em Sampa.
Primeiro porque participei da comemoração de 8 anos do casamento de amigos, e nessa festinha, pra poucos, me diverti muito. Éramos onze, com os anfitriões, ou seja, um pequeno comitê. Participei quase que por um acaso...de qualquer forma foi bom demais estar por lá. Ri muito, conversei bastante, me senti como se fosse velho amigo dos amigos dos amigos.
No sábado, depois de uma sexta-feira meio alcoólica, acordei relativamente tarde, mas o Conjunto Nacional eu não poderia perder. Fiquei boa parte da manhã em volta dos livros e CD´s. Pena não ter grana suficiente para comprar tudo que me fez suspirar. O saldo foi positivo, posso dizer assim.
Em seguida, almocei com um velho amigo (Cacau) e passamos a tarde juntos. Comemos num lugar delicioso, comida tailandesa. Todos os gostos, cheiros, sabores me impressionaram. Muito. Além disso, o papo foi divertido. Colocamos um pouco dos assuntos em dia. E daí para a Augusta e Frei Caneca foi um pulo. Menos até.
Mas não é exatamente isso que me encanta na mais capital das capitais, é alguma coisa que só se encontra por lá. Gente demais na rua sem que se tenha essa impressão, gente em toda a parte e em todos os lugares sem que isso seja alguma coisa para se achar fora do catálogo. E tb fazer parte disso sem que isso seja um tom acima do demais.
Meus amigos reclamam do cada um por si da cidade, eu tb reclamaria, com certeza, mas estava ali de passagem e isso, inclusive, me fazia bem. Mais um na multidão. Tudo é tanto, tanto é tão grande, muito é demais que dois olhos são poucos para ver o que se passa, quem passa, como se passa. Um ano é pouco pra São Paulo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Qual a máscara que vc mais usa? (texto)

Todos nós temos máscaras sociais, ou seja, a gente se traveste, às vezes de nós mesmos (isso acontece quando a gente vira uma autocaricatura), para dar conta de situações diversas. Fiquei agora pensando nessa minha máscara mais batida, velha de uso, empoeirada, mas que me salva em alguns momentos.
Acho, eu escrevi acho, que a minha máscara mais frequente é a de engraçado. Não sou engraçado, ou melhor, não quero ser divertido sempre. Bem ao contrário, sou silencioso, não gosto de muita falação, mas para sobreviver, não me afogar, não me jogar do terceiro andar e cair em mim, brinco. Faço piadas. Rio de mim mesmo.
Qual a máscara que vc mais usa?

sábado, 2 de abril de 2011

A bíblia como o único parâmetro para explicar o mundo (texto)

Nada contra quem carrega a bíblia embaixo dos braços e a cada fala cita um provébio, salmo ou alguma passagem para justificar os comportamentos humanos.
Nada contra quem acha que tudo é possessão. Uma dor de cabeça é um demônio que habita o corpo.
Nada contra quem acha que a miséria é uma provação. Que o sofrimento é o desejo de Deus.
Nada contra nenhuma religião. Nada contra pastores, padres, pastoras, papas, pais e mães de santo, entidades, santos, espíritos desencarnados, profetas.
Enfim, tenho por princípio: cada um é o que pode e o que se pode diz respeito apenas a cada um. Eu sou o que eu posso, não o que eu quero ser.
A partir disso, não posso admitir que se use um livro, seja ele qual for, como parâmetro único para explicar, justificar, impelir comportamentos.
Tô cansado, muito mesmo, de responder provocações que giram em torno da normalidade heterossexual em detrimento da anormalidade homossexual. Isso não me diz mais nada. Não tenho tempo para isso, meu trabalho me consome de tal forma que tenho selecionado, com muito critério, o que ler. Antes, quando da graduação, eu lia tudo, tudo me interessava.
Continuo me interessando por muitas coisas, mas cada vez menos por pessoas que se interessam apenas por verdade absoluta, única, de uma só mão
O site da ABGLT foi invadido nesta madrugada, dia 02, por ráqueres que por lá postaram textos. Um deles um enunciado sobre Bolsonaro (o tal deputado sexista, racista, homofóbico, burro) para a presidência da república. O que sozinho já seria o suficiente para me calar.
Não se pode esperar de um presidente comportamentos que desrespeitem a Constituição, por exemplo. Todos somos iguais perante a Lei e isso significa que Todos, sem exceção, temos os mesmos direitos. Ou teremos cidadãos de segunda classe. Não sou de classe alguma.
Como se pode esperar de um presidente declarações racistas, preconceituosas, homofóbicas, ou coisas parecidas?
O outro, um texto com base numa leitura bíblica de inteligência tão duvidosa que tb não merece comentário. Nenhum. Deus criou o homem e a mulher. Deus criou o sexo para procriação. Deus criou a boca para o beijo? Sexo anal só acontece entre dois homens? Todo sexo tem por objetivo se multiplicar? Cansei. Por que não: Nada acontece sem que seja vontade dEle?
Não sei muita coisa, ou melhor, sei quase nada, mas tenho a certeza apenas de que estamos perdendo o nosso tempo com brigas sem propósito, que não nos levam a lugar nenhum, mas que produzem sofrimento. 
Estranho, eu acho, falar em nome de deus para produzir sofrimento, separação, desigualdades, ódio, diferenças. Mais estranho ainda se achar no lugar de poder falar em nome dele. Mas como disse há algumas linhas, cada um acha o que pode e não o que quer.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...