quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Uma rua alagada, um sapato apertado e uma obra na sua casa

Obra, seja grande ou pequena, sempre é ruim. A impressão de quem está passando por esta experiência é similar a de quem está atravessando uma rua alagada, usando sapato apertado com meia, calça jeans,  camisa e leva consigo duas sacolas pesadas com as compras da semana, na volta do supermercado. Volta esta que vc decidiu fazer a pé para aproveitar aquele dia que estava lindo. Isso mesmo, o dia estava lindo e de repente o tempo virou e vc se f*.
Estou apenas pintando o apartamento, no Rio. Eu escrevi "apenas" porque me pareceu tão simples pintar as paredes, as portas e os rodapés que me surpreende tanta sujeira, tanta confusão, tanta noite mal dormida, tanta coisa fora do lugar.
A sorte, inda bem que tenho sorte nesta vida, é o pintor ser tão bacana e pontual e trabalhador que nem dá pra me estressar. O cara marca às 10h e está chegando aqui em casa exatamente no horário marcado. Fica até às 17h30 sem sossegar. Como sei valorizar a pontualidade das pessoas! 
Além disso, o que não é pouco, me dá sempre uma atenção naqueles pequenos reparos que eu devia ter feito há tempos e não tinha vontade ou alguém que o fizesse.
Já consertou tomada, já trocou o varal, já cobriu com gesso uns espaços que deixaram faz anos no banheiro e na cozinha.
Tudo indica que amanhã, no final do dia, tudo estará pronto. Parto para a limpeza final. 
(Esta última fotografia era do ap. antes da pintura. E estava tudo tão arrumadinho...)
*ferrou.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Um era francês, o outro brasileiro. E se encontraram assim, por acaso. Tinham muita coisa para oferecer: gostos parecidos, gestos similares, intenções comuns. Uma noite agradável.

E depois?

Depois é o que contam da gente: pode ser alguma coisa ou coisa alguma. Depois é memória.  Depois é apenas memória.  Depois não há futuro fora das amarras das lembranças dos outros. Depois de nossa estadia, passagem, não há história. E depois é o que a gente deixou por aqui, seja através dos filhos, dos discos, dos livros, dos textos que escrevemos. Até que a frequência dessa lembrança se esvaia com-ple-ta-men-te.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

7 anos de blog.

O número 7 é, com certeza, o mais presente em toda filosofia e literatura sagrada desde os tempos imemoriais até os nossos dias. Ele é sagrado, perfeito e poderoso, afirmou Pitágoras, matemático e pai da numerologia. É também considerado um número mágico. É um número místico por excelência. Indica o processo de passagem do conhecido para o desconhecido. Ele é uma combinação do 3 com o 4. 
O 3, representado por um triângulo, é o espírito; o 4, representado por um quadrado, é a matéria. O 7 podemos dizer que é espírito na Terra, apoiado nos quatro elementos, ou a matéria “iluminada pelo espírito”. 
É a alma servida pela natureza. O número 4 que simboliza a Terra, associado ao 3, que simboliza o céu, permite inferir que o 7 representa uma totalidade em movimento ou um dinamismo total, isto é, a totalidade do universo em movimento.
O sete é o número da transformação, é a primeira manifestação do homem para conhecer as coisas do espírito. Ao lado do 3, é o mais importante dos números sagrados na tradição das antigas culturas orientais.
Entre os judeus a concepção oriental do 7 se manifesta no Candelabro de sete braços (MENORAH), que representa tanto a divisão em quatro partes da órbita da Lua, que dura 4 vezes 7, quanto os sete planetas.

A vida acontece...

Ninguém disse que a vida é fácil. Enquanto pensamos em outras coisas, ela acontece. Fazemos planos como se tivéssemos a eternidade para colocá-los em prática, mas ela, como num passe  de mágica, nos chama à realidade. 
A vida bate a nossa porta, tropeçamos nela, ali na próxima curva ela nos espreita. Mas não percebemos a sua presença até que: a porta se abra, a unha se quebre, ou nos deparamos com os seus grandes olhos a nos vigiar. 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Da vida moderna nos banheiros higienizados do mundo afora



Como todo mundo já deve saber, nos banheiros modernos, seja no Brasil, seja em qualquer parte do mundo moderno e higiênico, não existe mais papel para secar as mãos. Basta você aproximá-las de um dispositivo com um jato de ar para que em alguns segundos a sua mão fique completamente seca. Isso mesmo! Tão seca que ressecada. E em relação ao ressecamento, você resolve com um creminho qualquer que você carregue, que você empreste, que você, numa loja, no mesmo shopping, use uma pequena amostra grátis.
Bem, o problema da mão seca será resolvido, em breve. Mas a falta de papel não seria um problema se, sempre há este se no nosso dia a dia, mesmo num mundo moderno e tecnológico, você também não precisasse lavar o rosto, lavar a boca ou escovar os dentes ou se você, assim como eu, cultivasse uma boa barba.
Aí você entra pra escovar os dentes e inevitavelmente você molha a sua barba, não toda, mas aquela parte que se encontra no queixo até o pescoço. Esta mesma parte que, se molhada, respinga a sua camisa, paletó, casaco, peito, burca ou seja lá o que você estiver usando ao ir a um banheiro moderno.
Ou se, num calor como o que faz aqui no Rio de Janeiro em todas as estações do ano, você precisasse também de lavar  rosto para se aliviar um pouco.
E aí, como enfiar a sua barba, o seu rosto, num desses dispositivos para que o jato de ar dê conta de lhe secar? Isso é humanamente impossível. Não há alternativa a não ser procurar no reservado papel higiênico para estes fins. Acontece que ao molhar aquela parte da barba e sair em busca de um pedaço de papel, mesmo que o reservado esteja livre, você já respingou a sua camisa, paletó, casaco, peito, burca ou seja lá o que você estiver usando. Se o reservado estiver reservado, aí sem chances, melhor mesmo usar logo uma das mãos e secá-las nas calças antes que você saia como se tivesse tentado tomar um banho no lavabo.
Falar em bom sendo nunca é uma boa alternativa porque o bom senso para umas pessoas não é para outras e a lógica do mercado: menos é mais, ou seja, extinguir o uso do papel (o que também nos remete ao ecologicamente correto) e investir no jato de ar, significa necessariamente, trocar um pelo outro e não sobrepor alternativas.

O jeito então é o velho e bom companheiro lenço de papel que se carrega na ausência de outra alternativa ou simplesmente colocar a barba de molho e seguir a vida.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Olharam-se uma, duas, três, tantas vezes e em momentos distintos, até que, finalmente, resolveram quebrar o gelo e trocar algumas palavras. Foram tomados por uma paixão instantânea, daquela que não se sabe ao certo como e nem por que?

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...