quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Saindo do armário embutido

Aí vc está passando pelo Leblon e, de repente, encontra o Chico Buarque (o Edu Lobo, o Cacá Diegues, o Miguel Farias, o Ruy Solberg e o Eric Nepomuceno), e ao contrário do que seria normal, ou seja, apenas olhar, pedir um autógrafo, dizer que é seu fã, gritar "gostoso", falar sobre o seu filme (que é muito bom!), sei lá, falar sobre uma música dele que tenha sido um marco na sua vida, ou simplesmente deixá-los passar, o que seria o mais indicado em virtude do horário e da sua nenhuma intimidade com o grupo, você o chama de "ladrão", de "merda", diz que ele deve "ir pra Cuba", "ir pra Paris".
Bem, o que dizer desse comportamento cada vez mais comum de, vou chamar assim, pessoas simpatizantes da direita que acabaram de sair do armário embutido?
Estranho não poder haver uma discussão política sem hostilização. Muito estranho vc não poder, apesar de tudo, se dizer de esquerda sem que um e outro o acusem de ser "ladrão", "vagabundo" e por aí. Mais estranho é a falta de argumentos, tudo se resume ao senso comum, ou, pior, a uma fúria agressiva, a um ódio desmedido.
Diante disso, me pergunto se esse ódio e essa indignação seletiva não teriam alguma relação com aquilo que mais te incomoda dentro de vc mesmo?

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

domingo, 20 de dezembro de 2015

Retrospectiva 2015

Será que já é tempo de retrospectivas? Acho que sim, já vi o anúncio do show do Roberto Carlos, já cansei de ver o anúncio de Fim de Ano da Globo (Hoje é o novo dia de um novo tempo...), já estou praticamente no recesso acadêmico. Bem, acho que já é tempo da retrospectiva-2015.
O ano não foi fácil, em  se tratando de trabalho. Trabalhei bastante e acho que a cada ano a gente, lá na universidade, trabalha mais e mais pra dar conta de tudo o que nos convidam e também dos convites que fazemos aos colegas. Sei que nós criamos as oportunidades de trabalho, mas estar na periferia não facilita em nada. De qualquer forma, trabalha-se muito.
Bancas, orientações, aulas, alunos novos, Estudos Linguístico I, Leituras sobre o sujeito (versão 10000), Teorias da Linguagem, só para pensar no ensino, além de extensão sobre sexualidade e muita pesquisa. 
Algumas publicações. Eventos, comunicações, palestras, aulas, aula, aula... ui... Leitura que não acaba mais. E ler projetos de alunos, de possíveis alunos, de alunos de amigos. Um ano, como disse, muito intenso. Sem falar e já falando de todos os concursos externos.
A gente chega em dezembro no pó. Mas não estou querendo dizer que não me divirto. Bem ao contrário, e se não fosse assim, não teria a menor chance de ser a minha profissão.
Um ano também cheio de novas amizades, de gente nova circulando, de muita coisa divertida acontecendo, de velhos amigos por perto, de renovação: sem meios termos. A Larissa e o Marcelo foram o presente deste ano.
Saúde vai bem, obrigado! A perna que não vai ficar boa nunca mais. Pelo menos não sem cirurgia, mas, por enquanto, não quero pensar nisso! Voltei pra academia! 7 meses e começo agora a sentir alguns pequenos resultados. Se não insistir, muito fácil cair fora. Sempre é muito melhor ficar em casa dormindo e descansando depois do trabalho. E aí, aparece o Allan. Sem ele, eu não teria qualquer chance de permanecer online. Valeu pela parceria!
Os últimos anos têm sido uma mudança significativa na minha vida. E eu tô gostando muito disso: descobri que amizade não se mede apenas com as palavras ditas, mas, sobretudo, com o que se faz no dia a dia. E amizade assim como qualquer relação é uma escolha. Sendo assim, não dá para perdoar quem não acredita nisso.
Desde 2013, na ida para Portugal, comecei a repensar quase tudo na minha vida. Estar sozinho por um período maior tem que ser uma oportunidade de se repensar. Eu fiz isso. Bem, aí a retrospectiva já começa a ganhar outros contornos e a proposta não é essa, por enquanto, pelo menos.
A AZUL perdeu a minha mala e ontem, depois de 45 dias me manda uma mensagem propondo um acordo de R$645,00 reais. Piada? Uns podem pensar. Nada disso! Foi sério! 
Esse valor não paga a minha mala, imagine se pagaria as melhores roupas perdidas. Essas empresas aéreas precisariam pagar uma multa pelo descaso, pela irresponsabilidade. Bem, o que tiver que ser será. As peças estão no tabuleiro.
Um ex-colega de colegiado (ex porque deixou de ser uma pessoa por quem eu tenho respeito) organizou um evento sobre sexualidade com, imaginem, a Renovação Carismática com o pretenso status de evento acadêmico, mas antes, é claro, enviou uma mensagem pros seus convidados com conteúdo agressivo, mentiroso, enganoso, homofóbico, misógino. Vergonha total de dividir o espaço acadêmico com esse cara. Vejam como a gente precisa estar atento (e forte) o tempo todo!
Este ano conheci alunos novos na pós-graduação e foi uma grande sorte tê-los por perto. Além de pessoas interessantes, descobri que posso contar com eles pro que precisar. Estávamos precisando de alunos assim. Formamos uma equipe de trabalho, temos que formar uma equipe de leitura e discussão de textos. Valeu também moçada!
Bem, o ano não acabou e eu estou aqui no Rio. Espero que até o final do ano eu tenha ainda boas notícias. Sempre é bom iniciar o Ano Novo com o pé direito (risos).
Ah, 2016 começa numa sexta-feira e um ano que começa assim, só pode ser um ano bom! Um grande Natal e um Ano Novo cheio de alegrias, saúde, amor pra todo mundo.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Mas ele não era uma ilha a centenas de milhas de um litoral. Nem seu coração batia isolado do mundo. Ou o seu umbigo era o centro do universo. Era uma solidão segura, próxima e distante suficientemente.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Era quase Natal. Luzes piscando em quase todas as casas. Em quase todas as janelas, uma quase alegria tomava conta da cidade. Quase me esqueci de que eu estava sozinho.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Se eu estou sem ela, eu estou com ela

Assim como muita gente, que conheço pessoalmente, que conheço de ouvir falar, que não conheço e nunca vou conhecer, no Natal não fico muito animado. Já fiquei, é verdade, mas depois que a minha mãe morreu, não faz muito sentido comemorar a data.
A nossa comemoração era, normalmente, um almoço no dia 25. Nada além disso. Mas era uma comemoração importante porque estávamos juntos.
Trocávamos presentes. Ríamos muitos. E nos lembrávamos sempre das festas antigas nas quais minha avó, minha bisavó e muitos acontecimentos divertidos surgiam. Era sempre assim. E mesmo nesse óbvio era muito bom. Minha mãe era divertida, engraçada, gente boa, uma pessoa do bem. E fazia de tudo para que tudo saísse da melhor forma possível.
Nesses dias de final de ano, me lembro sempre muito dela. A sua presença sempre é muito forte. E aí me dou conta de que estou sozinho, de que estou sem ela. E por isso, o natal não tem o mesmo sentido.
Bem, vou pro Rio como sempre faço. Vou passar, como sempre tenho feito nos últimos anos, o natal com o meu pa(i)drastro, mas mais do que ficar feliz, eu fico melancólico por conta dessas lembranças.
De toda forma, é isso que eu tenho e tendo isso é importante que eu faça disso o melhor que eu possa fazer. E assim que vai ser. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Marília Pêra (1943-2015)

Poucas vezes me senti tão tocado pela morte de um artista como me sinto hoje com a notícia da morte de Marília Pêra. Deixe-me explicar melhor. Alguns artistas parecem ocupar um lugar muito familiar no nosso cotidiano: ele participa da nossa vida diária, através do seu trabalho, seja na TV, no teatro ou seja no cinema, de uma forma muito intensa e presente.
Marília Pêra é um desses casos, na minha vida. Lembro-me que eu deixava de sair de casa aos domingo, quando eu era adolescente, para vê-la atuar num programa humorístico (cujo nome não me recordo agora). Neste programa, ela interpretava personagens engraçadíssimos (ora uma jornalista que não entendia nada de futebol, mas que precisava narra um gol como se estivesse tocada pela jogada, ora uma mulher que não enxergava quase nada, mas não admitia ser míope, e confundia um poste de luz como um homem.). Começa daí a minha admiração por ela. É a minha lembrança mais antiga de sua atuação na TV.
Depois disso, a vi muitas vezes no cinema, algumas no teatro e infinitas vezes na TV. Ultimamente no seriado Pé na Cova, exibido às terças, na Rede Globo ela e eu éramos íntimos. Darlene é uma espécie de personagem que numa mistura de comédia dramática diz aquilo que é preciso ser dito e que diante do que ela diz ficamos atordoados.
Bem, ela se vai cedo demais, se é que há tempo definido para morrer: se é que se morre cedo ou tarde. E deixa um vazio enorme na dramaturgia brasileira. RIP Marília!

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...