domingo, 19 de junho de 2011

A calcinha da Luluzinha (Ruth de Aquino)

Época
República do salto alto, da saia justa, do gineceu. Bobagem! Homem ou mulher, quem comanda precisa é ser competente e honesto.

O foco malicioso na calcinha branca de Gleisi foi o clímax de uma semana de besteirol político. O frenesi pró e contra as mulheres no poder empobreceu o debate de ideias do regoverno Dilma. Nunca li tanta bobagem sobre a decisão de um(a) presidente. República da Luluzinha. Do salto alto. Da saia justa. No Planalto do gineceu, agora, só se contrata quem usa saia. Dilma voltou a usar terninho. Gleisi é normalista com nariz arrebitado. Ideli gosta de cantar e ama sargento triatleta 12 anos mais novo. São duras, mas são mães.
Elas gostam de mandar (é mesmo?). São tratores (é ruim?). Briguentas mas doces. E por aí vai. Gastou-se o verbo para analisar algo que não é substantivo. Não tem a menor importância se quem comanda é homem ou mulher. Precisa ser competente e honesto. Duas qualidades raras em Brasília. Qualquer que seja o sexo.
Uma jornalista escreveu que, “como mulher”, se orgulha de ver três mulheres no poder – mas desconfia que não vai dar certo porque nenhuma delas tem experiência. Elas não passam de “umas coadjuvantes”. Normal, não? Nos jornais diários e nas empresas, mulheres costumam ser coadjuvantes.
Os homens fizeram gozações de botequim sobre o triunvirato feminino. E pontificaram: o matriarcado é alto risco. Como se o patriarcado tivesse resolvido nossas mazelas de corrupção e falta de compromisso com o bem público e o futuro do país.
Abomino cotas sexuais ou raciais. Não acredito que Dilma tenha chamado Gleisi e Ideli por serem mulheres. Lula não chamou Zé Dirceu, Gushiken e Palocci por serem homens. Foram atrás de confiança. Torpedeada, Dilma nomeou fiéis escudeiras. Lula também, mas precisou se livrar dos amigões do peito. Dilma, antes mesmo de assumir, abriu mão de Erenice. Todos os companheiros foram derrubados por acusações de desvio de verba pública e abuso de poder.
Não consigo engolir Ideli. Exatamente por representar a política de sempre no Brasil, o fisiologismo que é coisa nossa no Congresso. Não confio em Ideli por ter defendido Renan Calheiros e Sarney. Por prometer cargos e fundos para aplacar a oposição (o PT e o PMDB). O fato de ser vaidosa não influencia em nada meu julgamento. É mau sinal que a própria Ideli, acusada de arrogante, caia na esparrela de prometer “uma operação limpa prateleira, coisa de mulher” e afirmar que nenhuma das três perderá “o lado mãezona”. Vamos trabalhar, minha gente varonil.
Não tem importância se quem comanda é homem ou mulher – precisa é ser competente e honesto
Há uns 15 anos, uma juíza rigorosa e irônica, minha amiga, comentou que só poderíamos comemorar a igualdade entre os sexos “quando as mulheres incompetentes também fossem promovidas, e não apenas as mulheres três vezes mais competentes”. Espero que não seja o caso porque torço pelo Brasil, pelas reformas, pela estabilidade. E acho um nojo essas disputas palacianas que visam apenas ao bem-estar dos políticos. Não passam de chantagens. Ideli já foi avisada. Se os pedidos de grana não forem atendidos, o governo vai sofrer novas derrotas em votações no Congresso. É o bolso, e não a consciência, que está em jogo.
Criticar as três por não serem políticas profissionais demonstra certa condescendência com o estado de coisas. Estamos todos satisfeitos com o exercício convencional da política em Brasília? O toma lá dá cá. As conspirações, os desmandos e as infidelidades partidárias. A República das gravatas listradas ou vermelhas. Dos mocassins. Dos ternos apertados nas barrigas estufadas. Do suor. Dos cabelos precocemente acajus. Das amantes e filhos bastardos. Dos casados com moças que poderiam ser suas netas. Mas, pensando bem, seria ridículo criticar o vice-presidente e os congressistas apenas por serem homens.
Me cansa esse discurso viciado de que a presidente e as ministras, “apesar de mulheres, têm fogo nas ventas”. É clichê demais. Não me orgulho porque temos três mulheres no poder. Minha torcida é pelo Brasil. Nomear uma ministra só por ser mulher é muita tolice. Menosprezá-la só por ser mulher é mais tolice ainda. É fraqueza. Não faz jus a machos e fêmeas minimamente inteligentes.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bastião da moralidade (texto)

Por que será que falar/escrever palavrões de cunho sexual ofende tanto certas pessoas? Por que será que atitudes de outra ordem, por exemplo, a falta de respeito velada não ofendem na mesma intensidade?
Não estou de forma alguma fazendo apologia ao palavrão, ainda que ele não mais me ofenda (não me diga, absolutamente, nada). Já fui xingado algumas vezes. Já fui injuriado tantas outras, e aprendi, a duras penas, que o que não me mata, me fortalece (mesmo que isso possa parecer senso comum para alguns). 
As injúriam pertencem ao injuriador, dizem respeito àpenas a ele. A carga ofensiva tá na boca de quem diz. Pena eu ter me dado conta disso muito tempo depois. Mas o que é a vida senão aprender aos poucos, com o tempo?
É impressionante como vozes se elevam, dedos se põem em ristes, humores se alteram, pessoas se ofendem quando se trata de palavrão de cunho sexual. Parace até que alguma coisa mexe com os seus desejos mais íntimos. Parece também que há um ultraje revelando noites atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis
Palavrões são palavras dicionarizadas que, por acaso, foram classificadas por outras palavras como obscenas, grosseiras etc. E que podem ou não ofender. 
Quem nunca disse um filha da puta que atire a primeira pedra! Já fui ofendido e já ofendi sem usar um só palavrão. Já usei palavrão sem que isso tenha sido ofensivo.
Não suporto, definitivamente, quem se diz bastião da moralidade, porque não acredito mais nisso. Acretido sim que se sentir tão atingido por bunda, pau, cu revela muito mais o que nos constitui.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nem um fio de cabelo para arrancar (texto)

Não tenho tido tempo para escrever (situação recorrente. Talvez seja melhor procurar ajuda profissional). Não tenho tido sequer tempo para dar uma olhada nos blogues dos amigos (sintoma total). Fico me perguntado o que ando fazendo tanto para não conseguir resolver essas pendências. 
Encontro as respostas para essa falta de tempo no trabalho. Só que por lá não tenho feito nada além de resolver questões burocráticas e preparar aulas. E aí quando penso que vou ter uma folga, lembro-me das provas para corrigir. Mas isso não deveria tomar todo o meu tempo, penso tb.
Como não ficar mal humorado com isso? Alguém saberia me dizer? E olha que não sou o dos mais fanáticos com o trabalho. Na verdade, não sou nada fanático com o trabalho (seria esse o motivo principal da falta de tempo? Ninguém, além de mim, disse nada), mas ele me consome. 
Talvez eu não esteja me organizando como devia. Hoje, por exemplo, fiquei em casa à tarde (pela manhã fui a uma reunião pouco produtiva) para preencher uma solicitação de verba para uma viagem. Imprimi, a duras penas, meu lattes (currículo) para, de lá, retirar as informações necessárias para o tal pedido. Acontece que depois de uma famigerada meia hora para conseguir a impressão, descobri que ele, o currículo, não havia sido impresso de forma completa (e, consequentemente, as informações não estavam disponíveis nessas folhas. Meia informação é igual a nada, nessas situações).
Só não arranquei os cabelos porque raspei a cabeça na quarta-feira e não me restou um fio. Tempo perdido. Reimprimi o material e, 16h45, outro compromisso me esperava. Me programei para resolver a questão da viagem à tarde e não consegui dar conta. É ou não irritante?
Final de semana teria outra atividade para fazer: inciciar a escritura de uma comunicação/artigo para um evento em agosto. Acúmulo de atividades me deixa tenso. Mas terei que fazer isso se quiser executar um compromisso firmado com a co-autora e amiga. E estamos no meio de junho.

domingo, 5 de junho de 2011

Alguém aí pode me dar uma ideia? (texto)

Meu colesterol ruim está bastante alto. Descobri isso em uma consulta na sexta-feira. Não sei o que anda acontecendo justamente porque não mudei nada em relação à minha alimentação.
Tenho feito mais exercícios do que fazia. Me estressado bem menos que o normal, mas não consigo resistir a um pedaço de cupim, picanha, costela suína, bife de chouriço, linguicinha ou coração. Nada que eu já não o fizesse. 
Estou tão alheio a isso que não sei se devo me preocupar mais do que já estou.
Ganhei faz algum tempo um livro de uma amiga A cura pela comida e dei uma olhada nas sugestões de alimentos para quem está com altas taxas de colesterol: alho, cebola, aveia, cenoura, feijões, linhaça, frutas cítricas, maçã, abacate, azeite de oliva, damasco, melancia, tomate, subprodutos de soja. Com exceção de aveialinhaça e subprodutos de soja, consumo tudo isso com regularidade, e, pelo jeito, não tá fazendo o efeito que devia.
E agora, José?
Talvez eu tenha mesmo que moderar na quantidade de gordura. Tudo bem que gordura dê sabor a carne, que temos uma memória, de tempos idos, sobre consumi-la para nos proteger do frio, para nos dar energia etc. Posso viver muito bem sem a tal picanha e, sobretudo, sem o cupim. Aí meu deus. 
Tb tem a idade, né? O que não fazia mal há dez anos, pode me prejudicar agora. Aos 46, os cuidados com a saúde não podem ser, definivamente, os mesmos que eram aos 23.
Alguém aí que já teve esse problema pode me dar uma ideia do que fazer além do que eu já sei?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu não gosto dos meninos (curta-metragem)

Abaixo, na íntegra, o curta-metragem do projeto "Não Gosto dos Meninos", inspirado na campanha internacional "It Gets Better", que objetivou, de forma geral, mostrar depoimentos de pessoas que após assumir sua sexualidade suas vidas melhoraram.
A direção do vídeo é André Matarazzo e Gustavo Ferri e traz 40 depoimentos. O material original tem mais de 13 horas, que foi editado, como podem ver acima, para 18 minutos.
Segundo informações oficiais, da página do Projeto no Facebook, o objetivo é mostrar “quem éramos, o que sentíamos, o que passamos e o que nos tornamos. Nos tornamos gays, bis, trans, ou qualquer outra sigla que tenta definir o que não precisa definição... Expusemos nosso processo de auto-reconhecimento, de medo, de rechaço, de mudança, de ostracismo, de reencontros, de maturação e enfim de renascimento”.
Veja abaixo, na íntegra, o curta-metragem do Projeto “Eu não gosto de meninos”

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...