domingo, 17 de julho de 2011

Ser gay (texto)

Ser gay é gostar de acordar cedo, tarde, não acordar, não dormir. Ser gay é gostar de ficar o tempo todo em casa, é gostar de ficar o tempo todo na rua, é não gostar de ficar o tempo todo fazendo a mesma coisa, é gostar de fazer o mesmo o tempo todo. Ser gay é ser branco, é ser preto, é ser amarelo, é ser de todas as cores. Ser gay é ser de cor nenhuma. Ser gay é nascer na América, mas tb se pode ser gay tendo nascido na Europa, na Ásia, na Oceania e tb na África. Ser gay é gostar de festa, de silêncio, não gostar de nada, gostar de tudo isso ao mesmo tempo. Ser gay é ser calmo, nervoso, ser calmo e nervoso. Ser gay é ser ansioso.
Ser gay é ser rico, ser pobre, não ser tão rico nem tão pobre, é ser miserável. Ser gay é estudar muito, é não estudar nada, é nem ter ido á escola, é ir de vez em quando, é já ter ido e não ir mais. Ser gay é ser sozinho, é ter companhia, é estar no meio de muita gente. É não estar nem aí.
Ser gay é ter namorado, namorada, é não namorar, é ser casado, ter filhos, mãe, pai, sobrinhos, avós, tios, primos, vizinhos, é ser viúvo. É ter cabelos pretos, loiros, azuis, vermelhos, é não ter cabelos. É ter cabelos lisos, crespos, encaracolados, curtos, longos.
Ser gay é saber falar diversas línguas, saber falar a sua língua, saber falar 2 línguas, não saber falar outra língua. Ser gay é ter modos, é incomodar. É morar perto, longe, é não ter onde morar.
Ser gay é ter muitos amigos, é ter poucos amigos, é não ter amigo nenhum. Ser gay é ser amigo, inimigo, bom, solidário, mal, egoísta, altruísta. Ser gay é ser gordo, magro, alto, baixo. Ser gay é ser feliz, alegre, triste, é ser inteligente, burro, lento, rápido, esperto. É saber tocar violão, é saber tocar o coração de alguém. Ser gay é ser humano.

sábado, 16 de julho de 2011

Da Série Contos Mínimos

Depois de um grande silêncio e de um branco muito claro, percebi que eu havia morrido. Não senti nada. Não houve dor alguma. Apenas um antes. Como se eu tivesse atravessado uma pequena ponte que me ligou a lugar nenhum. Fiquei por ali sem saber exatamente qual seria o próximo passo. Não houve um depois. Sem horas. Sem tempo. Sem fim.
Morrer não era assustador, nem triste. Não era nada. Era apenas a consciência de ter sido.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quais são os melhores versos do cancioneiro popular? (Enquete)

Fico aqui aguardando as sugestões. Pra mim seriam os seguintes versos das músicas Segredo (Herivelto Martins e Marino Peixoto) "o peixe é pro fundo das redes/segredo pra quatro paredes/primeiro é preciso julgar/pra depois condenar"; de A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha) Tire seu sorriso do caminho/Que eu quero passar com a minha dor/Hoje pra você eu sou espinho/Espinho não machuca a flor".

Só vigia um ponto negro: o meu ciúme (texto)

Ciúme nada mais é do que o instinto de posse que ainda não foi educado.

O ciumento passa a vida a procura de um segredo que
possa destruir sua felicidadeAxel Oxenstierna (1612–1654)

Ciúme é a emoção usada pelo seu psiquismo como reação ao medo de perder. Tem gente que gosta de sentir ciúme, pois todas as emoções geram neurotransmissores e seu cérebro fica viciado neles da mesma forma como fica viciado em álcool, nicotina, cafeína, etc.
O ciúme, a expectativa, a carência e a decepção são pontos de chegada possíveis para o nosso medo de perder. O ciúme tem como subproduto a mentira, para evitar a reação ciúmenta do outro nós mentimos, pois o ciúme nos torna agressivos e como autopreservação o indivíduo mente.
Talvez se entendermos o porquê da necessidade da exclusividade em um relacionamento afetivo, possamos entender melhor a natureza do ciúme. Outro ponto a ser considerado é a sexualidade. Será que o amor é prisioneiro do sexo? Ou o sexo é prisioneiro do amor? Existem outras possibilidades?
Sou do contra, eu não endosso o costume popular de dizer que um pouquinho de ciúme é bom. Minha opinião pessoal é que o que não é bom para uma criança pequena não é bom para um adulto.
Quando uma criança pequena quase bate na outra que quis pegar algum de seus brinquedos o os mais velhos dizem: “que feio! Tem que emprestar!”, não obstante, basta a criança pegar algo do adulto para ele sentenciar: “isso é meu e não é para brincar!“. Ou seja, fala uma coisa, mas faz outra. Bem fácil de entender.
Quando você era pequeno sua mãe lhe ensinou a não ser ciúmento com seus brinquedos de criança. Está na hora de aprendermos a não ter ciúmes de nossos brinquedos de gente grande, não acha?

O ciúme Patológico (texto)

Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza frequentemente se torna vaga e imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em ideias supervalorizadas ou francamente delirantes. Depois das ideias de ciúme, a pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. O(a) ciumento(a) verifica se a pessoa está onde e com quem disse que estaria, abre correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o companheiro(a), contrata detetives particulares etc. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida.
Entre absurdos e ridículos, há o caso de uma paciente portadora de Ciúme Patológico que marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994). Mais absurda ainda é a história de outro paciente, com ciúme obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999).
Os ciumentos estão em constante busca de evidências e confissões que confirmem suas suspeitas mas, ainda que confirmada pelo(a) companheiro(a), essa inquisição permanente traz mais dúvidas ainda ao invés de paz. Depois da capitulação, a confissão do companheiro(a) nunca é suficientemente detalhada ou fidedigna e tudo volta à torturante inquisição anterior.
Os portadores de Ciúme Patológico comumente realizam visitas ou telefonemas de surpresa em casa ou no trabalho para confirmar suas suspeitas. Os companheiros(as) desses pacientes vivem dissimulando elogios e presentes recebidos ou omitindo fatos e informações na tentativa de minimizar os graves problemas de ciúme, mas geralmente agravam ainda mais.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A carne mais barata do mercado é a carne negra (texto)

Quando vale a vida de um menino de  11 anos, negro, pobre, morador da Baixada Fluminense? Por quanto tempo a morte "inexplicada" desse menino ficará ainda ocupando as páginas dos jornais cariocas? O que acontecerá com os policiais que estão envolvidos com a morte e com o ocultamento do corpo do menino?
Se Juan fosse filho da classe média carioca, o tratamento teria sido o mesmo? 
O filho da atriz Cissa Guimarães foi atropelado e morto, há mais ou menos um ano, na zona sul do Rio de Janeiro. Tb havia policiais-bandidos envolvidos no caso. Como esse comportamento é recorrente!
Por que homens como esses entram na polícia militar? Como é feita a seleção desses homens? 
Hoje, Juan, foi sepultado. O enterro foi pago pela Secretaria de Segurança do Rio. O Secretário admitiu que os policiais erraram e que eles serão punidos exemplarmente.
Como será a punição de um policial que mata um menino de 11 anos e ainda tenta esconder o seu corpo? Sei que faço perguntas demais? Sei que já fiz essas mesmas perguntas outras vezes, inclusive aqui no Blog. Nunca soube das respostas.
Há muitos outros casos sem respostas.
Até hoje o corpo de Patrícia Amieiro não foi encontrado. Tb há (oito) policiais militares envolvidos nesse crime.
No caso do coordenador do AfroReggae, Evandro João da Silva,  tb havia policiais militares envolvido.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...