quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cuitelinho (música)

 
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na bera da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia ai


Ai quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia ai

A tua saudade corta
Como o aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a otra faia
E os oio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia ai.

Vou pegar o teu retrato
vou botar numa medaia
com um vestidinho branco
e um laço de cambraia
vou pendurar no meu peito
que onde o coração trabaia.

Essa é pra Helô e pra Fátima (Viver é afinar os instrumentos).

Composição : Paulo Vanzolini / Antônio Xandó

Da série Contos mínimos

Ele se sentia culpado por sentir felicidade. Não se sentia merecedor. Era como se ficasse à vontade apenas quando alguma coisa não ia bem.

sábado, 30 de abril de 2011

Da Série Contos Mínimos

Sentia-se como se tivesse trombado com uma manada de elefantes. Pernas, braços, tórax, cabeça: nada fazia sentido. Nada compunha um todo. Um homem aos pedaços.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Para Cris (texto)

Cris, dia desses nos falamos por aqui. O post era sobre música. Eu escrevia sobre as minhas impressões em relação ao mais recente CD da Adriana Calcanhotto. Naquele post eu disse que o CD havia me decepcionado, justamente porque, como gosto muita da Adriana (pareço até íntimo), esperava muito mais de um disco de samba, já que ela é uma compositora especial.
Vc me disse que fazia tempo que não se surpreendia com nada em relação à música. Lembra-se? Pois bem, hoje um aluno me indicou o CD da Mônica Salmaso - Alma Lírica Brasileira (clique aqui para ouvir). Olha, comprei pela net. mas enquanto não chega estou ouvindo pela UOL, sem parar, diga-se.
Ouça e depois me diga o que achou. O selo é Biscoito Fino, raramente produz algum CD/DVD que não seja muito bom. Tomara que, como eu, vc se surpreenda. Além da voz, dos arranjos, dos músicos que a acompanham, a seleção musical é impecável! De Carnavalzinho até Trem das onze, imperdível. A alma é mesmo brasileira da melhor espécie, do mais alto nível.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pra você guardei o amor (Nando Reis)

Que o Nando Reis é um grande letrista não é novidade para ninguém, pelo menos, pra quem já tenha escutado por exemplo All Star, Por onde andei, Luz dos olhos, Relicário, O segundo sol, Cegos do Castelo e tantas, tantas outras músicas, cantados por ele, ou eternizadas pela voz da Cássia Eller.
Dia desses, um amigo me mandou Pra você guardei o amor, e fiquei ouvindo sem parar, até que a música grudou como se tivesse sido parte da minha trilha sonora.
A letra é demais!! Interpretada por ele e por Ana Cañas, é uma declaração de amor. Confira:

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir


Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir


Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar


Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar


Pra você guardei o amor
Que aprendi vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar


Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar


Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir


Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar


Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Da Série Contos Mínimos

Sabia, porque a gente sempre sabe, que nem tudo depende do desejo. Sabia tb que a responsabilidade não era de outra pessoa. Mas, às vezes, sentia uma vontadezinha de compartilhar. Um mesmo espelho sempre é pouco.

Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me (texto)

Ando nostálgico. Mas sei que a nostalgia talvez seja de algo que nem mesmo tenha existido. É possível que esteja apenas numa memória inventada. Uma saudade boa (e triste) de se ter.
Não é o desejo de voltar ao passado, propriamente dito, mas a vontade de se ter alguma coisa que não tenho, nem sei se tive, mas como não a(o) encontro aqui agora, me iludo com a possibilidade de encontrá-la(o) em outro lugar. Se não está aqui e se não a(o) vislumbro num futuro, só poderia achá-la(o) no passado. 
Não sei exatamente o que me faz sentir assim.
Hoje numa conversa com amigos no almoço, me dei conta de que o mês de abril está no fim e a impressão é a de que não fiz nada. Nem um passo. Primeiro, quando penso no que preciso fazer, depois, quando vejo que nem dei conta do que eu deveria ter feito. Estar longe desses pensamentos já seria bom. Mas, por hora, não dá.
Escrever já ajuda um pouco, enquando aperto as letras do teclado, penso um pouco sobre essa sensação. E pensar é, em parte, organizar para resolver.
Quando estou assim tenho vontade de estar com uma grande amiga do Rio, ela sempre tem alguma coisa para me dizer, para me confortar.
Na vitrola The Smiths dá vida à cena, ouço Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me, e seus primeiros versos Last night I dreamt/ That somebody loved me/ No hope, no harm/ Just another false alarm me chamam a atenção para todos esses últimos anos, talvez eu devesse modificar o pronome para a primeira pessoa, talvez fosse preciso repensar os últimos 11 anos.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...