Sabemos
todos, ou pelo menos, todos nós aqui da AD que as palavras adquirem seu sentido
a partir do lugar que o sujeito que a produz ocupa. Portanto, não há sentido
antes dela ser proferida. Até aí, Inês é morta.
Acordei
cedo, claro que sem me programar, claro que sem vontade, claro que com algum
sono ainda para colocar em dia. Sempre tenho muito sono pela manhã.
Desde
sempre foi assim. Ainda que eu frequentasse a escola pela manhã quase toda a
minha vida e trabalhado também durante o dia, com raríssimas exceções.
Parêntese importante apenas para situar o texto e a situação de acordar assim
sem precisar (hoje é domingo).
Pego o meu
celular para saber das horas. Assim que eu o ligo, aparece uma página para eu
reconfigurar o TP_LINK que distribui o sinal da internet em casa. Tento fazer
isso algumas vezes sem sucesso, o sono vai embora, e nada acontece. A internet
não funciona.
Bem, como
o sono se foi, melhor me levantar, fazer um café, e me sentar para continuar a
leitura de uma tese cuja defesa será na quinta-feira, próxima.
Descubro
imediatamente, porque parece um dia de inverno e a casa está escura, que a luz
está meio estranha. Meio estranha significa que tem luz numa parte de casa e
noutra não. Num outro ambiente, tem luz numa lâmpada e noutra não. Começo a
ficar preocupado com os sons que ouço (aqueles sinais eletrônicos dos aparelhos
de casa) e aí percebo que a geladeira ora funciona ora não funciona e isso
acontece com todos os outros eletrodomésticos. Sem exceção.
Bem, o que
fazer quando a sua casa está parte com luz e parte sem? Não sei! Isso nunca
aconteceu comigo em qualquer lugar e em momento algum dessa vida ou de outra,
que eu me lembre.
Ligo pra
companhia responsável pela distribuição de energia no meu Estado, COPEL. Sou
logo atendido, o que já me deixa desconfiado. Normalmente, ficamos ouvindo Für
Elise até não aguentar mais ou a paciência implodir. Esta da paciência
implodir, não demora muito com aquele aparelho colado ao meu ouvido escutando essa
música chatéssima (porque conseguiram estragá-la em virtude de estar associada
à espera de alguma coisa: atendimento via telefone, principalmente. Havia também
o caminhão do gás.) ou com aquelas falas sobre ser atendido em não sei quanto
tempo, ou ainda com aqueles anúncios de algum produto da companhia.
A senhora
que me atende, muito educado e solícita, me diz que a COPEL vem até o meu
endereço “Com urgência”. Ela disse “Com urgência”?!.
3 horas
depois, estou aqui escrevendo este texto e nada de alguém aparecer. Nem
ninguém, nem COPEL, nem o espírito santo. A casa continua na mesma. Qual é mesmo o sentido da palavra Urgência?
Torno a
ligar uma hora depois, ainda pacientemente, e explico que o "Com
urgência" deve estar com algum problema. Aproveito para perguntar o que
devo fazer já que a geladeira, principalmente, liga e desliga sem parar. Sou
instruído a tirar “tudo” das tomadas. E ouço, outra vez, que a COPEL “com
urgência” vem até o meu apartamento porque, muito provavelmente, se trata de um
problema interno já que nenhum vizinho ligou para reclamar.
Aquilo que
era preocupação com a falta de luz em cômodos diferentes da casa apenas aumenta
porque se é um problema interno, isso pode demorar a ser solucionado e pode
significar um curto em algum lugar da casa.
Espero
mais meia hora e torno a ligar. Outra vez a mesma agilidade no atendimento.
Isso é muito estranho! No entanto, aquela paciência já foi embora faz uns 20
minutos. Estou sozinho agora comigo mesmo. E ao ser atendido já parto para os
questionamento sobre a Urgência da situação! Tudo continua o mesmo. Não aparece
ninguém para nenhum reparo. A casa está a meia luz e isso não significa
um encontro romântico. O que a COPEL vai fazer diante disso e depois de 3 horas
de espera?
Bem, aí o
que era um bom atendimento passa a ser uma repetição sem precedentes. Todas as
respostas não me dizem nada. Tudo o que me é explicado não faz qualquer sentido
e diante disso, não há o que fazer porque sou refém desse atendimento e dessa
companhia.