Sentou-se diante da impossibilidade de compreender o problema. Sentar-se era uma forma milenar para cair em si.
ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Quando a vida pública para na privada (texto)
O ator Fábio Assunção em entrevista a resvista TRIP deste mês deu declarações sobre a impossibilidade de hoje em dia se ter privacidade. Segundo ele, questões que não dizem respeito ao público, tais como, percentual de gordura, separações, doenças, acidentes passam a ser mais importantes do que a arte:
- Uma coisa é você se colocar dentro da sua obra, se tornando parte dela. Outra é a sua vida ser colocada sobre sua obra, tomando conta dela. Esse limite hoje em dia está mal delineado. Casamentos, separações, doenças, acidentes, declarações, agressões, percentual de gordura, tudo é mais importante do que aquilo que se produz - disse ele, que completou. - Me refiro ao fato de que hoje nem gordo você pode mais ser livremente.
Não deve mesmo ser agradável se ver estampado em capas de revistas, sendo cunsumido como um produto sem que, nesse consumo, haja quaisquer referências a seu trablho.
Não há limite entre o que possa interessar em relação à vida privada e a pública, porque tudo se vende. Tudo virou produto de consumo. E há as justificativas em torno disso, se fulano de tal expõe publicamente a sua vida privada, por que não noticiar essa exposição?
Além disso, uma parte dos artistas se vende com o propósito de ocupar esses espaços na mídia: a máxima quanto mais se vê mais lembrado parece alimentar esse tipo de mídia.
Sem falar nas assessorias de imprensa que enviam às revistas/jornais notas sobre essas (des)informações porque sobrevivem disso.
- Nossas pálpebras ainda que fechadas não conseguem mais deixar de ver aquilo que não se quer ver. Elas estão perdendo a função de limitar a fronteira do privado. Aliás, o privado está em extinção. Mas os homens não.
Não é raro programas diários comentado a roupa, a ida à praia, o novo namorado, a traição, a saída à noite, a bofetada, os metros que devem separar determinados ex-casais. Enfim, nem se pode ser feliz ou, principalmente, sofrer em paz.
Não há limite entre o que possa interessar em relação à vida privada e a pública, porque tudo se vende. Tudo virou produto de consumo. E há as justificativas em torno disso, se fulano de tal expõe publicamente a sua vida privada, por que não noticiar essa exposição?
Além disso, uma parte dos artistas se vende com o propósito de ocupar esses espaços na mídia: a máxima quanto mais se vê mais lembrado parece alimentar esse tipo de mídia.
Sem falar nas assessorias de imprensa que enviam às revistas/jornais notas sobre essas (des)informações porque sobrevivem disso.
- Nossas pálpebras ainda que fechadas não conseguem mais deixar de ver aquilo que não se quer ver. Elas estão perdendo a função de limitar a fronteira do privado. Aliás, o privado está em extinção. Mas os homens não.
Não é raro programas diários comentado a roupa, a ida à praia, o novo namorado, a traição, a saída à noite, a bofetada, os metros que devem separar determinados ex-casais. Enfim, nem se pode ser feliz ou, principalmente, sofrer em paz.
sábado, 7 de maio de 2011
Uma alegria para sempre (Mário Quintana)
Um pouco de poesia para um sábado cheio.
As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer.
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Na veia, Simone (CD)
O CD é de 2009, mas a aquisição se deu nesta semana, por isso falando dele apenas agora.
Sabe aquele disco (não consigo me livrar de chamar CD de disco, ainda que seja um disco. Discos são de vinil. Não importa muito, o importante é CD para quem é de CD e vinil para quem é de vinil) que vc ouve e nesta primeira audição vc fica apaixonado por ele? Pois é, estou assim.
Ouço Simone desde Começar de Novo, não ouso lembrar de datas, sei apenas que vai tempo. Gosto demais da voz da baiana, do seu repertório, sobretudo porque ela transita muito bem entre as baladas românticas e o samba
Este disco não é diferente. Tem boas músicas românticas, boas regravações com inovação. Eu não simpatizei apenas com uma velha música de Gonzaguinha Geraldinos e Arquibaldos. No entanto, são 12 músicas para animar, para pensar com o coração, dançar, cair no samba.
Eu destacaria Migalhas de Erasmo Carlos, Certas noites de Dé Palmeira e Adriana Calcanhotto, Bem pra você de Dé Palmeira e Marina Lima, Ame de Paulinho da Viola e Deixa eu te amar de Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva.
Como eu disse antes são doze músicas. Vale à pena ouvir.
Supremo reconhece união estável de homossexuais (texto)
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, por unanimidade, nesta quinta-feira (5) a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. Na prática, as regras que valem para relações estáveis entre homens e mulheres serão aplicadas aos casais gays. Com a mudança, o Supremo cria um precedente que pode ser seguido pelas outras instâncias da Justiça e pela administração pública.
O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, concluiu a votação pedindo ao Congresso Nacional que regulamente as consequência da decisão do STF por meio de uma lei. “O Poder Legislativo, a partir de hoje, tem que se expor e regulamentar as situações em que a aplicação da decisão da Corte seja justificada. Há, portanto, uma convocação que a decisão da Corte implica em relação ao Poder Legislativo para que assuma essa tarefa para a qual parece que até agora não se sentiu muito propensa a exercer”, afirmou Peluso.
saiba mais
De acordo com o Censo Demográfico 2010, o país tem mais de 60 mil casais homossexuais, que podem ter assegurados direitos como herança, comunhão parcial de bens, pensão alimentícia e previdenciária, licença médica, inclusão do companheiro como dependente em planos de saúde, entre outros benefícios.
Em mais de dez horas de sessão, os ministros se revezaram na defesa do direito dos homossexuais à igualdade no tratamento dado pelo estado aos seus relacionamentos afetivos. O julgamento foi iniciado nesta quarta-feira (4) para analisar duas ações sobre o tema propostas pela Procuradoria-Geral da República e pelo governo do estado do Rio de Janeiro.
Em seu voto, o ministro Ayres Britto, relator do caso, foi além dos pedidos feitos nas ações que pretendiam reconhecer a união estável homoafetiva. Baseada nesse voto, a decisão do Supremo sobre o reconhecimento da relação entre pessoas do mesmo sexo pode viabilizar inclusive o casamento civil entre gays, que é direito garantido a casais em união estável.
A diferença é que a união estável acontece sem formalidades, de forma natural, a partir da convivência do casal, e o casamento civil é um contrato jurídico formal estabelecido entre suas pessoas.
A lei, que estabelece normas para as uniões estáveis entre homens e mulheres, destaca entre os direitos e deveres do casal o respeito e a consideração mútuos, além da assistência moral e material recíproca.
Efeitos da decisãoA extensão dos efeitos da união estável aos casais gays, no entanto, não foi delimitada pelo tribunal. Durante o julgamento, o ministro Ricardo Lewandowski foi o único a fazer uma ressalva, ao afirmar que os direitos da união estável entre homem e mulher não devem ser os mesmos destinados aos homoafetivos. Um exemplo é o casamento civil.
“Entendo que uniões de pessoas do mesmo sexo, que se projetam no tempo e ostentam a marca da publicidade, devem ser reconhecidas pelo direito, pois dos fatos nasce o direito. Creio que se está diante de outra unidade familiar distinta das que caracterizam uniões estáveis heterossexuais”, disse Lewandowski.
“Não temos a capacidade de prever todas as relações concretas que demandam a aplicabilidade da nossa decisão. Vamos deixar isso para o caso a caso, nas instâncias comuns. A nossa decisão vale por si, sem precisar de legislação ou de adendos. Mas isso não é um fechar de portas para o Poder Legislativo, que é livre para dispor sobre tudo isso”, afirmou o relator do caso, ministro Ayres Britto.
"Esse julgamento marcará a vida deste país e imprimirá novos rumos à causa da homossexualidade. O julgamento de hoje representa um marco histórico na caminhada da comunidade homossexual. Eu diria um ponto de partida para outras conquistas", afirmou o ministro Celso de Mello.
No primeiro dia de sessão, nove advogados de entidades participaram do julgamento. Sete delas defenderam o reconhecimento da união estável entre gays e outras duas argumentaram contra a legitimação.
A sessão foi retomada, nesta quinta, com o voto do ministro Luiz Fux. Para ele, não há razões que permitam impedir a união entre pessoas do mesmo sexo. Ele argumentou que a união estável foi criada para reconhecer “famílias espontâneas”, independente da necessidade de aprovação por um juiz ou padre.
“Onde há sociedade há o direito. Se a sociedade evolui, o direito evolui. Os homoafetivos vieram aqui pleitear uma equiparação, que fossem reconhecidos à luz da comunhão que tem e acima de tudo porque querem erigir um projeto de vida. A Suprema Corte concederá aos homoafetivos mais que um projeto de vida, um projeto de felicidade”, afirmou Fux.
“Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal”, afirmou a ministra Cármen Lúcia.
O repúdio ao preconceito e os argumentos de direito à igualdade, do princípio da dignidade humana e da garantia de liberdade fizeram parte das falas de todos os ministros do STF.
“O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário”, disse a ministra Ellen Gracie.
“Estamos aqui diante de uma situação de descompasso em que o Direito não foi capaz de acompanhar as profundas mudanças sociais. Essas uniões sempre existiram e sempre existirão. O que muda é a forma como as sociedades as enxergam e vão enxergar em cada parte do mundo. Houve uma significativa mudança de paradigmas nas últimas duas décadas”, ponderou Joaquim Barbosa.
O ministro Gilmar Mendes ponderou, no entanto, que não caberia, neste momento, delimitar os direitos que seriam consequências de reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo. “As escolhas aqui são de fato dramáticas, difíceis. Me limito a reconhecer a existência dessa união, sem me pronunciar sobre outros desdobramentos”, afirmou.
Para Mendes, não reconhecer o direitos dos casais homossexuais estimula a discriminação. “O limbo jurídico inequivocamente contribui para que haja um quadro de maior discriminação, talvez contribua até mesmo para as práticas violentas de que temos noticia. É dever do estado de proteção e é dever da Corte Constitucional dar essa proteção se, de alguma forma, ela não foi engendrada ou concedida pelo órgão competente”, ponderou.
Duas ações
O plenário do STF concedeu, nesta quinta, pedidos feitos em duas ações propostas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo governo do estado do Rio de Janeiro.
O plenário do STF concedeu, nesta quinta, pedidos feitos em duas ações propostas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo governo do estado do Rio de Janeiro.
A primeira, de caráter mais amplo, pediu o reconhecimento dos direitos civis de pessoas do mesmo sexo. Na segunda, o governo do Rio queria que o regime jurídico das uniões estáveis fosse aplicado aos casais homossexuais, para que servidores do governo estadual tivessem assegurados benefícios, como previdência e auxílio saúde.
O ministro Dias Toffoli não participou do julgamento das ações. Ele se declarou impedido de votar porque, quando era advogado-geral da União, se manifestou publicamente sobre o tema.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Cuitelinho (música)
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na bera da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia ai
Ai quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia ai
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia ai
A tua saudade corta
Como o aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a otra faia
E os oio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia ai.
Como o aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a otra faia
E os oio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia ai.
Vou pegar o teu retrato
vou botar numa medaia
com um vestidinho branco
e um laço de cambraia
vou pendurar no meu peito
que onde o coração trabaia.
Essa é pra Helô e pra Fátima (Viver é afinar os instrumentos).
Composição : Paulo Vanzolini / Antônio Xandó
Composição : Paulo Vanzolini / Antônio Xandó
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