domingo, 29 de maio de 2016

A equação nem sempre funciona

Hoje recebi um solicitação de "amizade" via rede social. Isso não é novidade pra ninguém! Se vc está nessas redes, vira e mexe aparece um pedido desse. 
Bem, olhei para a fotografia e ainda que me parecesse alguém familiar eu não me recordava do nome e muito menos do nome relacionado à cidade em que o solicitante morava. Mas como a cidade era Curitiba, logo o associei a algum amigo de lá. Acontece que os amigos em comuns eram de Cascavel. Aí achei que fosse algum ex-aluno que tivesse se mudado.
Mas eu me lembraria dos ex-alunos. Poderia até não me lembrar do nome, mas, certamente, do rosto não me esqueceria. E nada. Nada de saber quem era. Odeio esses esquecimentos. E principalmente porque se ele se lembrava de mim, eu deveria me lembrar dele também. Só que essa equação não funciona sempre assim.
Aceitei o pedido e o solicitante me perguntou, de cara, se eu me lembrava dele. Disse que sim, mas não saberia dizer de onde. Aí ele me contou toda a história e estou escrevendo isso porque até agora não estou acreditando nesse reencontro. Se é que a gente pode chamar assim.
Vamos às condições de produção: eu estava de volta a Marechal Cândido Rondon, em 2006, depois de passar quatro anos no Rio de Janeiro para cursar o doutorado. Sempre que eu me entediava por lá (isso era muito comum), vinha passar um final de semana em Cascavel para ir ao cinema, para me divertir um pouco.
Eu costumava entrar em sala de bate-papo (de Cascavel) e conheci um cara. Trocamos msn (era um canal de conversa online) e conversamos muito durante muito tempo. Aí, um certo fim de semana, marcamos de nos encontrar aqui. Eu estava hospedado num hotel e ele passou por lá para bater-papo pessoalmente, acontece que ele precisava ir em seguida para Foz do Iguaçu e assim o fez. Conversamos muito pouco, nos vimos apenas aquela vez e nunca mais nos falamos. Sabe-se lá o motivo. Se houve, nem eu nem ele nos lembramos.
Faz dez anos isso. Eu provavelmente não mudei tanto. Claro que fiquei mais velho, barba branca, mas as feições não mudam tanto de 40 para 50 anos, mas ele, certamente mudou. De um pós-adolecente para um homem: isso faz diferença.
Bem, não é nada extraordinário, mas curioso, justamente por ter sido apenas um encontro rápido e único e ainda assim ele ter me reconhecido. Ah, ele me disse que me procurou muito nas redes sociais, mas na falta de um sobrenome era praticamente impossível esse reencontro.
Disse-me também que ao encontra uma conta de email perdida e conseguir recuperar a senha, encontrou por lá, numa troca de mensagem, o meu sobrenome. É isso. A gente pode ficar feliz também com esses encontros. Eu estou.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O buraco sempre é mais embaixo

Uns dizem que chegamos no fundo do poço. Eu acho, porque sou pessimista, que o buraco ainda é mais embaixo. 
Depois da divulgação tardia dos grampos de  Sérgio Machado, pela Folha de São Paulo, em relação à articulação dos políticos do PMDB sobre o impedimento da presidenta Dilma, muito pouco ou quase nada tem sido falado sobre o papel do STF nesse processo.
As escutas trazem informações sobre o envolvimento de ministros do Supremo Tribunal Federal e políticos da oposição nessa articulação, mas, quando esses mesmos ministros são ouvidos, eles falam tão somente sobre a Operação Vaza Jato que não sofreu interferência alguma.
Bem, é verdade que tudo continua funcionando como sempre esteve. É aí que mora o perigo ... porque se continua funcionando como sempre funcionou significa dizer que a forma de apuração vai continuar sendo feita sobre uns em detrimento de outros. Que aquelas tão esperadas respostas sobre o envolvimento de políticos de outros partidos (além do PT), alguns citados em quase todas as delações, continuará sobre o forte impacto do silêncio.
E o Jucá? Basta que ele saia do ministério? Nada mais vai acontecer? E o Senado diante disso? E o Renan? E o Sarney? As máscaras caíram, e...? Tudo certo agora? A Folha divulga e pronto, ela fez o seu papel, volta ao patamar de ser um jornal que fala sobre e ponto final?
Acho de verdade que se não formos para a rua mostrar a nossa indignação com tudo isso, nada vai mudar. Acho também que não vai adiantar nada ficar em casa esperando um milagre porque ele não vai acontecer. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Fico num absoluto silêncio ouvindo-o como se eu, atrás da porta, escutasse um grande segredo. O vento sopra assustadoramente do lado de fora. Ele quer me dizer sobre o que ele faz, sobre o que ele pode fazer. 

sábado, 14 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

O dia que vc quiser lembrar de mim, dê uma olhada no retratinho que tiramos juntos. Eu digo isso porque também tenho medo de que um dia vc me esqueça. Eu também tenho saudades do meu pai, tenho saudades de tudo.

sábado, 7 de maio de 2016

Da Série: Contos Mínimos

Neste sábado, numa manhã qualquer, fria-silenciosa e solitária. Desses dias comuns. Os dias passam em passos largos ao lado da vida.

domingo, 24 de abril de 2016

Me pego cantando sem mas nem porque

Minha mãe, outra vez a minha mãe (Freud deve explicar), tinha umas manias engraçadas. Dentre elas, dona Heloísa não gostava de roupas que a apertassem. As camisetas de ficar em casa eram cortadas de forma que não houvesse gola ou mangas.
Ela não usava, em casa, anéis, cordões, relógios, brincos porque ela se sentia sufocada. E eu achava tudo isso uma grande maluquice. Achava engraçado e, verdadeiramente, acreditava que aquele comportamento era mesmo uma anormalidade.
Bem, tempo vai, tempo vem e eu me pego agindo da mesma maneira e se me dou conta dessa repetição, me transbordo em saudade.
Até pouco tempo eu conseguia ir tranquilamente para a cama de relógio. Não mais. Aquela coisa me pesa no pulso de uma determinada maneira que eu não consigo dormir. É uma luta.
Camisetas que me apertem a cintura, o pescoço, ou os braços são imediatamente descartadas.  Dormir de meia se tornou impossível. 
Em casa, gosto mesmo de roupas largas que me deixem à vontade,  escolho aquelas que não me impeçam os movimentos. Do contrário, me sinto sufocado. Vai me dando uma angústia que ou eu saio daquele lugar ou o meu humor vai por água abaixo.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Com muita frequência

Fazia tempo que eu não sonhava tanto com a minha mãe. Isso tem acontecido frequentemente, nestes dias. Sonhos estranhos e tristes que me deixam mal. A única coisa boa disso tudo, é a sensação de estar verdadeiramente com ela. Sentir a textura da pele, o cheiro, ouvir a voz, o toque. Mas ao acordar uma mistura de alívio e de angústia.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...