segunda-feira, 19 de março de 2012

Novidade pra quem? (Texto e vídeo)

Assisti a matéria sobre corrupção produzida para o Fantástico apenas hoje no Jornal Nacional (JN), confesso que não me surpreendi com a cara de pau do envolvidos, com os golpes combinados, com a roubalheira, com o mau exemplo que se dá, mas não posso dizer que fiquei indiferente apenas porque sei que tudo isso (e muito mais) existe.
A grande questão é quando se vê materializado em vídeo tudo aquilo que já estamos carecas de saber. Ou alguém duvidaria de que aquilo tudo não acontecesse?
Os caras são profissionais, não há ali nenhum amador em se tratando de crimes contra o Estado. Acho, inclusive, que gestores públicos tb sabem de tudo isso, e mais, participam do esquema recebendo grande quantidades de dinheiro em subsolos de shoppings, em praias acima de quaisquer suspeitas.
Num clima de descontração, fala-se em percentual, em quebra-galhos, em uma mão-lava-a-outra de forma que se pode compreender que há muito tudo isso acontece.
Não é novidade para ninguém.
Na continuação da matéria no JN, políticos indignados falando em nome da moralidade e bons costumes. Era pra rir? Figurões que estão faz anos mamando dinheiro público dando uma de acima de quaisquer suspeitas. Sabe quando tudo isso vai acabar? Depois que, no mínimo, três gerações passarem para o andar de cima.

Precisa mesmo cursar jornalismo pra isso? (texto)


Definitivamente, não me interessa a vida de “famosos”. Não quero saber com quem se casaram, aonde foram, se foram, com quem almoçaram ou jantaram, se fizeram um passeio pelas ruas do Leblon, se compraram uma casa nova, se estão grávidas, se trocaram de namorado, se traíram o ex e muito menos se pousaram na revista X ou Y. Nada mais sem graça, ao meu ver, do que acompanhar as  celebridades de plantão.
Não quero saber o que eles pensam da fome no mundo, não quero saber o que acham da situação da mulher mundo afora, não me importo como apareceram na entrega do prêmio (até porque sempre aparecem da mesma maneira: o microvestido mostrando mais do que devia - precisa se formar em jornalismo para isso?). Nada, absolutamente nada do que fazem ou pensam diz respeito a mim (se é que eles pensam ou fazem alguma coisa que realmente importaria).
Não tem nada mais brochante do que abrir a página do provedor do meu endereço eletrônico e me deparar com a última da ex-BBB: saber como ele se vestiu para almoçar naquela churrascaria badalada do Rio de Janeiro (normalmente aquela que fica na Barra da Tijuca) ou ver a foto do galã de malhação que foi lanchar com os amigos e pediu mais queijo branco no seu sanduíche.
Meu deus, quanta mediocridade!!!! Não é possível que as pessoas se interessem por essas porcarias. E se se interessam, não seria a hora da mídia não estimular tamanha besteira?! Será que vende mais porque é crocante ou é crocante porque vende mais?

Dilma e o bloco dos sujos (Texto - Ruth de Aquino)


RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)

Chantagear a presidente e impedir votações importantes não ajuda nem o Senado nem o país

Algo me diz que, se Renan Calheiros, Romero Jucá e Blairo Maggi estão possessos com Dilma, a presidente está certa. Não reconheço em nenhum dos três senadores acima condições morais para exigir cargos de liderança ou ministérios.
Se os parlamentares, em vez de se esconder em Brasília, quisessem escutar a voz do povo, que paga seus salários e privilégios absurdos em troca de nada, saberiam que Dilma está bem melhor no filme do que eles. Chantagear a presidente e impedir votações importantes no Congresso não ajuda os senadores. A base real, o eleitorado, enxerga o Congresso como venal e fisiologista, atuando em benefício próprio e contra o interesse público.
Vou me abster de enfileirar aqui escândalos de que Calheiros, Jucá e Maggi foram acusados, que envolvem superfaturamento, desvio de dinheiro, abuso de poder, fraudes, compra de votos, uso de laranjas e doleiros. Uma página não seria suficiente. Mas estão todos aí, vivinhos da silva, pintados de guerra e bravatas, graças ao toma lá dá cá tropicalista.
Estão aí também porque, à maneira do ex-presidente Lula, são camaleões, mudam convicções e ideias – se é que as têm – ao sabor de quem manda. Pode ser PT, PMDB, PSDB, não importa. Jucá foi presidente da Funai no governo Sarney em 1986. Aprendeu a se fazer cacique e atravessou governos incólume.
O que importa para os políticos “com traquejo” é manter a boquinha. E se tornar eterno. O presidente vitalício do Senado, José Sarney, uma vez mandou carta a esta coluna reclamando do adjetivo “vitalício”. Achou injusto.
O que importa para o Senado é aumentar de 25 para 55 o número de cargos comissionados por parlamentar. O gasto anual subiu 157%, de R$ 7,4 milhões para R$ 19 milhões, se contarmos apenas o vale-refeição. Os “comissionados” são servidores contratados com nosso dinheiro, sem concurso público, pelos senadores. O guia do parlamentar diz que cada gabinete pode contratar 12 servidores. A Fundação Getulio Vargas, em estudo de 2009, definia como teto 25 funcionários de confiança por senador. Por causa de uma “brecha” (chamo isso de outra coisa), esses 25 se tornaram 55. Quantos fantasmas, alguém arrisca uma estimativa dos que nem aparecem para trabalhar? Muitos senadores liberaram seus fantasmas da exigência de ponto. São coerentes nisso. Como exigir ponto de invisíveis?
O campeão dos comissionados é Ivo Cassol, do PP de Rondônia, que contratou 67. Repetindo: Rondônia. Mas nosso inesquecível Fernando Collor, do PTB de Alagoas, não faz feio no ranking: tem 54 pajens. Collor “aconselhou” Dilma a não peitar o Congresso, porque ele teria sofrido impeachment por ser impetuoso demais. Falta memória ou desconfiômetro? É por essas e outras que os programas de humor na televisão têm reforçado suas equipes no Congresso. A OAB diz que os fantasmas são imorais – até o Facebook está pensando em censurá-los. Estão pelados, pelados, nus com a mão no bolso.
E daí? Alguém vai fazer algo ou a pauta do Congresso, fora da “zona de conforto”, é a queda de braço com Dilma e o boicote a temas reais?
Que injustiça, não vamos generalizar. Existe um tema real, candente, tão importante que une todos os partidos. Da base aliada, da base oposicionista, da base mascarada. Não é o Código Florestal. Dezoito partidos pediram ao Tribunal Superior Eleitoral que libere os candidatos com “conta suja”. Políticos com gastos de campanha reprovados deveriam disputar eleição, como sempre foi. Por que mudar a regra?
Dá para entender o rebuliço. Só em três Estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, as contas de 1.756 políticos foram reprovadas, e eles não poderiam concorrer. No país inteiro, é um blocão de sujos, e cada vez aumenta mais. Resista, TSE.
Dilma enfrentou das viúvas do Lula nos últimos dias uma saraivada de críticas a seu estilo. Foi comparada ao lutador Anderson Silva, do vale-tudo. Cientistas políticos dizem que ela mexeu numa casa de marimbondos. Devem ter se referido aos marimbondos de fogo. É ruim isso? Ela não teria traquejo, nem gosto para a política, uma presidente isolada, sem amigos. Que amigos? Os que compõem dinastias, oligarquias e são donos de capitanias hereditárias? Quando Lula distribuía afagos e benesses, era acusado de lotear o Estado. Agora, Dilma é acusada de intempestiva, virulenta e de colocar um turrão e um durão no Senado e na Câmara.
A frase da semana é do presidente do PR e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, deposto por suspeitas de irregularidades em julho do ano passado. Ele saiu em defesa da bancada vira-casaca do PR. Ameaçou o governo: “Acabou, chega! Ninguém aqui é moleque”. É. Pode ser. Afinal, os senadores se tratam por Vossa Excelência. Os moleques devemos ser nós, os 190 milhões que vêm sendo tratados como trouxas. 

Duscha (texto)

Filhotes são sempre divertidos, sejam eles elefantes, cachorros, macacos. Ontem, à noite, chegou Duscha, uma gatinha siamesa de 45 dias. Meio ressabiada, queria apenas ficar escondida. Bastava eu me aproximar para ela entrar na estante, embaixo da escrivaninha, atrás do sofá.
Mesmo assim a sua curiosidade não a deixava quieta. Ela entrou e saiu de todos os lugares possíveis para um gato, eu me distraía com a leitura de uma trabalho e lá estava ela pulando algum obstáculo, subindo ou descendo de uma cadeira, brincando com uma bolinha improvisada.
Difícil mesmo foi levantar às 2h45 para dar atenção à nova moradora. Eu estava dormindo quando os miados me acordaram. Fiquei com pena da recém-chegada estar assustada e até às 4h15 estive subordinado a ela. Como uma criança, Duscha não sossegou um instante, me mordeu, arranhou o sofá, cheirou e lambeu tudo. Me fez rir muito com os saltos e cambalhotas enquanto brincava com a bolinha de papel.
Dormia apenas no meu colo, mas se eu a colocava na sua almofada, ela despertava e queria brincar outra vez. Eu podre de sono. Finalmente ela dormiu ao meu lado. Aproveitei a deixa, apaguei a luz e fui para o meu quarto com medo que ela acordasse novamente (e a novela recomeçasse). Dormiu o resto da noite e um pouquinho da manhã, acordou apenas comigo.
Tomara que ela se adapte logo à nova casa, eu já me sinto dono de uma gata.

sábado, 17 de março de 2012

Pra que serve uma relação? (Texto ) - Drauzio Varela

Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil.
Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido.  
Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração. Uma armadilha.
Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.  
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

Obs.: Olha, tenho a sorte de ter uma relação assim.

Meus, nossos, anos 80 (texto)

Ando com saudades de quase tudo e de quase todos. Hoje, à noite, fiquei por aqui ouvindo músicas dos anos 80 e me lembrando de amigos e situações que vivi faz tempo.
Não é um saudosismo que me deixe triste, mas não posso negar que haja uma doce melancolia em torno dessas lembranças (meio repetitivo: saudosimo, melancolia, lembranças).
Os anos 80 foram, pra mim, anos alegres, de uma forma geral. Não era fácil, por um lado, me descobrir, mas quando não estava muito preocupado com isso, eu me divertia muito com grandes amigos: Vera, Robson, Cátia, Maga, MônicaNika, Nanci e tantos outros.
Os finais de semana no KuKunKa quando a gente se divertia muito. Às vezes a pista vazia e a gente cheio de energia esperando aquela música tocar: The Cure, The Smith, um pouco antes, Santa Esmeralda. Como era divertido!
Um pouco depois, no Loma´s, Orlando me deixava vezinquando nas pickups. Claro que enquanto a boate não estava bombando. De qualquer forma, as noites de sexta e sábado eram boas na Praia da Brisa: Roberto, Sandro, Marquinhos, Dórian, Sebastian, Rafael, Cristina e outros dos quais me lembro apenas dos rostos e das risadas.
Estudávamos durante a semana, mas ir à escola não era um sacrifício. Bem ao contrário, por lá, tb nos divertíamos, ou melhor, nos divertíamos muito por lá: Rômulo, Zequinha, Márcia, Bárbara, Simão, Glauco, Pitão, Gerson, Suzana, Chiquinho, Gorete, Irene, Rosana, Aparecida, Beto, Stanley, Adriano, Luiz e muito mais. E tantos amigos...
Não posso me esquecer, não devo, porque todos eles "abrem-se em meus sorrisos, mesmo quando, eu, deslembrado deles, estiver sorrindo a outras coisas". Salve, Quintana!!!
 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Jovem inglesa fala sobre experiência de mudança de sexo do pai (texto)



Tash e John são muito mais felizes agora



Tash Ozimek tinha 16 anos quando o pai a chamou para conversar e perguntou qual seria a coisa mais vergonhosa que ele poderia fazer com ela. Depois de pensar por alguns minutos, a adolescente respondeu que ficaria com muita vergonha se ele se vestisse de mulher na frente dos amigos dela. A resposta foi seguida de algum tempo de silêncio, até que o pai disse que era exatamente o que ele pretendia fazer.
John Ozimek, de 54 anos, contou para a filha que sempre se sentiu uma mulher, que estava muito infeliz como homem e pretendia mudar de sexo. Tash caiu em lágrimas e continuou a chorar por alguns dias.
- Meu pai queria conversar comigo sobre o assunto, mas eu não queria falar sobre isso. É a última coisa que você espera ouvir do seu pai - relembrou a jovem, agora com 18 anos.
Segundo Tash, que vive na cidade de Suffolk, na Inglaterra, o pai tinha o jeito bem masculino e ela nem desconfiava dos sentimentos dele. John, consultor de tecnologia graduado na conceituada Universidade de Oxford, costumava vestir calça jeans e não se importava muito com a aparência. Às vezes até paquerava as amigas da filha.
A conversa entre os dois aconteceu há dois anos. Em julho do ano passado, John se submeteu a uma cirurgia de mudança de sexo e passou a viver como Jane Fae. E confessa que estava aterrorizado com a reação que a filha poderia ter.

Antes, como John, e agora vivendo como Jane
(Antes, como John, e agora vivendo como Jane Foto: Reprodução / Mail Online)

- Eu acho que toda pessoa envolvida com alguém em processo de transição de gêneros tem uma sensação de perda. Eu me sinto responsável pela minha decisão, tanto pelo lado bom quanto pelo mau. Isso me incomoda, mas ter permanecido homem seria ainda pior para mim - contou a agora Jane.
Antes de tomar a decisão, John vivia com Tash, a mulher Andrea Fletcher, o filho deles de sete anos e a filha dela, de 18 anos. Agora, vivendo como Jane, a relação com Andrea está “progredindo”. Mas os filhos enfrentam os maiores desafios.
- Eu ainda o chamo de pai, porque a palavra representa um papel para nós, e não um gênero. Jane não é minha mãe e eu não vou inventar uma nova palavra só porque perdi meu pai - explica ela em entrevista ao jornal “Daily Mail”.
O mesmo não acontece com Ralfe, que no ano passado comprou um cartão de Dia das Mães para Jane.
- Nós dissemos para ele que alguns pais gostam de vestir saias e que o nosso pai gostaria de ser uma grande dama. E desde então Ralf chama papai de Jane - disse Tash.
Apesar das difíceis mudanças, a jovem diz que não gostaria de ter John de volta como antigamente.
- Agora eu não consigo imaginar o meu pai de outro jeito. Quando você vê alguém que ama tanto feliz, realmente não importa o que ele está fazendo para conseguir tanta felicidade - concluiu Tash.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...