segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quando "dois" é pouco (texto)

Dizem por aí que um é pouco, dois é bom e três, demais. É bem verdade que em algumas situações o ditado popular tá certo. Por exemplo, se uma relação a dois já é complicada, a três  se deve  acrescentar, pelo menos, um terço de complicação (uns poderiam dizer, mas se deve acrescentar tb, pelo menos, um terço de diversão etc.).
No entanto, quando não se tem uma margem, um a mais, em se tratando, por exemplo, de uma família,  se falta um, sobra apenas um. Aí  não é fácil segurar a barra sozinho.
Decidir sozinho, resolver com vc mesmo, fazer exatamente sem ouvir o outro, não ter uma segunda impressão, não ter outra opinião, não é das situações a mais confortável.
É bom ter uma margem de segurança, e margem aqui não é estepe, reserva, moletas, é ter segurança para, se pintar uma barra bem pesada, poder dividi-la.

Em torno de uma mesa (texto)

Já era para eu estar dormindo, ou, pelo menos, me praparando para isso. Hoje o dia foi puxado, além de Sobrados teve Mucambos. Não parei um minuto, mas nem posso reclamar. Muito bom, muito agradável meu final de noite. Acho que posso dizer mais, muito bom esse final de semana.
Fazia tempo que eu não tinha por aqui dias tão intensos. Algum tempo sem pessoas interessantes que me tirassem de um certo lugar de conforto, aquele de ficar sozinho ouvido a minha música, ou vendo o meu filme, ou escrevendo o meu texto, ou lendo qualquer coisa. Bom poder sair desse meu-mundo-igual-de-todo-fim-de-semana. Não é uma reclamação, de jeito nenhum!, não fico em casa por falta de opção, fico porquer gosto (fi-lo porque qui-lo).
De qualquer forma, aproveito para pensar um pouco no que ouço por aí, para haver diversão nem é preciso tanto malabarismo, mágicos, trapezistas, globo da morte, um pequeno comitê reunido em torno de uma mesa é suficiente.

sábado, 16 de abril de 2011

Vontade de rever amigos (Joyce)

Revendo amigos
Vontade de rever amigos
Os gestos de sempre, a risada em comum
Contando as histórias e os casos antigos
As músicas novas
Sem moda, sem tempo nenhum

Vontade de rever amigos
Dizer que estou solta na minha prisão
Gritar pras pessoas
Vem cá que eu tô viva
Me tira a tristeza de dentro
Do meu coração

Saber quem morreu
Perguntar quem chegou de viagem
Se foi porque quis
Explicar que o amor me pegou de mal jeito
Mas tudo somado acho que fui feliz

No entanto, cadê meus amigos
Vai ver que a poeira do tempo levou
A barra da vida tem muitos perigos
E a gente se afasta sem querer
Se esquece sem querer
Se perde dos velhos amigos

Se esquece e se perde dos velhos amigos.
 
Pra vocês: Teresa, Robson, Dias, Vera, Maga, Aline, Nanci, Renato, Gil, Patrícia, Íngridi, Luciana, Rômulo, Zequinha, Suzana, Márcia Crepaldi, Bárbara, Renato, Léo, Michael, Sandro, Zé, Mônica, Cátia, Aparecida, Rosana, Célia, Georges, Suley, Neném, Ana, Anselmo, Marina, João, Sebastian, Mauro, D. Teresa, Helô, Nika, Madelon, Serginho, Renato, Dórian, Binha, Tom, Rose, Tony, Glauco, Narda, Lu, Toninho, Paulo, Inês e tantos outros velhos amigos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Da Série Contos Mínimos

Espalhou fotografias por toda a casa para se encontrar, ou não se perder, na ausência do seu rosto.

Naftalina (texto)

Que tristeza quando vai chegando a época de retirar do sarcófago todos os casacos, edredons, cobertores, pijamas, meias, pantufas, gorros, luvas, cachecóis etc.
Ontem a noite foi fria. Estava eu deitado, depois de um dia daqueles (conversas, provas corrigidas, aula preparada), quando me dei conta de que o quarto já estava frio e nem era madrugada. Pensei algumas vezes antes de me levantar (eu estava podre) para pegar um edredon.
Achei até que pudesse ser demais. Mas já estamos no outono (estamos?!) e a possibilidade de esfriar sempre está presente.
Não me enganei. Fez frio. Fez um frio de verdade e eu estava agasalhado. Mas é claro que isso não é tudo, hoje acordei cedo, às 7h, para dar aula e ainda estava frio. Aí, realmente, não dá para ficar de bom humor. Quem pode achar bom acordar nessas condições: neblina, chuva fina, 2 casacos, luvas? Não dá, né?
Pois bem, a manhã foi desse jeito. A chuva parou não faz muito tempo. Relaxar porque vai piorar.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

O micróbio do samba - Adriana Calcanhotto (texto)

Como já dito no post abaixo, não sou do tipo que me apaixono de cara por um CD. Insisto um pouco. Insisto um pouco mais se tenho boas referências do cantor.
E tb não tenho mais idade para sair por aí dizendo que vale o que se vê de imediato. Definitivamente, não. Mas a impressão que tive do mais recente CD de Adriana Calcanhotto, O micróbio do samba, não foi das melhores.
Fiquei com a sensação de que ela tenta fazer (considerando sempre as condições de cada um dos artistas) um samba sofisticado como o de Paulinho da Viola, mas derrapa. Achei o CD pretensioso e sem qualidade.
Samba com guitarra é modernoso, mas... 
Nem mesmo as já conhecidas Beijo sem gravada por Teresa Cristina e Marisa Monte ou Vai saber? gravada por Marisa Monte funcionaram na voz da cantora. Fiquei desapontado, primeiro, porque, em geral, uma música sempre cola em mim quando se trata da gaúcha cantando e compondo, depois, porque nem uma letrinha, umazinha sequer, me surpreendeu.
Tomara que na insistência eu mude de opinião.

Marcelo Camelo (Texto)

Não sou do tipo que se apaixona de cara por um CD inteiro. Na verdade, sou do tipo que vai gostando um pouquinho hoje, outro amanhã, até gostar (ou não, como diria Caetano) da obra. Mas o novo CD do compositor, cantor, intrumentista Marcelo Camelo, ex-Los Hermanos, é muito bom.
Desde o primeiro acorde até surgir a sua voz em A noite ou até finalizar o último som em Meu amor é teu, é tudo bom demais! Coloquei para tocar assim que cheguei ontem de viagem e não dá para parar de ouvir.
Destaque para Despedida. Por enquanto, minha favorita. Mas todas as outras são bem feitas, casando voz, letra e música. O encarte é um datelhe que conta (tb por isso não deixo de comprar CD) de forma positiva para o conjunto. Bom demais ter um artista dessa qualidade no mercado.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...