sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Das músicas que me tocam



Meu
(Djavan)

Você sabe fazer
Tudo o que faz
Nada existe em você
Que eu não goste demais
Quando você diz
Me apaixonei por você, "meu"
Faz a cara feliz
De quem sabe o que é seu
Eu nunca vi nada assim "ô loco"!!!
É como faz o amor
Pra se proteger
Dá um "zignal" na dor
É vetado sofrer
Discordar, discutir
Nada é mais saudável, não, não, não
Um olhar neném de ser
Logo fecha a questão
Eu nunca vi nada assim "ô loco"
Ar, só com você
Mar, com você qualquer fundura dá
Tudo é tão meu
Quando você vem se chegando,
De um modo só seu

sábado, 26 de setembro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Em meio a um silêncio ensurdecedor, ele foi despertado ainda de madrugada. Meio acordado, meio dormindo, teve a sensação de estar sendo observado por alguém.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Dumont vivia nas nuvens, em algum lugar acima dos outros. Não por arrogância, mas pela ausência de tato para lidar com o mundo real. Fechava-se sempre que o tempo mudava: nem pouso nem decolagem. Ele não arredava o pé. E, emburrado, nem com reza forte mudava o humor. Ele não era fácil, diziam os pais, os avós, os tios, mas ele não entendia o que "difícil" queria dizer.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Das coisas que não acontecem apenas nas crônicas de Fernando Sabino

Chego em casa, depois do trabalho e o meu telefone fixo toca. DDD 51. Não faço a mínima ideia de onde parta a ligação. A única coisa que sei é que vou me arrepender depois de atendê-la. Tenho quase certeza de que no DDD 51 não pode ser nem o meu padrasto, nem o Robson (meu amigo do Rio) os únicos que me ligam no telefone fixo. Mas vou em frente na decisão de matar a minha curiosidade. 
É uma voz que está me oferecendo um Seguro de Vida. Digo-lhe imediatamente que já tenho um, mas a voz não me ouve, a voz apenas fala e fala muito. 
A voz fala sem parar. Sem me dar qualquer espaço pra eu roubar o turno da conversa. Ela me diz entre outras coisas que está me oferecendo um seguro “diferenciado”. E diz DI-FE-REN-CI-A-DO de uma maneira diferenciada. 
Segundo a voz, o tal seguro me oferece vantagens em vida. Diferente de todos os outros que em vida não me oferecem absolutamente NA-DA. “Nada” também sai de uma forma nada parecida com todos os “nadas” que ouvi na vida. 
E começa: vamos supor que o senhor perca um dedo, seja atropelado, quebre a cabeça, seja mordido por um animal (fiquei apavorado com essa possibilidade), tenha um problema que o impeça de andar, por exemplo, e fique, depois disso, com uma sequela pequena... o senhor ganhará R$350.000,000 reais. 
Tento interrompê-la mais uma vez, mas a voz não me ouve. Como eu disse, ela apenas fala e fala muito. 
A voz continua me animando com as vantagens para eu adquirir o tal seguro. A voz me pergunta se sou casado. Eu lhe digo que sim. Percebam que estou dando corda para saber até onde a voz vai. Ela não satisfeita me pergunta quantos filhos eu tenho. Digo que não tenho nenhum. A voz fica um pouco desapontada, mas não a ponto de se despedir. Ela continua: o nosso seguro dá a seus herdeiros um valor de R$350.000,00 caso o senhor MORRA. 
Fiquei muito animado com isso! Eu pago o seguro de vida e deixo para alguém todo esse valor. A voz se mantém firme no seu objetivo e me pergunta se eu costumo viajar. Eu digo que sim. Rio baixinho imaginando o que vem pela frente.
A voz, então, tem mais opções de desgraças para me oferecer: vamos supor que o senhor em uma viagem tenha um ataque do coração, sofra um acidente de carro, um infarto, um derrame, um desmaio que seja. O nosso seguro garante o seu deslocamento para um hospital. 
E os R$350.000,00? Não era a hora dela me oferecer um agrado? Acho que não! Dessa vez, pelo menos, a voz não me ofereceu nada. Era apenas o deslocamento. Mas também querer ganhar essa grana só porque sofreu um ataque do coração...
Eu tento dizer mais uma vez que não estou interessado. A voz continua surda. Bem, a solução foi mesmo simular um desmaio e desligar. Não estou definitivamente interessado nos R$350.000,00 do tal seguro, sobretudo se para recebê-lo seja necessário tanta desgraça prum corpo só. Um corpo é pouco.

domingo, 13 de setembro de 2015

Da Série Contos Mínimos

O peso das horas certas me atormentou durante uma parte da vida. Retirei o relógio do pulso, as pilhas dos relógios das paredes e comecei a prestar mais atenção no minuto disperso da minha existência, porque era apenas isso que eu tinha.

Da Série Contos Mínimos


Era tanto absurdo que me refugiei na realidade.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...