quarta-feira, 18 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Fico num absoluto silêncio ouvindo-o como se eu, atrás da porta, escutasse um grande segredo. O vento sopra assustadoramente do lado de fora. Ele quer me dizer sobre o que ele faz, sobre o que ele pode fazer. 

sábado, 14 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

O dia que vc quiser lembrar de mim, dê uma olhada no retratinho que tiramos juntos. Eu digo isso porque também tenho medo de que um dia vc me esqueça. Eu também tenho saudades do meu pai, tenho saudades de tudo.

sábado, 7 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Neste sábado, numa manhã qualquer, fria-silenciosa e solitária. Desses dias comuns. Os dias passam em passos largos ao lado da vida.

domingo, 24 de abril de 2016

Me pego cantando sem mas nem porque

Minha mãe, outra vez a minha mãe (Freud deve explicar), tinha umas manias engraçadas. Dentre elas, dona Heloísa não gostava de roupas que a apertassem. As camisetas de ficar em casa eram cortadas de forma que não houvesse gola ou mangas.
Ela não usava, em casa, anéis, cordões, relógios, brincos porque ela se sentia sufocada. E eu achava tudo isso uma grande maluquice. Achava engraçado e, verdadeiramente, acreditava que aquele comportamento era mesmo uma anormalidade.
Bem, tempo vai, tempo vem e eu me pego agindo da mesma maneira e se me dou conta dessa repetição, me transbordo em saudade.
Até pouco tempo eu conseguia ir tranquilamente para a cama de relógio. Não mais. Aquela coisa me pesa no pulso de uma determinada maneira que eu não consigo dormir. É uma luta.
Camisetas que me apertem a cintura, o pescoço, ou os braços são imediatamente descartadas.  Dormir de meia se tornou impossível. 
Em casa, gosto mesmo de roupas largas que me deixem à vontade,  escolho aquelas que não me impeçam os movimentos. Do contrário, me sinto sufocado. Vai me dando uma angústia que ou eu saio daquele lugar ou o meu humor vai por água abaixo.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Com muita frequência

Fazia tempo que eu não sonhava tanto com a minha mãe. Isso tem acontecido frequentemente, nestes dias. Sonhos estranhos e tristes que me deixam mal. A única coisa boa disso tudo, é a sensação de estar verdadeiramente com ela. Sentir a textura da pele, o cheiro, ouvir a voz, o toque. Mas ao acordar uma mistura de alívio e de angústia.

Eu ainda tenho uma boa parte de sono pela frente

Acordei achando que era sábado. Em boa parte da manhã agi como se estivesse no dia internacional, Belga, da limpeza semanal. Pensei, inclusive, nos trabalhos que eu tinha/tenho para fazer até segunda-feira pela manhã, antes de voltar para a universidade. Nem me dei conta da semana curta. Ao contrário.
Acho que, como na segunda eu já estava bem cansado (e verdadeiramente, eu estava), achei mesmo que, diante de tanta coisa que aconteceu, eu só podia mesmo estar naquele momento de descanso total e intransferível. O corpo pedia e eu não hesitei em lhe permitir esse descontrole temporal por meia manhã.
Alegria foi descobrir que, ao contrário do que eu pensava, ainda era quinta-feira e eu poderia ficar mais alguns dias assim nesse clima de final de semana prolongado.
A mesma sensação de acordar no meio da noite achando que está na hora de me levantar e descobrir, instantes depois, que eu tenho ainda uma boa parte de sono pela frente.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Tudo nele era enorme. Obesidade mórbida. Ele comia as suas tristezas, ele comia as suas angústias, ele comia os seus sentimentos. Tudo virava alimento.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...